sábado, 20 de maio de 2017

Arrhythmia

Reescrita
Aluno 139


Desde a infância até a vida adulta a minha relação com a escrita teve períodos de intensidade e períodos quase inertes. Equivalente a relação de um coração arrítmico ao fluxo sanguíneo, no qual seu pulso cardíaco varia de acordo com o tipo de estímulo.
Na primeira série estudei em uma escola particular, ela tinha uma postura lúdica em relação a ler/escrever, cujo conceito era o de “aprender brincando”. Através de interpretação oral de histórias pelos professores, esculturas de argila com formato de letras e pinturas, dessa maneira a escrita tornava-se algo palpável. No entanto, logo na segunda série mudei para uma escola pública que a estrutura era precária, faltavam professores, tinha pouco material e didáticas pouco estimulantes, o que consequentemente tornava o mundo da escrita distante de mim.
Depois dos anos de escola pública, já adulto fui em busca da vaga na universidade. O movimento descompassado tornava-se cada vez mais intenso, já que mesmo escrevendo muito mais (textos dissertativos argumentativos), no entanto, meu grau de envolvimento emocional era muito menor. Sendo assim fui transformando-me nesse ser cada vez mais distante do ato de escrever. De maneira que nesses textos o grau de formalidade e impessoalidade era muito mais intenso, era como se um muro de argila tivesse sido construído entre mim e as palavras.
            Acredito que o curso de letras é a droga antiarrítmica que eu preciso, a tendência do tratamento é de amenizar essas variações. Em suma, agora tenho estrutura, professores qualificados e um ambiente que estimule a escrita, me declaro pronto para receber alta.  

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