quinta-feira, 9 de junho de 2016

Uma Experiência Militar Semanal

Aluno 70
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O Brasil é um país de grandes contrastes, certos atos precisam ser demonstrads para a sociedade, comprovando que tais "funcionam". Um simples exemplo disto, é o fato do alistamento militar obrigatório, para homens, a partir dos dezoito anos. Meus objetivos eram muitos e nenhum deles incluia ser um soldado. Naquela época, possuia um estilo "diferente". Usava apenas camisetas de bandas musicais e um cabelo, quase, até a cintura. Contra a minha vontade, me alistei.
            O prédio do alistamento militar ficava no bairro Santana, lembro-me até hoje. Era uma rua pacata, com algumas árvores e com diversos garotos indo em direção ao prédio requisitado. Apresentei meu documentos e em Outubro, daquele ano (2013), me apresentei na junta militar do Centro de Porto Alegre. Cheguei cedo no local, conforme solicitado, e uma bateria de exames foi feita. Foi ,então, socilitado que voltasse em Janeiro do próximo ano no 3º  BCOM de Porto Alegre (batalhão de comunicações). Novamente, passei por uma bateria de exames, sendo estes , físicos e psicológicos. Até uma entrevista foi feita. O soldado perguntou - me se eu gostaria de "servir", logo, disse que não e apresentei os motivos. Eram eles: Trabalho, foco no vestibular e até problemas familiares (meu pai possuia problemas cardíacos). O soldado, com um belo sorriso no rosto mostrou- se compreensivo, apertou-me a mão e pediu que eu chamasse o próximo rapaz a ser entrevistado.
            Durante alguns dias fiquei apreensivo, querendo saber o desfecho desta trama, servirei ao exércitou ou não? O dia chegou, peguei um ônibus cedo e fui em direção à base militar que ficava na Avenida Serraria , sendo que , moro no Centro e possui uma base militar nas proximidades da minha casa, um fato de certo, irrevelante para tal corporação. Todos os garotos, ali presentes, foram separados, quando me deparei, já estava aprendendo a marchar, ou seja, eu iria servir ao exército pelo período de um ano. Naquelo exato momento, uma péssima semana ,daquele ano, iniciou-se. Todos os outros "recrutas" ao redor estavam espantados, alguns ali nem queriam ser soldados, estavam simplesmente à força. Particularmente, desprezo ter de fazer algo sendo contrário a minha vontade. Cada garoto apresentava um passado diferente nos olhos, cada um com suas diferentes histórias.
            Obviamente, eu imaginava uma visão totalmente "troculenta" daquela corporação, na qual se provou estar correta. Não por possuir uma visão de esquerda (comunista) a respeito do mundo, pelo contrário, é por ter estudado a história e saber os vinte e um "longos anos" que nosso país passou sobre a vigilância de tais homens. Caso eles descobrissem meus padrões políticos, poderia sofrer algum tipo de represália, portanto, permaneci em silêncio total. Os soldados eram totalmente agressivos com os recrutas, usavam qualquer tipo de agressão, sejam psicólogias ou "quase" físicas (empurrões). Ofensas pareciam ser algo normal naquele ambiente propício ao fascismo. Minha boca queria gritar, mas minha mente dizia que não deveria cometer tal ato, seria praticamente suícidio.
            Por alguns dias, esta foi a minha rotina. Acordar cedo e me dirigir à base. No último dia daquela experiência, de apenas uma semana. Depois de ter aprendido a marchar, ter decorado as hierarquias e como posicionar- se perante um superior, descobri no final, daquela manhã nublada, que tudo aquilo era uma pequena e inútil experiência. Ainda neste último dia, fui enviado a "sala" do barbeiro, para raspar minha longa e divina cabeleira.Meu cabelo que permanecia intacto por longos sete anos foi totalmente destruído. Em estado de choque fiquei. Presenciei todos aqueles fios caírem em "câmera lenta". Estava chorando psicologicamente. Logo após tal episódio, meu nome foi chamado por um dos oficiais. Em prantos, fui enviado à sala do Coronel responsável pela base. Havia mais quatro garotos comigo, na sala do Coronel. Foi então dito a nós que tudo aquilo foi apenas uma experiência e estavamos sendo incorporados como "majorados" (termo que designa um soldado da reserva em um período de seis meses).
            No final das contas, pensei comigo mesmo no trajeto da volta no ônibus, estou completamente careca e com vários questionamentos a respeito daquela semana. Os militares me proporcionaram tal experiência por qual motivo? Eles apenas queriam tirar "sarro" da minha cara ou a realidade não faz sentido algum? Enfim, um episódio um tanto traumático na vida de um rapaz um tanto dramático.

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