sexta-feira, 27 de junho de 2014

O Caminho

Reescrita
Por Aluno 30




            Passei horas tentando lembrar como havia iniciado minha experiência com a leitura. Busquei na memória os primeiros anos da escola e nada encontrei, apenas consegui lembrar os momentos de brincadeiras, até que decidi vasculhar minha estante e encontrei no alto dela uma caixinha com pequenos livros publicados em 1996 quando eu tinha apenas um ano de idade; os livros de cinco páginas com formatos diferentes, muita cor, cheio de animais e um jogo na contra capa eram meus preferidos na infância, neles havia o guarda totó (um cachorrinho lindo que era policial da cidade), o bombeiro pig (um porquinho adorável), o castor escavador, a gatinha pescadora entre muitos outros animais com funções humanas. Meus pais não conseguiam entender como eu gostava tanto deles.
            Hoje consigo entender a razão, pois segundo o texto de Rottava (1998) o leitor interage com o texto de várias maneiras: através dos níveis da língua no interior do texto, das relações com outros textos, das experiências, com o propósito do leitor e com seu papel social. O livro do “Guarda Totó” é composto por frases rimadas em uma linguagem acessível, como é visível na descrição integral do poema que compõe o livro:
“O guarda Totó passa à toda,
Rápido correndo atrás...
É um coelho motorista
Que vai depressa demais.

Quando os carros todos param
Porque o sinal está quebrado,
É o apito do Totó
Que deixa tudo arrumado.

Quem joga lixo na rua,
Quem é mesmo porcalhão,
Leva uma bronca do guarda
E tem que limpar o chão.

Guarda Totó dá conselhos
Para evitar os perigos:
Não converse com estranhos,
Ande só com seus amigos.”

Graças a essa linguagem que estava de acordo com a minha, pude aprender meu papel social – já que o simples poema me ensinava coisas novas de acordo com meu propósito de aprender como, por exemplo, que não deveria dirigir depressa (mesmo que não dirigisse), que não deveria jogar lixo no chão e nem falar com estranhos. Aprendi muitas coisas com Totó e como todos os outros animais, e livros, que fazem parte da coleção.
            Mesmo não entendo exatamente o motivo pelo qual gostava de ler eu percebia que ler era importante pra mim e por isso queria ler sempre mais. Então, logo me apaixonei pelos desenhos e histórias da Disney e, assim que pude, adquiri o “Tesouro de Clássicos: Disney I”, uma caixa com cinco livros de capa fofa que me contavam as histórias que mais gostava, sempre com uma música que começava a tocar assim que abria o “baú do tesouro”. Acredito que nessa época era considerada uma leitora já que Rottava diz em seu artigo de 2000 que formar leitores envolve garantir que esses cultivem e exerçam a pratica de leitura. Eu tinha essa prática, pois lia todos os dias, às vezes livros repetidos e, - as vezes livros do “Tesouro de Clássicos: Disney II” e do “Meu pequeno cofre dos Contos de Grimm” da mesma coleção que eu já havia feito questão de comprar na época.
            Depois, influenciada pela Disney, pelos desenhos que assistia na televisão e pela vontade de aprender, li muitas fábulas como: A raposa e as uvas, A cigarra e a formiga, A cegonha e a raposa; pois gostava de aprender algo com o que lia e as fábulas com suas morais bem definidas me faziam, agora, entender a importância de ler.
            Demorei um pouco para entender que todos os livros nos traziam conhecimento como diz Rottava (2000), mas assim que percebi que os livros trazem um aprendizado, mesmo que não tão explicito quando o dos livros de criança e das fabulas, abri meus horizontes para novas leituras e assim me aventurei em “livros de adulto”, como costumava dizer.   Lembro de ler muitos livros da Léia Cassol, e de ter “Um dia especial” como meu preferido (não só da autora) por muito tempo. Graças a esse livro e a escola que eu estudava, fui, pela primeira vez, a Feira do Livro com o objetivo de adquirir o autografo da autora e depois que eu e a turma toda conseguimos a professora responsável por nós decidiu que poderíamos conhecer a Feira e esse foi um dia especial pra mim, pois aquelas barracas cheias de livros me faziam sonhar em ter uma infinidade deles dentro de minha casa.
            Nessa fase li muitos livros, os esquecidos nas prateleiras, os que minha irmã mais velha comprava e os da biblioteca da escola. Até que certo ano minha professora de português passou a mandar a turma ler livros específicos, pois teríamos avaliação sobre eles e foi aí que meu interesse na leitura esfriou. Continuei lendo, mas só os livros que meus professores mandavam, se eu lia mais que isso era só aquela leitura extra ou relacionada que ficava no fim da página do livro didático.
            Atualmente, tenho muito mais livros obrigatórios para ler na faculdade do que tinha na escola e como naquela época sigo esperando as férias para obter de volta a liberdade literária de ler os Best Sellers que desejar.











REFERÊNCIAS:
ROTTAVA, L. A leitura e a escrita na pesquisa e no ensino. Espaços da escola, Ijuí, Editora UNIJUÍ, a. 4 n. 27, jan-mar 1998, p. 61-68.
ROTTAVA, L. A importância da leitura na construção do conhecimento. Espaços da escola, Ijuí, Editora UNIJUÍ, a. 9 n. 35, jan-mar 2000, p. 11-16


Nenhum comentário:

Postar um comentário