quarta-feira, 3 de junho de 2015

Bem-vindo

Reescrita
Aluno 63


Uma e meia. De tarde. E eu aqui, sentada nesse sofá bege. Bege? Ou cor creme? Não importa. Mas a sala de espera é azul, para acalmar. Não está adiantando. Ainda estou servosa, ou seria ansiosa? Não sei, a única coisa que me vem à cabeça são imagens do tamanho, do peso, da cor... Penso se vou gostar dele e se ele vai gostar de mim. Essa sala está parecendo tão grande. E dentro dela estou me perdendo em todos os pensamentos que me fazem imaginar com quem ele será parecido ou não. Será que vou ter coragem de o segurar? Será que seremos amigos? Não sei. Só sei que está demorando muito para me chamarem. Será que aconteceu alguma coisa? Alguma coisa ruim, naturalmente. Não. Para! Nem pensa nesse tipo de coisa, guria! Está tudo bem e logo vão te chamar. Mais 10, 15 minutos se passaram. E, finalmente: a porta abriu! É a enfermeira que, com um sorriso no rosto, está dizendo que posso entrar. O sorriso dela me acalma, porque me parece uma faixa em seu rosto que diz: “Entre. Está tudo bem. Ele é lindo!”. Mas, mesmo assim, não sei se consigo. Claro que consigo! Certo. Tudo bem. Estou indo. As mãos suando. O coração batendo rapidamente. Entrei no quarto. A primeira visão que tenho é de um lugar calmo. Ela está deitada sobre a cama hospitalar e ao seu lado um berço. Mas parece vazio. Está vazio? Um passo a frente e: não, não está vazio! Tal pensamento só pode ter me passado pela cabeça por conta do nervosismo. Afinal, por que a enfermeira me recepcionaria sorrindo se ele não estivesse lá? Mas ele está lá. Pequeno. Quase gordinho. Os poucos cabelos que lhe cobrem a cabeça são escuros. Os olhos cerrados e todo o resto do corpo coberto por um fino cobertor azul. Deve ser para acalmar, afinal, ele parece calmo. O nervosismo se vai e a alegria me envolve. Abro um leve sorriso emocionado e o dou um beijo que quer dizer: bem-vindo ao mundo, meu irmão!

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