sábado, 6 de junho de 2015

Voei, logo mudei.

Aluno 55
Reescrita

      Estava parada no topo de um morro na maravilhosa cidade do Rio de Janeiro com um instrutor que iria me acompanhar durante o voo de asa delta. O instrutor era um desconhecido para mim, pois nunca o tinha visto na vida, mas ele demostrava confiança, falando da segurança da asa delta, de que o vento estava propicio ao voo e que ele estaria me guiando o tempo todo no ar. Ele repetia constantemente para não ter medo e no momento final apenas gritou em meu ouvido:
-Jéssica, está pronta? No três você corre. UM, DOIS E TREEEEEEEEEEEEEEES...
      O meu mundo parou. Minha mente não funcionou. Só corri, corri e pulei. Pulei de um morro de 800 metros de altura com uma invenção humana feita de plástico e metal. Era eu, uma asa delta, o instrutor e uma altura de 800 metros.
      Corri, pulei e voei. Voei sobre uma cidade incrível, foi difícil de acreditar no que meus olhos enxergavam: era uma praia com um mar azul esverdeado, um mar limpo com suas ondas brancas batendo na areia que estava vazia a não ser, visto de cima e muito longe, um pontinho preto que imaginava ser meu pai me esperando, enxergava também pequenas casinhas que não pareciam as mansões que realmente eram.
     Voei como um pássaro, como se não houvesse gravidade, como se o mundo fosse meu. Isso mesmo, o mundo era meu. Eu estava lá em cima olhando tudo tão pequeno, as casas pareciam meros brinquedinhos, as pessoas eram do tamanho de formigas e eu era enorme.
     Enorme como se todo o mundo coubesse na palma da minha mão. Como se todas as construções feitas pelos homens e as pessoas fossem nada. Nada não, mas coisas insignificantes para algo tão enorme como o céu. E foi lá no céu que tive a melhor sensação de toda minha vida.
     Sensação de que eu sou nada, mas tudo ao mesmo tempo. Aquela vastidão me fez sentir como se eu pudesse fazer o que quisesse, só bastava agir. Porém, ver tudo como se não fossemos nada, tão pequeno, me fez perceber que realmente somos meros corpos jogados numa imensidão.
     Entretanto, não acabou nesse ponto o meu voo e minhas divagações, tinha a parte final. Ainda era preciso descer e voltar a sentir um chão. E novamente o meu mundo parou e minha mente não funcionou. Foi vento no meu rosto, o coração acelerado, como se fosse explodir em instantes e gritos do meu instrutor nos meus ouvidos.
-JÉSSICA, DOBRA OS JOELHOS E NO JÁ COLOCA O PÉ NA AREIA E CORRE.
    Não sei se fiz certo, se me mexi, mas pousei graças ao homem que me guiou até o solo. Senti a areia no meu pé e vi meu pai sorrindo para mim. Voltei a pensar, porém não como antes. Eu mudei. Uma viagem de 7 minutos pelo céu do Rio de Janeiro mudou o meu jeito de ver a vida. Agora é tudo tão grande, a imensidão da natureza é muito maior do que eu, e tão pequeno, como se toda a extensão do nosso planeta pudesse ser explorada por mim. Tudo tão significante, pois cada detalhe, cada acontecimento mesmo que seja em questão de segundos é importante e marcante na minha história, mas também insignificante, quem sou eu comparada a natureza, aos animais, as milhões de pessoas, aos litros de água que a Terra possui?

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