Reescrita
Aluno 139
Desde a infância até a vida adulta a minha relação com
a escrita teve períodos de intensidade e períodos quase inertes. Equivalente a
relação de um coração arrítmico ao fluxo sanguíneo, no qual seu pulso cardíaco
varia de acordo com o tipo de estímulo.
Na primeira série estudei em uma
escola particular, ela tinha uma postura lúdica em relação a ler/escrever, cujo
conceito era o de “aprender brincando”. Através de interpretação oral de
histórias pelos professores, esculturas de argila com formato de letras e
pinturas, dessa maneira a escrita tornava-se algo palpável. No entanto, logo na
segunda série mudei para uma escola pública que a estrutura era precária,
faltavam professores, tinha pouco material e didáticas pouco estimulantes, o
que consequentemente tornava o mundo da escrita distante de mim.
Depois dos anos de escola pública,
já adulto fui em busca da vaga na universidade. O movimento descompassado
tornava-se cada vez mais intenso, já que mesmo escrevendo muito mais (textos
dissertativos argumentativos), no entanto, meu grau de envolvimento emocional
era muito menor. Sendo assim fui transformando-me nesse ser cada vez mais
distante do ato de escrever. De maneira que nesses textos o grau de formalidade
e impessoalidade era muito mais intenso, era como se um muro de argila tivesse
sido construído entre mim e as palavras.
Acredito
que o curso de letras é a droga antiarrítmica que eu
preciso, a tendência do tratamento é de amenizar essas variações. Em suma,
agora tenho estrutura, professores qualificados e um ambiente que estimule a
escrita, me declaro pronto para receber alta.
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