1 Versão
Aluno 47
Para pessoas desastradas, a jornada diária do “Vale Encantado” repleto de desafios naturais - degraus, desníveis e raízes de arvores enormes pelo caminho - inicia muito antes de chegar na Avenida Bento Gonçalves. Pegar o ônibus requer muitos estudos, técnicas apuradas e prática.
O ônibus que está dobrando a esquina é velho, deve ser ele. Sim, é o TM1. Pega o cartão, rápido, antes que ele chegue. Segura na porta antes de subir. Isso, um passo de cada vez. Cuidado pra não se desequilibrar, ele vai arrancar, não vai passar vergonha. Põe o “TEU” na maquininha por 3 segundos, agora fica na ponta do pé pra mochila não trancar na roleta. Calma, está tudo dando certo. Uma corridinha pra esquerda, outra para direita, e quase cair em cima da moça no banco do lado direito é normal, pois o ônibus insiste em fazer curvas antes de você se sentar. Onde está o melhor banco, aquele atrás do banco alto onde é possível prender os pés no ferrinho? Droga! Isso mesmo, está, como sempre, ocupado. Essa será uma viagem complicada.
Por falta de opção, senta em qualquer banco. Coloca a mochila como peso nas pernas para ajudar contra o impacto das curvas no corpo leve que, por lei da física, tende a voar de um lado ao outro do ônibus. Ok. Já pode pegar os fones, mas não tire totalmente a mochila das pernas, pois o automóvel pode fazer uma conversão brusca, levando facilmente ao tombo. Uma sinaleira é o que você precisa para realizar a difícil tarefa de encontrar os fones na mochila. Ali está ela, ache-os e o fim da viagem correrá bem.
Ou não, pois uma moça pode sentar do seu lado, droga! Claro, isso acontecerá na cidade dos buracos e das curvas, digo Viamão. Uma curva para lá, um buraco que te faz trocar de lugares com a pessoa ao lado e em poucos minutos torna-as amigas íntimas, sentadas uma no colo da outra. Sobe, desce, esquerda, direita, direita, esquerda. Por incrível que pareça, é possível chegar viva na Bento. Agora só faltam duas curvas tentando segurar-se nas guardas sujas e gordurosas dos bancos até descer na primeira parada. Finalmente, chega na UFRGS!
Quer saber? Vamos pensar positivamente: não precisa ser como ontem, hoje pode ser diferente.
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