sábado, 20 de maio de 2017

Uma história com a produção textual

ALUNO 128
REESCRITA


Quando eu estava na terceira série, escrevi minha primeira, e única, história. Narrei as aventuras de Pedrinho, um menino que encontra uma caixa na rua com dois cães ainda pequeninos dentro. O garoto resolve adotá-los e já nos primeiros dias após a adoção ele percebe que seus cães são mágicos e que podem rasgar as meias ainda na gaveta e derrubar do telhado os gatos que lhes provocavam. Escrevi uma história bastante longa para Pedrinho. Tão longa que levei cerca de dez minutos para lê-la para meus colegas – tempo suficiente para colocar a turma inteira para dormir, incluindo a professora.
Obviamente, aquele não foi o meu melhor texto, mas nele existe algo que minhas escritas não possuem mais – aliás, algo que a escrita da maior parte das pessoas não possui mais: a inocência e o despropósito da produção textual infantil. Eu não escrevi a história de Pedrinho com a intenção de impressionar alguém ou mesmo de demonstrar qualquer aptidão como escritora. A minha imaginação era livre, e era meu dever deixá-la fluir e se perder no contexto.
É possível que, enquanto amadurecemos e adquirimos novas “ferramentas de comunicação”, também acabamos por perder - se não tivermos cuidado -  certa capacidade de expressarmos qualquer tipo de sentimento com facilidade. Aprecio quando ouço as histórias de escritores mais experientes, mas fico absolutamente encantada ao ouvir as narrativas de uma criança. É como entrar em um universo há muito perdido, pintado em tons vibrantes e facilmente sentido, intuído.
Creio que, em razão dessa liberdade imaginativa, Pedrinho foi o mais bem-sucedido dos meus personagens. E é por sentir falta dela que acredito ter escrito apenas uma vez. Somente terei recomeçado a escrever quando me expressar com a facilidade de uma criança e com a prática de um adulto.

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