segunda-feira, 15 de junho de 2015

Como sobrevivo ao TM1

Reescrita
Aluno 47


  A jornada diária até o “Vale Encantado” inicia muito antes de chegar à Avenida Bento Gonçalves. Pegar o ônibus requer muitos estudos, técnicas apuradas e prática.
   O ônibus azul que está dobrando a esquina está com o letreiro fraco e é velho, deve ser ele. Sim, é o TM1. Pego o cartão, rápido, antes que ele chegue, pois depois não terei muito tempo. Seguro firmemente na porta antes de subir. Dou um passo de cada vez com muito cuidado pra não me desequilibrar, pois ele vai arrancar, não posso passar vergonha. Ponho o “TEU Bilhete Metropolitano” na maquininha por 3 segundos e agora fico na ponta dos pés pra mochila não trancar na roleta. Calma, surpreendentemente está tudo dando certo. Uma corridinha pra esquerda, outra para direita, e quase cair em cima da moça que está sentada no banco é normal, pois o ônibus insiste em fazer curvas antes de eu me sentar. Onde está o melhor banco, aquele atrás do banco alto onde é possível prender os pés no ferrinho e, assim, tornar a viagem mais segura? Droga! Está, como sempre, ocupado. Essa será uma viagem complicada.
   Por falta de opção, sento em qualquer banco. Coloco a mochila como peso nas pernas para ajudar contra o impacto das curvas acentuadas no corpo leve que, por lei da física, devido à velocidade e a aceleração centrípeta, tende a voar para o outro lado do automóvel. Ok. Já posso pensar em ocupar meu tempo para fazer dessa viagem um pouco menos chata, tenho que pegar os fones, mas sem tirar totalmente a mochila das pernas, pois o automóvel pode fazer uma conversão brusca, levando-me facilmente ao tombo. Uma sinaleira é o que preciso para realizar a difícil tarefa de encontrar os fones na mochila. Ali está ela, achei, agora o fim da viagem será mais divertido. Ou não, pois existe mais um empecilho... uma moça acaba sentar do meu lado, droga! Claro, isso acontecerá na cidade dos buracos e das curvas acentuadas, digo Viamão. Uma curva para lá, um buraco que me faz cair no colo da moça que está ao meu lado. Sobe, desce, esquerda, direita, direita, esquerda.
   Por incrível que pareça, é possível chegar viva à Bento. Cheguei! Agora só faltam duas curvas, a 80 quilômetros por hora, tentando segurar-me nas guardas sujas e gordurosas dos bancos até descer na primeira parada. Finalmente, estou na UFRGS!

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