Aluno 121
Reescrita
Comecei a escrever na minha infância, com certeza como consequência dos vários estímulos culturais, sobretudo artísticos, que me foram bombardeados inocentemente pelos meus pais.
Com o decorrer da civilização, a arte foi caracterizada por ter várias qualidades, dentre elas, a que primeiro me vem na mente é a capacidade de de gerar sensações nas pessoas, sejam boas ou ruins. Estranhamento, regozijo, horror, arrependimento e muitas outras. Acredito que fui percebendo esse efeito precocemente. Lembro que quando era bem pequeno meus pais viam várias vezes um documentário dos Beatles, e eu, que já adorava as músicas deles, logo me familiarizei com os próprios artistas e suas personalidades. Assim, ficava fascinado com o jeito deles de ser e como isso se traduzia em cultura, principalmente pelos shows, discos e até em entrevistas. Dessa forma, além de gostar de ouvir música, ver filmes e dos livros infantis que liam pra mim, comecei a gostar de ser um pouco descontraído no meu jeito de ser. Mais do que tudo, gostava de escolher bem as palavras no dia a dia, especialmente para provocar quebras de expectativa nas pessoas. Como David Bowie respondeu à pergunta de um entrevistador: "eu coleciono, sou um colecionador de sotaques, de ideias, de personalidades".
A escrita, então, passou a ser bastante útil para canalizar essa energia irreverente, pois, como acontece com algumas crianças, ela acabava fugindo de controle. Escrever servia - e serve - como válvula de escape para o hábito, algumas vezes impulsivo, de ir calculando excessivamente a fala, o que inclusive faz com que as palavras percam consistência. A escrita para mim serve como equalizador, uma prática para organizar os pensamentos, e filtrar os excessos que podem conduzir a uma retórica vazia. Isto não significa, é claro, abrir mão de uma tom artístico ou coisa do gênero, mas sim aprender a utilizá-lo com parcimônia, sem esquecer o que de fato quer ser dito.
Uma coisa que realmente me auxiliou nisso, foi desenvolver uma leitura mais consciente. Até os treze anos eu lia de uma forma bastante mecânica, buscava atingir o prazer que diziam que se encontrava nos livros, mas na verdade na maioria das vezes era mais uma foleação de páginas sem de fato mergulhar nas histórias. Tudo mudou quando eu finalmente decidi ler o escritor cujo nome eu compartilhava, e eu sabia - era por causa dele que eu me chamava assim, e durante muito tempo foi o único erico que eu tinha como companheiro: Erico Veríssimo. O livro: O Continente 1. Uma vez que a excitação do momento, o encontro dos dois grandes Ericos, fora controlada, abri o livro e comecei a ler. Alguma coisa aconteceu quando comecei a visualizar as letras, pela primeira vez estava lendo sem ter a consciência de que estava lendo, acabei as duas primeiras páginas com um suspiro. Finalmente tinha experimentado a magia que a leitura proporcionava, e tinha sido apenas duas páginas! Fiquei me perguntando quanta coisa eu devia ter deixado passar nos livros que eu "tinha lido" até então.
A escrita, então, passou a ser bastante útil para canalizar essa energia irreverente, pois, como acontece com algumas crianças, ela acabava fugindo de controle. Escrever servia - e serve - como válvula de escape para o hábito, algumas vezes impulsivo, de ir calculando excessivamente a fala, o que inclusive faz com que as palavras percam consistência. A escrita para mim serve como equalizador, uma prática para organizar os pensamentos, e filtrar os excessos que podem conduzir a uma retórica vazia. Isto não significa, é claro, abrir mão de uma tom artístico ou coisa do gênero, mas sim aprender a utilizá-lo com parcimônia, sem esquecer o que de fato quer ser dito.
Uma coisa que realmente me auxiliou nisso, foi desenvolver uma leitura mais consciente. Até os treze anos eu lia de uma forma bastante mecânica, buscava atingir o prazer que diziam que se encontrava nos livros, mas na verdade na maioria das vezes era mais uma foleação de páginas sem de fato mergulhar nas histórias. Tudo mudou quando eu finalmente decidi ler o escritor cujo nome eu compartilhava, e eu sabia - era por causa dele que eu me chamava assim, e durante muito tempo foi o único erico que eu tinha como companheiro: Erico Veríssimo. O livro: O Continente 1. Uma vez que a excitação do momento, o encontro dos dois grandes Ericos, fora controlada, abri o livro e comecei a ler. Alguma coisa aconteceu quando comecei a visualizar as letras, pela primeira vez estava lendo sem ter a consciência de que estava lendo, acabei as duas primeiras páginas com um suspiro. Finalmente tinha experimentado a magia que a leitura proporcionava, e tinha sido apenas duas páginas! Fiquei me perguntando quanta coisa eu devia ter deixado passar nos livros que eu "tinha lido" até então.
Novamente a arte e suas maravilhas mexendo com a minha cabeça. Então os livros realmente eram uma porta aberta para o leitor se maravilhar . Então as palavras realmente eram poderosas e podiam mexer com as pessoas. Graças ao Erico, eu desenvolvi não apenas o inestimável prazer pela leitura, má também o respeito pelas palavras. Entendi que seria mais eficiente utilizá-las como signos linguísticos, pois a magia estava nos significado que elas traziam. Não era apenas um agrupamento de letras, que formavam palavras, que formavam frases, que formavam parágrafos, que formavam capítulos, que formavam livros. Como disse Graciliano Ramos, “a palavra não foi pra enfeitar, para brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer”.
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