segunda-feira, 29 de junho de 2015

COMO PREPARAR UM BOM CAFÉ

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Aluno 54


       Não é preciso ser um barista – aquele cuja especialidade é o café – para preparar um bom café. Existem duas premissas básicas que qualificam a bebida como extremamente saborosa: precisa ser com pó, grãos moídos para passar à moda antiga e precisa ser preparada em um dia tipicamente londrino.
       Esqueça, por favor, o café solúvel. Não tente criar exceções com aquelas marcas que são vendidas no mercado como um Nescafé Gourmet ou um Iguaçu. Tenha sempre em casa pó de café original conservado na geladeira, aquele que vem dos grãos moídos em alguma pequena mercearia de bairro. A preparação da bebida exige alguns apetrechos, então enquanto você os separa pode colocar água para esquentar na chaleira, para saber a temperatura exata, e separar um bule, o suporte para filtro e um filtro. Algumas escolhas são muito particulares, como por exemplo a marca do filtro ou o tipo de bule. A água vai estar pronta um pouco depois de chiar (água quente demais deixa o café muito amargo, e isso não é bom). Então é só organizar: coloca-se o bule e o suporte apoiado nele, então abre-se um filtro e se coloca ali, despejando quatro colheres grandes do pó e em seguida despejando a água quente.
        Como mágica, o líquido preto que já foi chamado de ouro negro (com muita razão), começa a pingar no bule e o cheiro que se espalha pela casa chega a narina como um consolo. Quase se sente o calor da bebida, como um agasalho de lã sendo colocado, só pelo cheiro marcante. Com o café pronto basta escolher uma xícara, adoçar com açúcar, e se acomodar no sofá mais próximo para a melhor parte.
         A cereja do bolo está no clima em que o café é preparado, principalmente se ele for tipicamente londrino. O dia tipicamente londrino consiste naquele dia gelado, no qual sente-se frio da ponta do nariz a ponta dos dedos dos pés, com muita garoa e uma serração que deixa a cidade encoberta por um branco límpido, como se alguém tivesse espalhado bolas de algodão pelo céu.
        Com o dia assim, após preparar seu café fresquinho e se acomodar no sofá mais próximo, o ato de beber café é quase uma demonstração de carinho: o primeiro gole quente e amargo assusta o estômago, como se fosse um estrangeiro tentando encontrar seu lugar, mas o segundo gole é como um abraço; o calor da bebida enlaça o corpo e o aquece, superando o frio da rua e da casa. Agora, esse é um momento íntimo. A combinação do clima com o café passado criam uma esfera até pacífica dentro de casa, como se a bebida fosse sua melhor amiga, pronta para ouvir seu desabafo e te proteger.

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