sábado, 20 de maio de 2017

Reescrita

ALUNO 131
REESCRITA




Corrupto. Corrompido. Corrupção. Comecei a escrever de fato, depois de aprender o que é corrupção. Antes disso, tinha uma ideia muito equivocada sobre o que era a escrita, a política e se quer via uma relação entre estas coisas, elas pareciam muito distantes de mim. Mas naquele ano começava o julgamento do Mensalão que desde 2005 estava sendo investigado: compra de votos de parlamentares, essas coisas. As capas de jornais todos os dias traziam um novo condenado ou um novo escândalo. Se não entendia de política, imagina estudar isso...
Quais os maiores casos de corrupção do nosso país? Ela perguntou. Eu, até ali, não sabia quais, mas sabia que eram muitos. Não pensava em política, achava chato. Política é lá no congresso, no planalto, na câmara. Note, eu não distinguia política de politicagem. Aprendi mais tarde. Bem como a escrita, algo que não era familiar, desconectada do meu contexto, coisa de escritor profissional. Mas, daí em diante, toda aula um artigo de opinião sobre uma manchete da semana deveria ser entregue. Depois de corrigido, reescrito. “Só se aprende a escrever, escrevendo” dizia a professora. Sendo assim, além de criar o hábito de ler notícias, tive que rever todos meus conceitos de texto e política, corrompidos até ali.
Foi um longo processo de aprendizagem em diversos sentidos pois assimilar e compreender o que acontece na política e no mundo, filtrar todas as informações e refletir sobre estes assuntos não foi muito divertido. Digita, apaga, lê, escreve, faz de novo, assim não. Quando a professora dizia que lembraríamos de 2012 como o ano em que mais escrevemos na vida, noto que ela tinha razão. Não recordo de outro ano em que escrevi em grandes quantidades. Bom seria se juntamente com meus textos a corrupção política pelo país também tivesse cessado. Ou ao contrário, que eu estivesse produzindo textos tão grandiosos e bilionários como os escândalos atuais.
Porém, hoje, ler notícias, tornou-se uma atividade corriqueira e não penosa. Política passou a ser um interesse, porque agora entendo. A consciência política é uma base, e aos poucos, dia a dia, em pequenas reflexões, juntamente com a elaboração dos artigos, vi e ainda vejo ela se formando em mim. Passei a perceber que tudo é política, assim como também tudo é texto. O que muda são as formas como estes elementos se apresentam. Às vezes, ao ver uma imagem publicitária qualquer percebo como ao mesmo tempo ela é imagem, texto e política. E foi escrevendo que descobri essa relação inseparável entre os contextos, o texto a política e eu. Com este novo olhar, tento diariamente fugir da corrupção de meus próprios conceitos.













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