sábado, 20 de maio de 2017

Parecer_Aluno143

143, o tema central do teu texto parece ser a superação da tua dificuldade com a escrita. Achei bem legal tu falar disso. É possível que teu tema fique mais nítido se tu detalhar melhor ele ao longo do texto através de reflexões e imagens concretas. É possível começar já no primeiro parágrafo, explicitando melhor em quais questões era a tua dificuldade. No segundo parágrafo pude enxergar teu caderno com as observações do professor, e isso dá mais valor pra tua história! Fiquei com uma questão para te perguntar: será que é interessante chamar de “deficiência” o teu problema com a escrita?
No terceiro parágrafo, seria interessante que inserisse mais imagens concretas e reflexões! Reflita com calma sobre esse parágrafo, tem bastante informação aí! É possível fazer uma “limpeza” no texto quando se trata da reescritura. Nesta limpeza, observamos quais elementos são realmente importantes para o argumento central que gostaríamos de colocar e quais podem ser cortados fora. Assim, o leitor será conduzido por nós através da história, e quando terminar de ler, restará em sua mente alguma impressão sobre ela. Por outro lado, se listarmos muitas coisas de forma superficial o leitor pode não se lembrar de mais nada ao fim da história, ou também pode não chegar até o fim.
Lembra que o parágrafo final serve para “fechar o texto”, ou seja, serve para terminar de costurar o argumento que vem sendo colocado ao longo da tua escrita. O que achas de elaborar melhor o teu final?
No que diz respeito aos aspectos formais, atente à grafia de “existe”, no segundo parágrafo, e também tome cuidado com a acentuação.
Os parágrafos segundo e terceiro possuem períodos excessivamente longos. Utiliza pontos. Divide teus argumentos! Não te assusta com este parecer, e aproveita a arte de escrever, que envolve muitas releituras e reescritas!
Se julgares necessário, procura a ajuda das bolsistas para sanar as tuas dúvidas!


A superação do Escrever

Reescrita
aluno 143


Entre meus 10 e 15 anos a escrita foi algo que me preocupava bastante, pois eu tinha muita dificuldade em questões que pareciam obvias para todos como, por exemplo, a regra do M que vem antes do P e B, era um erro que cometi durante meu ensino fundamental inteiro. Eu sabia que conseguiria mudar essa situação através da minha força de vontade e levando comigo todas as criticas para melhorar constantemente.
Durante meu ensino fundamental o que me temia eram as aulas de português, porque em quase todas as aulas era solicitado para elaborarmos uma redação e tinha muito medo de escrever, pois sabia que era horrível com a escrita e mesmo tendo esse medo todo, nunca procurei evoluir. Minha professora sempre tomava nota da regra, colocava sempre uma anotação atrás da minha folha de redação, já fui solicitado por ela para escrever em uma folha de caderno a regra repetidamente que de alguma forma me constrangeu muito fazer aquilo.
A professora nunca me apresentou dicas para eu melhorar, apenas falava e apontava meu erro na frente dos demais colegas, me recordo que um dia tive que escrever no quadro bem grande a bendita regra e aquela sena me marca até hoje, pois ainda consigo ouvir as risadas e sussurros perguntando como eu errava tanto algo tão fácil, mas era dessa maneira que a professora via que ia me ajudar me colocando de frente com meu próprio erro, mesmo eu não acreditando que isso seria eficaz, porque para dizer a verdade fiquei com mais medo e vergonha daquilo tudo. Então vendo que não teria uma ajuda eu fui buscar da minha própria evolução, pois não queria passar por aquilo novamente.
Fui à procura de como melhorar minha escrita, através de livros, leituras na internet e qualquer outro mecanismo que me ajudasse, foi então que me deparei com a seguinte frase “É escrevendo que se aprende” partir dai pensei em integrar dois aspectos fundamentais, o ler e o escrever. Eu comecei escolhendo leituras que gostava, fazia uma leitura mais calma, lendo e analisando palavra por palavra e logo após eu escrevia tudo que havia compreendido, fazia resumos dos livros para praticar a escrita. No início lembro que foi bem difícil, porque não conseguia terminar as leituras, mas aos poucos fui me apegando nessa pratica e comecei a perceber que o ler e o escrever andam juntos, foi algo que coloquei para mim como obrigatório em fazer esse exercício, porque sabia que só assim iria melhorar. Vi que com tudo isso que minha pratica estava dando resultados, comecei enxergar o português e os textos não como algo de se ter vergonha em produzir e sim algo para estar em constante aprendizado.
Acredito que dúvidas, problemas, por mais simples que seja todos temos, o que não podemos fazer é desistir, por mais que tu encares risos, humilhação, temos que nos reerguer e lutar contra, correr atrás para que possamos verdadeiramente aprender e isso tudo tem que partir de você mesmo, pois não podemos esperar pelos outros, só assim vamos superar e sair vitoriosos e quem sabe até mesmo nos tornarmos professores.




A superação do Escrever

Aluno 143
1 versão


Entre meus 10 e 15 anos a escrita foi algo que me preocupava bastante, pois eu tinha muita dificuldade em questões que pareciam obvias para todos, mas que para mim foi se tornando um grande desafio na hora de produzir um texto. Eu sabia que conseguiria mudar essa situação através da minha força de vontade e levando comigo todas as criticas para melhorar constantemente.
Na nossa língua portuguesa existi uma regra que foi dita durante todo o meu ensino fundamental, a mesma me perseguia até nas observações no meu caderno e nos meus textos que o professor corrigia com a seguinte frase “M vem antes P ou B” lembro das risadas de colegas, pois eram sempre os mesmo erros no qual meus textos ficavam sem sentidos e completamente errados como apontava no parecer final. Não possui nenhuma ajuda ou auxilio para sanar essa deficiência, mas acredito que a partir desses acontecimentos foi então que comecei realmente escrever.
Fui à procura de livros, leituras na internet e qualquer outro mecanismo que me ajudasse, foi então que me deparei com a seguinte frase “É escrevendo que se aprende” depois que li fui para o caderno começar a colocar em prática tudo que lia, fazendo textos, leituras que gostava e outras nem tanto, mas digo que as que eu menos gostava foram as que mais me ajudaram a escrever, pois eram leituras didáticas, contudo eu comecei a gostar muito dessa pratica, resumir e colocar minha opinião, lembro que esses textos feitos em casa eu não levava para minha professora olhar em primeiro momento e sim a minha irmã que sempre me incentivava a escrever melhor. Logo quando vi que minha pratica estava dando resultado, comecei a enxergar o português e os textos não como algo de se ter vergonha em produzi-los e sim algo para estar em constante aprendizado.
A partir disso comecei a me sentir mais seguro, pronto a entregar todas as redações propostas, comecei a comparar textos com meus colegas, discutir temas e participar de sarais e até ajudar alguns deles, pois a superação eu conquistei, aprendi que através dos erros sempre tem um ensinamento, no qual não posso guardar para mim e sim repassar para aqueles que por algum motivo se sentem inseguros ao escrever.

Parecer_Aluno183

PROPOSTA 1

          Você se propõe na introdução a apresentar a sua trajetória com a escrita começando nos primeiros anos da escola e você, ao longo do texto, cumpre com a sua proposta. No entanto, você só apresenta experiências suas com diferentes tipos de escrita e acaba não falando sobre, de fato, como aprendeu a escrever. Além disso, o seu texto não possui uma unidade temática, pois as experiências que você conta não possuem ligação nenhuma, deixando o texto parecido com uma listagem de acontecimentos desconexos.
            Note que no seu segundo parágrafo você começa ele contando que, quando criança, tinha uma grande curiosidade em saber o que estava escrito nas placas, e termina ele abordando um novo assunto: a sua experiência com a escrita a partir de imagens. Esses acontecimentos podem aparecer no seu texto, desde que eles tenham algum tipo de ligação, se não seu texto não tem um começo nem um fim.
            O mesmo acontece no terceiro parágrafo do texto, no qual você inicia contando sobre a escrita do seu ensino médio e termina falando sobre as suas redações de vestibular. Perceba, novamente, que essas experiências não se conectam entre si, a não ser pelo fato de que aconteceu uma após a outra.
            Sugiro, então, que você escolha uma dessas experiências para desenvolver melhor no decorrer do texto, assim, com um acontecimento principal em torno do qual se relacionam eventos secundários, seu texto terá um tema que se mantém do início (introdução) ao fim (conclusão) sem contradições ou dispersões.
            Ainda como sugestão, eu diria para que você tentasse exemplificar com mais concretude essas experiências, porque assim o leitor vai conseguindo visualizar o que o texto está querendo dizer. Em passagens como a última frase do último parágrafo que diz “além de, escrever, na maioria das vezes, de maneira muito padronizada”, lembre-se que o leitor pode não ter exatamente a mesma visão que a sua do que é uma maneira padronizada, se você exemplificar, não haverá risco dele não compreender o que você quis dizer.
             Por fim, sugiro que você revise alguns aspectos formais do texto de pontuação e formatação.

Boa reescrita!

Escrevendo o que vê

Reescrita
Aluno 183



Quando era criança tinha diversos livros infantis, dos quais, por não ser ainda alfabetizada, não lia nenhum. Porém folheava-os muitas vezes imaginando histórias para as personagens a partir de imagens.
     Já alfabetizada, tive uma professora que cobrava de mim e dos meus colegas fazer pequenos textos sobre passeios escolares, férias e fim de semana. Mas creio que outra de suas tarefas me iniciou na escrita. Essa tarefa consistia em escrever um texto para imagens que ela nos dava, algo que já gostava de fazer, sem pretensões, quando mais nova.
      Lembro-me, que em uma das imagens que ela dera, havia um livro jogado em uma calçada num dia de chuva, fiz o livro virar uma personagem, que estava muito triste, mas que logo foi achado por uma família que “adotou” ele. Além disso haviam algumas descrições no texto, como sobre o que o livro tratava, de quem o jogou fora e quem acolheu.
     Considero esse fato o meu início na escrita pois creio que foi a primeira vez que criei algo que me foi prazeroso fazer e que estimulou minha criatividade. E se tivesse continuado a fazer esse exercício teria uma bagagem e uma facilidade bem maior na escrita.
Aluno 183
1 versao


A minha experiência de escrita é, praticamente, toda de maneira acadêmica, começando nos primeiros anos da escola. E passando por diferentes tipos de escrita.
           Quando era criança, tinha uma grande curiosidade sobre o que estava escrito em placas, revistas e, principalmente, nos meus livros infantis, nos quais, até então, eu só olhava as imagens e imaginava as histórias. Após aprender o ensino básico, ler e escrever, era pedido pelas professoras que fizesse pequenos textos sobre minhas férias, meu fim de semana, ou meus passeios escolares, e disso eu não gostava muito. Até que tive uma professora, na quarta ou quinta série, que nos dava imagens sobre as quais devíamos escrever e eu comecei a criar histórias para elas, frequentemente, dava vida aos objetos inanimados, achava isso muito divertido e adorava fazê-lo.
          Já durante o ensino médio, aquele tipo de escrita não cabia mais, mas nos era pedido textos mais conteudistas, principalmente, para trabalhos de matérias como história, geografia, biologia. Então, muitas vezes, sem nenhuma preocupação, somente copiávamos de sites na internet as matérias, entretanto isso não nos causava problemas pois o que mais importava para meus professores era decorar os conteúdos e não, propriamente, criar um texto. E no curso pré-vestibular, escrevia redações ,semanalmente, que, na verdade, pareciam todas iguais, como se houvesse uma receita para escrever elas.
          Portanto, sempre escrevi de acordo com a necessidade da situação, nem sempre da maneira que queria, nem sempre da maneira mais prazerosa. Além de, escrever, na maioria das vezes, de maneira muito padronizada.

H maiúsculo

Aluno 148
Reescrita


Existe uma convicção geral dentro do meio histórico, que nos é ensinada na escola, de que a Pré-História se torna História propriamente dita com o surgimento da escrita. Embora possam haver discordâncias teóricas sobre esta afirmação, quando penso sobre ela lembro de minha própria realidade pois, desde que me conheço por gente, tenho memórias minhas relacionadas ao ato de escrever.
Nesse caso, a minha Pré-História se resumia em andar o tempo todo pela casa com um livro na mão, denominado Introdução à Prática Amorosa, do Moacyr Scliar, o qual eu chamava de “livro do olho”, pois só era capaz de compreender as imagens como a da capa, que continha um desenho de um olho nela. Naquela época eu não sabia quem o tinha escrito, nem que era um grande autor, porque com mais ou menos cinco anos de idade isso não importa; o que importava realmente era que eu podia fazer o que quisesse com aquele livro, seja olhar as imagens por longas horas ou riscar coisas aleatórias nas partes em branco, pouco me importavam as letras grudadinhas que preenchiam as páginas.
Ao longo do tempo, devido à disposição mágica do ser humano de assimilar a linguagem, as letras grudadinhas às quais eu não dava importância foram aos poucos tomando forma, e logo o hábito de riscar coisas aleatórias deu lugar ao de transpor o que eu lia nas páginas para as partes em branco. A partir desse momento minha História começava a ser construída de fato e não demorou muito para eu começar a ouvir exclamações eufóricas dos meus familiares, como “Olha! Ela já tá escrevendo!”, seguidas de muitos tapinhas nas costas e afagos na cabeça de congratulações.
Conforme fui crescendo, minha habilidade de escrita foi de mera repetição de palavras para formação de frases, evoluindo ao longo dos anos, mas eu ainda não sabia quem era Moacyr Scliar. No dia 27 de fevereiro de 2011, agora no final dos meus doze anos, assistindo ao Jornal do Almoço com a minha mãe vi que um grande escritor tinha
falecido e foi então que ela gritou da cozinha: “Ele que escreveu o livro do olho!”. Porém, enquanto falavam muito bem de suas obras, pensei comigo o quão grande de um escritor ele poderia ser, para darem seu livro para uma criança de menos de cinco anos massacrar. Esse pensamento ficou guardado no fundo da minha mente e sempre vinha à tona quando, anos depois, li outras de suas obras, mas agora percebo que não importava se ele era um grande escritor ou não, mas sim que aquele nome que constava na capa rosa do “livro do olho”, com sua história, formou a minha com H maiúsculo.

Parecer_aLUNO148

Proposta 1:
148, sua introdução está bem interessante, mas os seus parágrafos não conversam entre si. Cada um deles parece introduzir um novo tema. Faça-se a pergunta: que faceta do meu aprendizado quero destacar para o leitor? Tente encontrar essa faceta, e aposte nela como unidade temática. Podes discorrer sobre a diferença entre saber escrever e saber comunicar com as palavras, por exemplo, questionamento este que você coloca no parágrafo final. OU podes seguir na sua ideia da introdução, de que a existência da escrita divide pré-história e história. Escolha apenas UM tema!
O seu segundo parágrafo tem relação com o questionamento que você coloca ao final do texto, porém de forma superficial. Desenvolva o seu tema, oriente o leitor através do seu texto com exemplos, reflexões e informações concretas. Aproveite as imagens que você coloca para auxiliarem na sua argumentação! Seu terceiro parágrafo está um tanto desconexo com o restante do texto, e apresenta informações superficiais. O leitor que não lhe conhece não sabe qual era o encantamento infantil que você tinha com as palavras, por exemplo, e não entende como se deu esse processo de “não saber mais escrever”.
No seu parágrafo derradeiro, você fala mais sobre esta diferenciação entre saber escrever e saber comunicar com as palavras. Tente colocar essa reflexão mais presente ao longo do texto, para não ficar a sensação de que apenas no final você resolve falar disso. Convide o leitor a refletir junto com você sobre esse aspecto!
No que diz respeito aos aspectos formais, cuide com as vírgulas do teu texto! E perceba que na primeira linha você fala: “é nos ensinada”, mas a forma correta seria: “nos é ensinada”.

Boa reescrita!

Como comecei/aprendi a escrever

Aluno 148
1 versao


Existe uma convicção geral dentro do meio histórico, que é nos ensinada na escola, de que a Pré-História se torna História propriamente dita com o surgimento da escrita. Embora possam haver discordâncias teóricas sobre esta afirmação, quando penso sobre ela lembro de minha própria realidade pois, desde que me conheço por gente, tenho memórias minhas relacionadas ao ato de escrever.
Desde muito pequena eu vivia com livros na mão, mesmo na época em que as únicas coisas que eu compreendia neles eram as figuras, não o que estava escrito. Mas quando eu miraculosamente descobria o significado de alguma palavra, passava a escrevê-la repetidamente em qualquer papel que aparecia no caminho, me sentindo muito inteligente e agindo como se aquela palavra fosse a coisa mais incrível do mundo. Meus pais e familiares falavam com alegria “Olha! Ela já tá escrevendo!” e na minha concepção da época, com mais ou menos 6 anos, eu realmente estava.
Conforme fui crescendo o conceito de escrita apresentou-se de forma diferente e, de repente, a menina prodígio não sabia mais escrever. O encantamento infantil que eu tinha com as palavras ficou em segundo plano, dando lugar à visão mecanizada da escrita, que deveria ser feita sob regras, em formato rígido, sempre com uma finalidade e atrelado a uma nota, a uma obrigação.
Se me perguntarem hoje se sei escrever, provavelmente pensarei um pouco na resposta pois, durante a vida, tive que aprender a escrever duas vezes. Tenho duas mãos perfeitamente funcionais, capazes de segurar um lápis ou digitar, logo sei grafar palavras. Mas será que com essas mesmas mãos consigo escrever um bom livro ou poema?

As várias formas que eu (não) aprendi a escrever

Reescrita
Aluno 117


Talvez eu não tenha aprendido a escrever, foi-me imposto. Eu era pequeno, estava na escola, a professora debruçava as letras no quadro e eu copiava. Aquela letra emendada, toda agarradinha consigo que escrevia a forma caligráfica de um pato, aquela velha forma P A T O. Assim eu comecei a escrever, ou não, assim eu comecei a copiar o que ela me dizia. Eram palavras soltas no quadro, caderno, livro, casa, rua, agenda, os locais tinham palavras soltas que eu apenas copiava. Eu copiava, não escrevia.
Foi com o passar do tempo que aprendi a escrever, não meramente transpor a história da professora para o meu caderno, mas sim criar eu mesmo algo com as minhas próprias palavras. Sétima série eu participei dum concurso de poesia, a minha própria poesia foi declamada por mim mesmo, aquele grão de pessoa jogando para fora algo que escreveu, ali eu tive a primeira prova concreta de que eu escrevia.
Entretanto, isso não bastava, para escrever era necessário mais, não que eu soubesse como obter essa adição na habilidade da escrita, logo o tempo me mostrou como desmitificar as palavras e usá-las a meu favor. Usei-as como confidentes, amantes, joguei com elas e com os objetos que me cercavam, desde a crise no casamento de meus pais, até os dois corpos mortos que vi. Tudo registrado naquelas letras cursivas em cadernos amassados guardados ao fundo da segunda gaveta do armário do quarto.
As palavras foram vindo a mim de formas diferentes, seja pelos textos excessivamente plagiados pelo quadro da professora, até as novas e encantadoras que vinham a mim pelos livros que meu pai me fornecia a cada viagem que realizava.
O tempo passou, não copio mais textos de quadros negros com giz branco, não debruço meu braço sobre o caderno e escrevo uma fábula ditada. Agora eu escrevo, eu realmente escrevo, eu coloco a música que eu mais gosto, visto as mágoas num um belo casaco, bebo os sentimentos como suco de limão, uso a lascívia que sobrou da minha vida e vomito: eu aprendi a escrever.

Parecer_ALuno117

Proposta1


Sua abordagem sobre as formas que (não) aprendeu a escrever é muito interessante, porém, justamente por ser mais de uma forma, há um desvio de tema central. A princípio me pareceu que a unidade temática do texto seria o fato de você não ter começado a escrever, mas sim copiar. No entanto, a partir do terceiro parágrafo, notei a ideia de uso da escrita como sustentação/necessidade.
Essa duplicidade se deve ao fato de seu texto traçar uma linha do tempo: você começou copiando as palavras e hoje escreve porque precisa. Destaco que o interlocutor precisa de um tema que o guie do início ao fim, que acompanhe o texto, mesmo que ele tenha uma ordem cronológica. Além disso, é preciso dar atenção à tarefa de descrever “como aprendi/comecei a escrever”.
Sugiro que você se questione: “para abordar minha iniciação à escrita, qual será meu tema central?”, e a partir disso defina quais as informações que são relevantes a esse tema. Como disse, é muito interessante você abordar o aprendizado da escrita com a peculiaridade do “não-aprendizado”, que tal destacar isso da introdução à conclusão? Veja bem, você não precisa deixar de abordar a necessidade de escrever, mas sim deixar isso claro como tema central, se for a faceta que quer mostrar.
Você tem a preocupação de dar dados concretos ao interlocutor e isso é muito bom. No entanto, note que algumas delas podem gerar confusão. No trecho, na introdução, “aquela letra emendada, toda agarradinha consigo que escrevia a forma caligráfica de um pato”, você quis se referir exatamente a quê, na parte grifada? Isso poderia ficar mais claro ao interlocutor e valeria investir nesse ponto de vista.
Acredito que suas abordagens são peculiares e interessantes e, sendo uma delas melhor desenvolvida como tema central, o texto ficará claro ao interlocutor; dessa maneira, o leitor/interlocutor poderá visualizar melhor porque você não aprendeu a escrever, mas teve porque era necessário.
Boa reescrita!

As várias formas que eu (não) aprendi a escrever

Aluno 117
1 versão


Talvez eu não tenha aprendido a escrever, foi-me imposto. Eu era pequeno, estava na escola, a professora debruçava as letras no quadro e eu copiava. Aquela letra emendada, toda agarradinha consigo que escrevia a forma caligráfica de um pato. Assim eu comecei a escrever, ou não, assim eu comecei a copiar o que ela me dizia. Eram palavras soltas no quadro, caderno, livro, casa, rua, agenda, os locais tinham palavras soltas que eu apenas copiava. Eu copiava, não escrevia.
Foi com o passar do tempo que aprendi a escrever, não meramente transpor a história do menino maluquinho para o meu caderno, mas sim criar eu mesmo meu menino maluquinho ou, ainda melhor, criar algo com as minhas próprias palavras. Sétima série eu participei dum concurso de poesia, a minha própria poesia foi declamada por mim mesmo, aquele grão de pessoa jogando para fora algo que escreveu, ali eu tive a primeira prova concreta de que eu escrevia.
Entretanto, isso não bastava, para escrever era necessário mais, não que eu soubesse como obter essa adição na habilidade da escrita, logo o tempo me mostrou como desmitificar as palavras e usá-las a meu favor. Usei-as como confidentes, amantes, joguei com elas e com os objetos que me cercavam, desde a crise no casamento de meus pais, até os dois corpos mortos que vi. Tudo registrado naquelas pequenas letras cursivas de cadernos amassados.
Por causa de seu emprego, meu pai estava sempre viajando na minha infância, cada local que passava, cada cidade que entrava, ele me trazia um livro de alguma livraria daquele local. Eu também aprendi a escrever com ele, cada pequena palavra que foi descoberta naquelas leituras, naqueles milhares de livros que agora ficam encaixotados num armário alto, esquecidos.
O tempo passou, meu pai não compra mais livros quando viaja, não vejo mais meus pais com frequência. Agora, eu compro meus próprios livros, escrevo sozinho nos milhares de cadernos espalhados pela casa, uso as palavras como sustentação.
Eu não aprendi a escrever. Eu precisei. Era necessário.









Talvez tenha sido estúpido, porém, enquanto palavra ela não feria tanto quanto ação. A memória é fraca perto da palavra em si.

Vi meu avô morrer na minha frente; meu vizinho vidrou sua retina dentro da minha alma e atingiu partes que nem sabia que existiam. Escrevi. Senti a dor de ser perseguido pela memória. A dor da memória. A dor que não se apaga. Não se desvai.
Eu necessitava armazenar as coisas que eu sabia
The wonder of you
Eu perdi tudo que eu amava
Tudo
Não restou nada
Nem ninguém
Nem nunca restará
Nem nunca restou
Nem nunc restará
Nem nunca restou
Nem nunca restará
Nem nunca restou
Nem nunca restará
Nem nunca restou

Como comecei a escrever

Reescrita
aluno 122


Comecei a escrever porque comecei a ler: um foi consequência do outro, como a transição esperada do engatinhar para o andar, ou do ato de somar e subtrair números para então aprender a multiplica-los e dividi-los. Li tudo o que as bibliotecas tinham a me oferecer: primeiro os gibis da Turma da Mônica, em seguida a vasta coleção do Sítio do Picapau Amarelo, chegando finalmente aos livros mais maduros e aos grandes clássicos da literatura.
Com a leitura, começou a crescer em mim a vontade de criar minhas próprias histórias, meus próprios mundos e personagens, primeiro por pura experimentação, depois por diversão e futuramente por meta pessoal. Queria que nascesse de mim um Cebolinha com planos infalíveis, uma Emília mandona e desdenhosa ou até uma Capitu com olhos de cigana oblíqua e dissimulada. De início, minhas produções se resumiam a contos de fada parodiados, escritos em folhas de caderno e reservados apenas aos olhos de minha mãe; aos poucos, passei para as crônicas e para o computador, buscando a aprovação de professores e outros leitores. O leitor em mim ia pacientemente moldando o escritor que ansiava por se erguer.
Assim, minha escrita alimentou-se de minha leitura – deu-se certo processo “antropofágico”, por assim dizer. Como era para Caio Fernando Abreu, escrever, para mim, tornou-se algo como “colocar um dedo na garganta” depois de uma farta refeição literária: minha produção absorvia as de outros, extraindo delas defeitos e qualidades, cruzando referências e encontrando inspiração para criar construções textuais inteiramente novas. Busquei, dessa forma, desenvolver um estilo próprio de escrita a partir do que eu aprendia com o trabalho de outros autores, que já possuíam a proficiência por mim almejada. Minha principal motivação – de profissão, de vida – tornou-se a delicada tarefa de peneirar esse vômito e transforma-lo em algo bom, concreto, único, sempre motivado pelo que eu lia.
Passei a querer que minha escrita despertasse nos outros o mesmo que a leitura despertava em mim, que transmitisse uma mensagem, que, afinal, fizesse diferença. E, do mesmo modo que a leitura, minha escrita se revelou um caminho sem volta, seguindo infinito e sinuoso por entre as letras.

Parecer_ALUNO122

PROPOSTA 1

O seu texto é muito interessante, existe uma clara unidade temática que parte da ideia de escrita como consequência da leitura, mantida do início ao fim: mesmo o texto seguindo uma ordem cronológica, há uma conexão direta dos dados com o tema central. Em outras palavras, há uma preocupação em guiar o leitor ao entendimento do fato que você destaca logo na primeira frase do texto, “Comecei a escrever porque comecei a ler (..)”.
Os parâmetros que você utiliza conseguem, de fato, ilustrar a mensagem que pretende passar ao interlocutor. As referências aos personagens literários, por exemplo, são muito importantes para que se imagine uma relação concreta entre leitura e escrita. Na conclusão, você cita Oswald de Andrade e Caio Fernando Abreu, inserindo duas informações que podem ser – e são – bem desenvolvidas. Porém, abordando apenas uma dessas informações, o desenvolvimento pode ser mais objetivo.
Portanto, minha sugestão refere-se justamente às referências utilizadas na conclusão. Note que o último parágrafo é o que tem a maior quantidade de períodos e inserção de novas informações. Parece que o “dedo na garganta” de Caio Fernando Abreu faz uma ótima conexão com o tema central, quem sabe você prioriza essa referência desenvolvida na conclusão para agregar mais objetividade e concretude ao seu texto?

Boa reescrita!


Como comecei a escrever

1 versão
Aluno 122


Comecei a escrever porque comecei a ler: um foi consequência do outro, como a transição natural de engatinhar para andar, ou de somar e subtrair números para então aprender a multiplica-los e dividi-los. Li tudo o que as bibliotecas tinham a me oferecer: primeiro os gibis da Turma da Mônica, em seguida a vasta coleção do Sítio do Picapau Amarelo, chegando finalmente aos livros mais maduros e aos grandes clássicos da literatura.
Com a leitura, começou a crescer em mim a vontade de criar minhas próprias histórias, meus próprios mundos, meus próprios personagens, primeiro por pura experimentação, depois por diversão e futuramente por meta pessoal. Queria que nascesse de mim um Cebolinha com planos infalíveis, uma Emília mandona e desdenhosa ou até uma Capitu de olhos de cigana oblíqua e dissimulada. De início, minhas produções se resumiam a contos de fada parodiados, escritos em folhas de caderno e reservados apenas aos olhos de minha mãe; aos poucos, passei para as crônicas e para o computador, buscando a aprovação de professores e outros leitores.
Assim, minha escrita alimentou-se de minha leitura; deu-se certo processo “antropofágico”, como seria para Oswald de Andrade. Minha produção absorvia as de outros, extraindo delas defeitos e qualidades, cruzando referências e encontrando inspiração para criar construções textuais inteiramente novas. Como era para Caio Fernando Abreu, escrever, para mim, tornou-se algo como “colocar um dedo na garganta” depois de uma farta refeição literária. Minha principal motivação – de profissão, de vida – passou a ser o ato de peneirar esse vômito e transforma-lo em algo bom, concreto, único. Passei a querer que minha escrita despertasse nos outros o mesmo que a leitura despertava em mim, que transmitisse uma mensagem, que, afinal, fizesse diferença. E, do mesmo modo que a leitura, minha escrita se revelou um caminho sem volta, seguindo infinito e sinuoso por entre as letras.
Reescrita
Aluno 144



Posso me lembrar que era um dia calorento, mas eu era inocente demais para reclamar do calor. Qualquer que seja a estação, ela é capaz de alegrar uma criança que, independente da circunstância, faz a sua própria diversão. Eu era daquelas crianças raras de se encontrar hoje em dia: onze anos, uniforme escolar sujo nos joelhos, cotovelos ralados, unhas roídas, seca como uma tábua. Eu era, é claro, tão alheia à tecnologia, que passava as horas do recreio guerreando com os coquinhos das árvores do colégio e os meus colegas de classe.
Por falar em colégio, foi justamente esse o cenário, e mais precisamente um lugar conhecido como biblioteca, que até aquele momento eu desconhecia. Também não era uma grande biblioteca, pois as escolas públicas não possuem grandes bibliotecas, mas era um lugar aconchegante, com livros de folhas amareladas, cheiro de papel antigo e, nos dias de sol – mesmo o mais quente de todos – era belo observar seus raios vazarem a cortina cor de pêssego e atingirem a grande mesa de madeira envernizada. A coisa mais tecnológica que tinha naquela biblioteca era um telefone fixo, de cor branco-amarelado e com um fio longo e enrolado. Eu, particularmente, nunca o ouvi tocar, e sempre achei que ele era programado para obedecer ao grande aviso de silêncio colado em uma das três estantes.
Lembro-me bem: em minha primeira aula de Português da 5ª série conheci este mágico lugar. Eu e meus 36 colegas de classe, todos assustados com a exclamação da professora:
- Cada um de vocês deve escolher um livro, lê-lo ao longo do mês e devolvê-lo à biblioteca, junto com um resumo do mesmo. – Mas eu mal podia ouvi-la. Só pode me entender completamente aquelas meninas que, ao olharem para uma estante repleta de livros pela primeira vez, duas ou três vezes maior do que ela, descobrem que o mundo é bem maior que o seu quintal. Aquelas estantes, forradas de livros de um lado a outro, consistiam numa imensa fonte de prazer e curiosidade, fazia minhas mãos suarem e uma grande dúvida se abater sobre mim: afinal, qual deles eu poderia escolher? Só senti algo assim novamente quando dei o meu primeiro beijo, e ainda assim aqueles livros me ofereceram muito mais emoção do que um beijo juvenil é capaz de ofertar.  
Daquela maneira, eu corria as mãos pelas estantes. Curiosa, animada, indecisa e, confesso, com uma adrenalina incontida que me fazia falar mais alto do que o permitido. A bibliotecária, sem pena, erguia as pupilas penetrantes por cima dos óculos de coruja e levava o dedo à boca de tal forma pedindo silêncio que não demorou muito e ela decorou meu nome. Poder ter tantos livros assim, ao meu alcance e prontos para serem lidos era a maior novidade. Lembro-me de ter lido A Ilha Mágica em pouco mais de dois dias, e meu sangue fervilhava de emoção. Eu tinha sido transportada para uma ilha misteriosa com crianças que – eu cria – eram iguais a mim: uma garota rodeada por cinco primos em uma fazenda distante de qualquer cidade, que após ver uma luz misteriosa no cume de uma montanha brilhar toda noite, decidem averiguar o que é. Após alguns dias de viagem e acampamento, entram na montanha por uma caverna, onde descobrem ouro, pedras preciosas, um rio de águas límpidas e, principalmente, seres de outros tempos morando ali. Após a leitura, sentei-me para resumir. Mas naquela época não resumi tão bem quanto fiz agora, oh não! O que era para ter sido um resumo transformou-se numa história: meu primeiro texto infanto-juvenil de 72 páginas: a Ilha da Amizade, escrito a mão em folhas de sulfite dobradas ao meio que eu recolhia onde encontrasse – minha família não tinha dinheiro para comprar – e com ilustrações de minha autoria. Eu ainda me dava ao trabalho de encadernar. Criei minhas próprias personagens, que eram mais do que isso, eram meus amigos, e juntos vivemos uma aventura em uma ilha que, em sonhos, eu desejava que fosse real. E foram. As ideias fluíam de tal forma e tão deliciosamente, que todo meu tempo livre era gasto na escrita. Eu carregava minha pequena bolsa com papeis e caneta para todo canto, e não importava onde eu estivesse que, se uma ideia surgia, ela era imediatamente escrita.
É claro, não obtive a nota do resumo. Mas em contrapartida isso inspirou a professora a nos dar um trabalho diferenciado durante aquele bimestre: cada um deveria criar um livro, mesmo que escrito a mão (pois não tínhamos muitos recursos), e encaderná-lo. No fim, ele seria doado à biblioteca.
Desta forma, o tempo foi passando. Com a adolescência ganhei um computador, mas a internet só veio anos mais tarde. Então, sem redes sociais ou nada mais que eu pudesse fazer, punha-me a escrever quase que diariamente. Assim, mais um infanto-juvenil surgiu: O Guardião, de linguagem fluida e simples, sobre dois monstros apaixonados por uma indefesa moça e que por ela eram capazes de fazer tudo, livro este que tenho arquivado até hoje. Escrever com música era fundamental para a história existir, e aquelas personagens eram tão reais que, quando me dei por conta, me descobri apaixonada por aquele monstro de coração mole e ar descolado que eu mesma criei, cujo toque só pude sentir em pensamento. Desta forma eu escrevia, criava meus amigos, meus inimigos, criava uma vida alternativa para poder viver, textos que são eternos em minha memória.
            Orgulho tenho e sinto quando penso que, não muito longe daqui, alguma criança pode estar naquela mesma biblioteca, sentindo o raio do mesmo sol tocar sua pele, e quem sabe?, talvez se apaixonando pelo mesmo monstro que eu...

PARECER_ALUNO144

 Proposta 1:

Aluno 144, que lindas e tocantes as descrições que tens para compartilhar da tua  infância! Para que teu texto fique ainda melhor, alguns ajustes ainda são possíveis. Tua ambientalização da infância ficou ótima, mas é necessário que introduzas o teu tema mais ao longo do texto. Discorre melhor sobre teu deslumbramento com a biblioteca e os livros, e sobre tua “escrita acidental de um livro” (como tu te sentistes com isto? fiquei querendo saber mais!). As imagens do teu texto estão bem vívidas, aproveite-as! Descreve melhor o primeiro livro que lestes. O leitor não sabe a história de “A Ilha Mágica”! Conta mais também sobre o segundo livro que escrevestes. A presença dedados concretos é necessário, caso contrário as informações se tornam irrelevantes para o andamento da história.
Sobre teu último parágrafo: Lembra-te que o parágrafo final do texto serve para fechar a argumentação que já foi colocada anteriormente, e não para adicionar novas informações. É possível que dividas o parágrafo em dois, mas talvez seja necessária uma “limpeza”. Isto é, procure quais informações são úteis à tua história, e quais não são. Costura melhor esse último parágrafo com os demais!
No que diz respeito aos aspectos formais, fique atenta ao começo dos parágrafos com “E”.

Aproveita a arte de escrever, que envolve muitas releituras e reescritas!

Como eu aprendi/comecei a escrever

Aluno 144
1 VERSAO



Posso me lembrar que era um dia calorento, mas eu era inocente demais para reclamar do calor. Qualquer que seja a estação, ela é capaz de alegrar uma criança que, independente da circunstância, faz a sua própria diversão. E eu era daquelas crianças raras de se encontrar hoje em dia: onze anos, uniforme escolar sujo nos joelhos, cotovelos ralados, unhas roídas, seca como uma tábua. E, é claro, tão alheia à tecnologia, que passava as horas do recreio guerreando com os coquinhos das árvores do colégio e os meus colegas de classe.
 E por falar em colégio, foi justamente esse o cenário, e mais precisamente um lugar conhecido como biblioteca, que até aquele momento eu desconhecia. Também não era uma grande biblioteca, pois as escolas públicas não possuem grandes bibliotecas, mas era um lugar aconchegante, com livros de folhas amareladas, cheiro de papel antigo e, nos dias de sol – mesmo o mais quente de todos – era belo observar seus raios vazarem a cortina cor de pêssego e atingirem a grande mesa de madeira envernizada. 
            E num dia desses, durante a primeira aula de Português que tive na 5ª série, uma bem-aventurada professora dada ao hábito da leitura decidiu levar 36 alunos para aquele lugar de viajens.
            - Cada um de vocês deve escolher um livro, e deverá lê-lo ao longo do mês e devolvê-lo a biblioteca, junto com um resumo do mesmo. – disse a professora. Mas eu mal podia ouvi-la. Só pode me entender completamente aquelas meninas que, ao olharem para uma estante repleta de livros pela primeira vez, duas ou três vezes maior do que ela, descobrem que o mundo é bem maior que o seu quintal.
            E daquela maneira, eu corria as mãos pelas estantes. Curiosa e animada. Minha família era humilde, sem ter-se entregado aos estudos, e poucos – quase nenhum – eram os livros que eu tinha em casa. Poder ter tantos assim, ao meu alcance e prontos para serem lidos, era a maior novidade. Lembro-me de ter lido A Ilha Mágica em pouco mais de dois dias, e meu sangue fervilhava de emoção. Eu tinha sido transportada para uma ilha misteriosa com crianças que – eu cria – eram iguais a mim. Após a leitura, sentei-me para resumir. Mas o que era para ter sido um resumo transformou-se numa história: meu primeiro texto infanto-juvenil: a Ilha da Amizade, escrito a mão em folhas de sulfite que eu recolhia onde encontrasse – minha família não tinha dinheiro para comprar – e com ilustrações de minha autoria. Eu ainda me dava ao trabalho de encadernar. É claro, não obtive a nota do resumo. Mas em contrapartida isso inspirou a professora a nos dar um trabalho diferenciado durante aquele bimestre: cada um deveria criar um livro, mesmo que escrito a mão (pois não tínhamos muitos recursos), e encaderná-lo. No fim, ele seria doado a biblioteca.
            Desta forma, o tempo foi passando. Com a adolescência ganhei um computador, mas a internet só veio anos mais tarde. Então, sem redes sociais ou nada mais que eu pudesse fazer, punha-me a escrever quase que diariamente. Assim, mais um infanto-juvenil surgiu: O Guardião, de linguagem fluida e simples, que tenho arquivado até hoje. Na adolescência, sob influência de rock e pop rock, punha meus sentimentos no papel. Não apenas romances infanto-juvenis, mas poesias que até hoje permanecem em minha memória. Dentro de mim borbulhava o desejo pela imortalidade, e então percebi que não se demora muito para que as coisas sejam esquecidas, com exceção das palavras escritas. Essas são as palavras que jamais se perdem, palavras que marcam a ferro os bons resultados – ou mesmo a maus bocados. São as palavras que guardamos, que lemos e relemos, que nos asseguram algum tipo de memória. 

Meu lápis

Reescrita
ALuno 142



Eu gostaria de dar indícios já na primeira frase de que a minha relação com a escrita sempre foi natural e criativa. Talvez isso tornasse o meu texto mais atraente. Mas terei que desapontá-los. Aprendi a escrever porque fui obrigada. Não me deram opção, me deram um lápis. E é exatamente nesse ponto que a história começa a ficar interessante, porque a grande questão é o que se vê no lápis.                                                                                                         Pode-se olhar para esse objeto de duas maneiras: como uma ferramenta capaz de fazer anotações, portanto, de forma comum e utilitária. Mas uma segunda opção, um tanto fantasiosa, é enxergar no lápis uma possibilidade. Essa é, sem dúvida, minha favorita. Lembro-me da sensação de juntar as sílabas cuidadosamente e formar as palavras, as frases e finalmente entender porque o Cebolinha era tão “englaçado”. Eu não fazia ideia do que era intertextualidade ou relação entre leitor e escritor, mas achava um máximo alguém me fazer rir, e queria fazer o mesmo. Foi assim que eu comecei a escrever.                                                           Aos sete anos quis testar minhas habilidades textuais, convoquei meu lápis e escolhi a leitora mais parcial de todos os tempos: minha mãe. Escrevia cartinhas de amor em papéis e guardanapos, quando as entregava as respostas eram sempre sorrisos, beijos e abraços. Na adolescência, as declarações de amor cederam espaço às confissões. Como uma boa covarde tenho medo de mentir. E foi assim que eu transformei as palavras num escudo protetor. “Mãe, rasguei o bolso da minha mochila de propósito para ganhar uma nova. Eu mereço ficar com essa mochila rosa da Penélope pra sempre. Te amo muito”. “Mãe, eu beijei um menino. Foi horrível. Nunca mais vou fazer isso na minha vida, eu prometo. ” Aí é só jogar o bilhete em cima da cama, correr, e esperar cerca de dez minutos para se deliciar com o gosto da verdade.  No ensino fundamental, a escrita tornou-se uma maneira de ascender na complexa sociedade escolar. As professoras adoravam tanto meus textos que liam para a turma como exemplo. Os colegas aplaudiam e elogiavam. Por fora, eu disfarçava a modéstia e por dentro, um grande monstrinho era nutrido: o orgulho. Nesse ponto meu lápis se tornou meu pezinho para subir na vida. Mas como felicidade de estudante dura pouco, o ensino médio chegou carregado de regras e restringiu meu lápis a um instrumento de fazer anotações, e ainda por cima iguais às de todo mundo. Não tinha graça escrever exatamente como meus colegas. Como poderia fazer alguém sorrir ou se emocionar? Como todos os sentimentos iriam ser expressos em trinta linhas e as sensações restritas a tópicos frasais? Lutei inutilmente e acabei me rendendo, mas com o mesmo aperto no peito de quem sabe que decepcionou um velho amigo. Um amigo que te socorreu durante toda a vida, que se adaptou as suas mudanças e que não te desamparou nem por um segundo.                                                                                             Hoje, me esforço para enxergar, novamente, uma possibilidade onde todos veem um objeto. Eu ainda quero despertar sensações. Contento-me até com o desgosto ou com um suspiro carregado de decepção. Tudo que eu peço é uma chance de recuperar uma amizade tão antiga. Por isso, prometo me conter e não me prolongar tanto só para fazer um jogo de palavras, vez ou outra, e não desapontar meu velho amigo lápis. 

Persistência

1 versão 
Aluno 142


Gostaria de começar este parágrafo dando indícios de que a minha história com a escrita sempre foi muito natural e criativa. Talvez isso tornasse meu texto mais atraente. Mas terei que desapontá-lo. Eu aprendi a escrever porque fui obrigada. Não me deram opção ou estímulo, me deram um lápis. E é exatamente nesse ponto que tudo começa, porque a grande questão é o que se vê no lápis.                                                                    Pode-se olhar pare esse objeto de duas maneiras. A primeira é de forma utilitária e comum: como um instrumento capaz de fazer anotações. Mas a segunda, é um tanto fantasiosa e, portanto, a minha favorita: como uma possibilidade. Lembro-me da sensação de juntar as sílabas cuidadosamente e formar as palavras, as frases, e finalmente entender porque o Cebolhinha era tão “englaçado”. Eu não entendia nada de intertextualidade ou relação entre leitor e escritor, mas achava um máximo alguém me fazer rir, queria fazer o mesmo. E foi assim que eu comecei a escrever.
Aos sete (e aos dezessete) anos, escolhi a leitora mais parcial de todos os tempos para testar os meus escritos: minha mãe. Eu escrevia (escrevo) cartinhas de amor em papéis e guardanapos. As reações eram (são) sempre sorrisos, beijos e abraços. Realmente, eu conseguia despertar sensações através de palavras. Depois, na adolescência, as declarações cederam espaço às confissões. Descobri que poderia me esconder atrás do lápis. Uma virtude da covardia talvez seja o medo de mentir. “Mãe, eu beijei um menino. Foi horrível. Me perdoa, nunca mais vou fazer isso na minha vida.” ,  “Mãe, rasguei o bolso da minha mochila de propósito para ganhar uma nova. Eu mereço ficar com essa mochila rosa da Penélope pra sempre. Te amo muito.” É só jogar o bilhete em cima da cama, correr, e esperar cerca de dez minutos para se deliciar com o gosto da  verdade.                                                                                                                             Foi no ensino fundamental,  que a escrita tornou-se uma maneira de ascender na complexa sociedade escolar. Todas as professoras adoravam meus textos e liam para a turma como exemplo, os colegas aplaudiam e falavam “nossa, como você é demais”. Por fora, eu fingia a modéstia muito bem, e disfarçava o trabalho: “capaz, gente, é só um texto”, e por dentro nascia um grande monstrinho chamado orgulho. Mas como felicidade de estudante dura pouco, o ensino médio chegou com seus textos cheios de regras. Queria ser diferente dos meus colegas. Que graça tem escrever exatamente do mesmo jeito? Como alguém poderia sorrir lendo trinta e cinco textos iguais? Lutei por um bom tempo até que me rendi as trinta linhas, aos quatro parágrafos, aos tópicos frasais e blá blá blá. E aquele lápis que era meu amigo, meu protetor, meu pezinho para subir na vida, se tornou um instrumento de anotação.                                                 E escrever esse texto, é uma nova possibilidade de resgatar aquela essência de despertar algo em alguém. Contento-me até com o desgosto ou com um suspiro carregado de “temos muito trabalho pela frente com essa guria”. Mas me dê pelo menos uma chance de provar que eu tenho jeito. Prometo me adequar às regras sempre que necessário, ao número de linhas e a todas as normas sem reclamar muito. E não me prolongar tanto só para fazer um jogo de palavras, vez ou outra, para não desapontar meu velho amigo lápis. 

Palavras desenhadas

Reescrita
Aluno 115


É estranho pensar em como aprendi a escrever, pois, embora, seja uma tarefa que pratico todos os dias, não lembro com exatidão o momento em que passei a dominá-la. Aprender a escrever é como aprender a andar ou a cortar um alimento: alguém lhe mostra como fazer e você repete por toda a vida sem perceber.
Confesso que fui uma criança que fugia das palavras e sempre optava pelos livros cheios de imagens. Foram as figuras que me despertaram o desejo de escrever.  Adorava representar minhas ideias através de desenhos, e quando passei a dominar os sinais gráficos, percebi que podia usá-los para o mesmo fim.
Acredito que o fato de gostar de desenhar, é o que me fez  ter uma aptidão a escrever poemas, visto que esses são textos muito descritivos, que parecem ilustrar a mensagem através das palavras. Um exemplo pra sustentar minha justificativa é o verso de Camões: “amor é fogo que arde sem se ver...”. Não é incrível, que ao ler o verso enxergamos literalmente o amor?!
Adorava rimar e montar o máximo de versos possíveis, e tinha muita facilidade nisso. Tanto é, que em minha trajetória com a escrita, os meus textos mais reconhecidos foram poemas. Um momento em especial, me faz perceber que mesmo depois da infância ainda guardei a facilidade com as rimas.  Foi numa gincana escolar do ensino médio, em que me foi dada a tarefa de escrever uma poesia sobre a Semana Farroupilha.
Queria fazer um texto que levasse o primeiro lugar, não por ter a melhor rima mas por emocionar os jurados, e esse seria um objetivo não tão difícil de alcançar, visto que é mais fácil expressar sentimentos através da poesia- eis o motivo pelo qual mais gosto dela. Foi buscando nos objetos da tradição gaúcha que encontrei a inspiração necessária para atingir o meu propósito: todos aplaudiram quando o poema foi declamado e minha equipe saiu vitoriosa.
Assim como andar ou cortar, escrever também é um processo. A prática da escrita permite, cada vez mais, eu me aproximar das palavras e usá-las para melhor me expressar.

Parecer_Aluno115

 Proposta 1

O seu texto é desenvolvido a partir de dois possíveis questionamentos que o interlocutor possa fazer. Note, porém, que não consigo, como interlocutora, encontrar respostas: o desenvolvimento não me apresenta dados para visualizar como você começou a escrever. Quanto à alfabetização, há uma breve abordagem e quanto a “escrever sua história”, há uma abordagem abstrata.
 Perceba que há apenas uma referência a como você aprendeu/começou a escrever, em que você destaca que é uma tarefa impossível pensar sobre como foi esse aprendizado. As outras informações abordam a escrita, mas não se referem a sua trajetória. Destaco que o interlocutor precisa de um tema que o guie do início ao fim, sem dispersões, portanto é necessário que haja uma ligação entre os fatos da introdução à conclusão. 
Sugiro que pense sobre um tema que guie o leitor no entendimento da questão
“como comecei a escrever”, seja ele um fato relacionado ao seu processo de escrita ou uma questão que veja como relevante para trabalhar no texto – no 2º parágrafo, por exemplo, você destaca que escrever, para você, foi como andar ou cortar um alimento, esse é um tema que pode ser desenvolvido e relacionado com sua experiência: a iniciação natural à escrita.  
Ao citar que escrever é como cortar um alimento, você faz uma abordagem importante: mostra ao leitor o que está querendo dizer, com mais clareza do que dizer que “escrever é natural”, por exemplo. Sugiro que você invista ainda mais em informações claras no texto, pois a maioria delas é abstrata. 
Portanto, minha sugestão é que você se faça algumas perguntas para reescrever o texto: “qual será o tema central do meu texto?”, “quais são os dados que apresentarei para o interlocutor visualizar com clareza o que abordo?” e “o tema central apresenta um problema que desperte atenção do leitor para sua solução?”
Boa reescrita!




Como comecei a escrever

ALUNO 115
1 versão


Ao analisar o tema proposto para este texto, aparentemente muito simples e objetivo, tive dúvidas acerca da palavra “escrever” ao pensar no que realmente ela se referia. O que será que meu interlocutor espera deste texto? Será uma intencionada busca de como anda a alfabetização? Ou seria um viés para conhecer quem são os novos alunos como pessoas?
Não me decidindo por uma das opções, optei por falar sobre as duas. Afinal, não gostaria de desfalcar a pesquisa do investigador, caso fosse a primeira das alternativas e nem passar a imagem de que sou um ser vazio, sem emoção alguma, no caso da segunda opção. Pensar em como aprendi a escrever é uma tarefa impossível. É como andar ou cortar um alimento: alguém lhe mostra, você pratica e repete por toda a vida sem perceber.
Escrever nos concede a oportunidade de sermos autores, de escolhermos como o texto começa e o fim que vai ter, de determinarmos o que queremos que o interlocutor pense a respeito...Exatamente assim, sucede em nossas vidas. Somos autores de nossas próprias histórias.
Neste caso, eu poderia dizer que comecei a escrever minha história no momento em que precisei me enxergar num futuro que independesse dos meus pais, e definir onde eu gostaria de estar e como faria para chegar até lá. Não quer dizer que uma profissão defina uma pessoa, mas ela faz parte desse processo, e decidir que eu quero fazer parte da mudança na Educação Brasileira, que eu acredito que acontecerá um dia, foi o que me fez traçar os passos pra fazer dessa a minha história.

Arrhythmia

Reescrita
Aluno 139


Desde a infância até a vida adulta a minha relação com a escrita teve períodos de intensidade e períodos quase inertes. Equivalente a relação de um coração arrítmico ao fluxo sanguíneo, no qual seu pulso cardíaco varia de acordo com o tipo de estímulo.
Na primeira série estudei em uma escola particular, ela tinha uma postura lúdica em relação a ler/escrever, cujo conceito era o de “aprender brincando”. Através de interpretação oral de histórias pelos professores, esculturas de argila com formato de letras e pinturas, dessa maneira a escrita tornava-se algo palpável. No entanto, logo na segunda série mudei para uma escola pública que a estrutura era precária, faltavam professores, tinha pouco material e didáticas pouco estimulantes, o que consequentemente tornava o mundo da escrita distante de mim.
Depois dos anos de escola pública, já adulto fui em busca da vaga na universidade. O movimento descompassado tornava-se cada vez mais intenso, já que mesmo escrevendo muito mais (textos dissertativos argumentativos), no entanto, meu grau de envolvimento emocional era muito menor. Sendo assim fui transformando-me nesse ser cada vez mais distante do ato de escrever. De maneira que nesses textos o grau de formalidade e impessoalidade era muito mais intenso, era como se um muro de argila tivesse sido construído entre mim e as palavras.
            Acredito que o curso de letras é a droga antiarrítmica que eu preciso, a tendência do tratamento é de amenizar essas variações. Em suma, agora tenho estrutura, professores qualificados e um ambiente que estimule a escrita, me declaro pronto para receber alta.  

Parecer_Aluno139

proposta 1


Pablo, teu texto caracteriza-se por uma série de memórias relacionadas ao teu processo de aprendizagem da escrita. São passagens muito interessantes da tua vida, mas para o leitor que não te conhece, é difícil compreender exatamente o que tu queres dizer, qual a mensagem que teu texto queres passar. O que difere teu texto dos outros? Uma dica é pensar no tema central, e a partir dele filtrar para o teu texto apenas os elementos relevantes para a história. Assim tu poderás detalhar melhor as memórias que ficarem.
Cuida para fazer apenas uma listagem de fatos! Escolhe teu tema e faz com que esses fatos criem vida utilizando imagens concretas para descrevê-los, por exemplo: Como era aplicado o preceito de “aprender brincando?” Aposta na imagem das palavras palpáveis, saindo do papel e faça com que elas saiam do papel no teu texto também! Como era a precariedade da escola pública? Como se deu esse afastamento teu e das palavras? É uma boa ideia esta de falar da aproximação e afastamento da relação com a escrita. O que achas de tentar discorrer mais sobre isso ao longo do texto? Exemplifique! O leitor precisa de detalhes, dados e imagens concretas para acessar a tua história. São essas imagens que possivelmente serão lembradas ao final da leitura. Um exemplo: Como foi consumir tanta informação sobre o mundo editorial e a vida de escritor?
Conecta bem as orações e os parágrafos do teu texto através da utilização de conectivos. Conecta também as tuas idéias ao longo do texto fazendo uso de um questionamento que segue ao longo da tua escrita fazendo o papel da linha de costura.
Sobre os aspectos formais, atenta o segundo parágrafo para a necessidade da preposição EM quando tu escreves “os próximos anos na escola”. Além disso, atenta para a utilização de vírgulas no terceiro parágrafo! Muitas daquelas vírgulas podem virar pontos finais para que teu período não seja demasiado longo.

Veja bem, o intuito destes comentários é o de auxiliar teu processo de escrita, que envolve releitura e reescrita! Teu texto está bem construído, e com estes ajustes pode ficar ainda melhor! fiquei com receio de fazer muitas correções formais, pois o aluno comentou no texto que sua barreira para escrever é a dificuldade no português.

Normas para apresentação das tarefas nesta disciplina

1 versão
aluno 139


No começo dos anos 2000, comecei a minha relação com a escrita em um colégio particular, Colégio ULBRA São João em Canoas RS. Um de seus preceitos era o “aprender brincando”, esse tipo de filosofia tornava todo o aprendizado mais leve. O pouco que me recordo desse processo era a relação que tínhamos com as palavras como algo palpável, fora do papel, acessível de fato.
            A partir da segunda série e os próximos anos na escola eu só estudei em instituições públicas, nas quais havia uma certa precariedade na estrutura física e didática, vários professores meus se ausentavam por dias e propunham atividades nada instigantes na escrita. Consequentemente, com o passar dos anos acabei ficando cada vez mais distante do ato de escrever na escola.
Nos últimos 5 anos, senti uma forte vontade de voltar a escrever, fiz algumas tentativas, com pouco sucesso, rascunhei alguns poemas, algumas músicas, no entanto nada que passasse de um simples impulso momentâneo. Além disso, consumi muitas videoaulas, podcasts e artigos sobre o mundo editorial e como sobreviver como autor no Brasil, sempre tive esse desejo de escrever algo do qual eu me orgulhasse algum dia, contudo o nível do meu português é uma barreira nesse processo, nunca me senti apto a externalizar as coisas que tenho na cabeça para o papel e expor a opiniões alheias.
Aproximadamente a um ano atrás, decidi que quero ser professor de português/literatura portuguesa, por diversos fatores como o amor que eu tenho pelas relações humanas, o amor pela língua e o amor pela literatura. Os anos que antecederam a minha entrada na UFRGS basicamente li literatura obrigatória e escrevi textos no estilo dissertativo argumentativo, obviamente com toda a pressão do vestibular nas costas. Mesmo a passos curtos venho evoluindo aos poucos a minha escrita, espero que com essa disciplina eu continue aprimorando e praticando por muito tempo esse ato.

Inspiração ou Transpiração


REESCRITA
ALUNO 145


Meu primeiro contato com a escrita se deu na primeira série do ensino fundamental, onde finalmente saí do mundo de colorir desenhos e passei a utilizar as palavras aprendidas no ensino infantil para criar algo que tivesse um significado maior do que uma casinha entre duas montanhas e um pôr do sol. Por ser filha de um jornalista, me fascinava a ideia de escrever um texto que meu pai pudesse ler, assim como ele fazia com os textos dos repórteres do jornal onde trabalhava, mesmo que na época eu não soubesse direito a diferença entre escrever um texto qualquer e escrever uma matéria para ser publicada.
No entanto, nada me dava mais prazer do que escrever redações sobre como haviam sido as férias, o que tinha feito no final de semana ou sobre algum assunto aleatório dado em aula. Antes de entregá-las para a professora, costumava deixar as redações coladas na tela do computador, seguido de um bilhete pedindo a opinião de meu pai, que sempre seguia uma linha mais realista e - no meu ponto de vista de criança - um pouco cruel, mostrando erros cometidos e cobrando correções. Não foram poucas as vezes que, depois de receber uma crítica nada aprazível sobre textos em que havia me empenhado muito para escrever, saía atrás de minha mãe para buscar um nem tão sincero “Que maravilhoso! Não dá bola pro teu pai, ele é acostumado a ser duro com os repórteres”. No fundo eu sabia que eram apenas palavras de consolo e que mais cedo ou mais tarde enfrentaria aquelas observações, feitas em caligrafia sinuosa e inclinada, nem que fosse apenas pelo prazer de receber a redação das mãos dele sem nenhuma correção e um costumeiro convite para fazer palavras-cruzadas ou debater sobre um livro lido recentemente.
Desde então, e a cada dia mais, fui me descobrindo na escrita e me apaixonando pelo poder das palavras de modificar situações e pensamentos, porém isso foi me afastando pouco a pouco dos padrões textuais considerados elementares pelo meu “editor-pai”, adepto do pragmatismo baseado na realidade nua e crua. Os meus textos costumavam ser emotivos e, na maioria das vezes, mergulhados em sentimentos e imaginação. Na falta de alguém para dividir meus rascunhos sem provocar discussões fervorosas entre razão e emoção, passei a enviá-los aos amigos mais próximos, simpáticos às minhas histórias cheias de casos de amor mal resolvidos, com voltas e reviravoltas acabando em finais clichês ou grandes tragédias.
Hoje agradeço por cada correção de vírgula, tempo verbal e acentuação feita pelo meu pai: sem elas, não teria descoberto que o aprendizado vem dos erros, e não dos acertos. Entretanto, o maior ensinamento veio de meus amigos, pois eles me mostraram que o verdadeiro prazer de escrever não advém de mostrar para o leitor o conhecimento gramatical que possuo ou quantas palavras rebuscadas sei aplicar em diferentes contextos, mas sim a importância de cativar a pessoa que está lendo e envolvê-la na mistura de sentimentos colocados no papel. Erra quem pensa que escrever é um dom, pois se trata de um longo e perseverante processo, e acima de tudo, de um exercício de amadurecimento e imersão total nas palavras.