1ª
Versão
Por Aluno 40
Lembro-me
bem, de quando era bem novinha, por volta dos 7 ou 8 anos, um quarto grande e
cheio de móveis velhos. Nesse quarto havia uma cômoda gigante, daquelas bem
velhas, com gavetas grandes e pesadas, mas era em uma dessas gavetas que
guardava o maior acervo de livros que já tive. Eram inúmeras histórias, em sua
maioria contos de fadas e gibis, histórias que já conhecia de trás pra frente
pelas tantas vezes que havia lido e relido. Passava horas trancada naquele
quarto cercada de livros, interpretando suas histórias e as contando para meus
alunos imaginários. Acredito que esse tenha sido o primeiro contato que tive
com o mundo da literatura, ou talvez o primeiro momento em que me apaixonei
pela leitura, paixão essa que teve seus desgastes durante os próximos anos da
minha vida.
Sinto
que há uma certa dificuldade de instigar a leitura na vida das crianças, que
por instinto possuem um espirito aventureiro, logo há inúmeras brincadeiras na
rua mais interessantes que ficar sentada lendo um livro. Nesse momento o
professor seria de grande importância, no contexto de mostrar a essas criança
como desenvolver esse espirito aventureiro nos livros, a capacidade de
desvendar um livro. E foi isso que me faltou no anos seguintes. Fui me encontrar
novamente com a literatura só na 7ª e 8ª séries, quando um certo professor de
português decretou que teríamos 1 hora semanal de aula de leitura, e foi então que
conheci Machado de Assis. O que eu achei? Uma chatice! Não entendia nada e não
cheguei nem perto de terminar o aclamado Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Apesar das aulas de leitura não conseguia sentir aquele amor que tive pelos
livros na infância, nesse momento a leitura na maioria das vezes era por
obrigação e não por gosto.
Então
chegou o ensino médio e as aulas de literatura, de cara decretei desgosto pela
matéria, que à primeira vista só tratava de índios. Porém nessa mesma época
fazia sucesso o aclamado best-seller Crepúsculo, aquele romance que trazia
vampiros e lobisomens no texto. Todo mundo só falava desse livro e curiosa do
jeito que sou acabei comprando o livro pra “ver qual que é” e de cara me
apaixonei. Passava horas grudada naquele livro e nos próximos da saga, sofrendo
com os personagens. Hoje em dia claro que acho uma história completamente
bobinha e chata, mas não me envergonho de falar que li todos os livros da saga
e amava, pois foi Crepúsculo que me deu uma outra perspectiva de leitura e sei
que muitas meninas vão concordar comigo. Foi a partir daí que me permiti
explorar mais a literatura estrangeira e descobrir o prazer da leitura já que
no colégio meu desgosto pela literatura brasileira só aumentava devido aulas
mal elaboradas em que o conteúdo era simplesmente “engolido” pelos alunos.
Foi
só no cursinho pré-vestibular, com um professor apaixonado por literatura
brasileira que comecei e pegar gosto “pela coisa”. Não sei exatamente em qual
momento isso aconteceu, mas quando percebi literatura brasileira era um dos
conteúdos que mais gostava de estudar e enfim desconstruí esse preconceito que
tinha. A experiência que tive com Machado de Assis quando era mais nova foi
revertida e nesse momento já o achava um escritor maravilhoso, me vi apaixonada
por Clarisse Lispector e pela poesia de Mário Quintana entre outros escritores
brasileiros. Foi nesse momento que decidi ser professora, professora de
literatura!
Sinto
a necessidade de instigar dezenas de crianças o gosto pela leitura desde cedo,
e prepará-las para manter esse hábito durante toda a vida. Diferente do meu
ensino fundamental, gostaria de apresentar a essas crianças dezenas de livros,
de livros repletos de histórias de aventuras para despertar -ou pelo menos
tentar- mostrar que na leitura pode haver aventuras tão divertidas quanto
brincar na rua (pelo menos nos dais de chuva).
Referências
Bibliográficas:
ASSIS,
Joaquim Maria Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. Biblioteca Folha, Rio
de Janeiro, Ediouro, 1997.
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