REESCRITA
ALUNO 155
Na escola a professora pediu uma
poema aos seus alunos de dez anos, muito pouco tínhamos visto da vida, sobre o
que escreveríamos? Eu fiz um poema sobre o sol, basicamente dizendo o como ele
brilhava e me agradava. Ganhei uma estrelinha e um parabéns da professora.
Fiquei encanta e achando que seria escritora de poemas famosos.
No fundamental as histórias
ganharam mais brilho e inventos. Parecia que os brilhos das estrelinhas da
professora estavam voltando, pois a liberdade de criar era imensa. Um tema, uma
história e inúmeras possibilidades de criação. A professora muito atenciosa lia
todas as nossas histórias com muito amor e nos incentivava a continuar. A cada
parabéns escrito no topo do meu texto mais vontade eu tinha de escrever. E
assim foi o ensino fundamental, muitas aventuras, muitas idas a biblioteca, e
agora uma ganancia de ser uma escritora não só de poemas ou histórias pequenas,
queria eu escrever romances inteiros. Mas os anos foram passando e o ensino
médio foi chegando e com ele o foco havia mudado agora vocês estão mais velhos
e devem aprender a forma padrão de se escrever, disse a professora.
Mas o que ela queria dizer afinal
de contas com forma padrão? Aos poucos fui entendendo que o que ela queria
dizer com forma padrão, era a redação para o vestibular. Uma introdução, dois
desenvolvimentos e uma conclusão. E no meio dessa forma a história deve ser
contada como a banca avaliadora quer ler, e não mais o que eu quero escrever.
Agora estava eu no escuro, apenas reproduzindo uma receita para ser aprovada no
vestibular. E as estrelas que brilhavam no topo das páginas dos meus textos tinham
se apagado de vez.
Mesmo cansada de reproduzir
textos para o vestibular, eu ainda sonhava com as histórias que não escrevia.
Demorou um tempo para eu entender que não existiam limites para a escrita, eu
podia ter um padrão para o vestibular e ao mesmo tempo escrever as minhas
histórias que tanto me alegravam na infância. Posso não ser uma escritora de
sucesso como eu sonhava aos dez anos. Mas mesmo assim ainda posso continuar
escrevendo, tenho penas que ir me adaptando a cada tipo de situação. E agora descubro que os brilhos não eram das
estrelas no papel e sim a imaginação brilhando.
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