1ª Versão
Por Aluno 6 e Aluno 31
O
mundo acadêmico exige muito mais de o simples assistir de aulas a fim de
conquistar o diploma. É neste ambiente que nós, Clarissa e Nalim, nos
defrontamos com nossos próprios conceitos de vida. Sendo levadas e repensá-los,
reformulá-los, ou ainda, criá-los. Neste sentido, o curso de graduação em
Letras, ao qual satisfatoriamente pertencemos desde o início do ano, provoca em
nossas mentes uma avalanche de questionamento e confrontos com nossa própria
identidade como alunos. O curso de
Letras exige que seus alunos revivam e revisem suas experiências de
aprendizagem para que possam compreendê-los para, então, desempenhar o papel de
educadores. Dentro deste contexto nós recriamos /reinventamos, através de
nossas memórias, as experiências tidas com a leitura.
Fizemos
uma análise conjunta a fim de encontrar familiaridades que marcaram a base de
nossa construção como leitoras críticas. Análise interessante, pois é a
primeira vez que resgatamos lembranças adormecidas sobre como aprendemos a ler
e quais foram os fatos ou pessoas que nos mostraram um mundo novo repleto de
possibilidades e aprendizagens. Percebemos que nas nossas origens como leitoras
a escola não teve um papel significativo, ela não foi o braço motivador como se
esperava.
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Em minha educação básica, por volta do início da década de 90, pouco havia de
incentivo à prática da leitura com as crianças. Não havia, por exemplo, biblioteca
na minha escola e, tão pouco, as professoras possibilitavam o contato das
crianças com livros infantis. Digo Nalim, que fiquei como lápis sem ponta,
tamanha a falta que faz este importante trabalho na educação.
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Veja Clarissa, lembrança semelhante é a minha, pois percebi que durante meus
anos escolares não obtive incentivo dos professores e colegas, em fim, da
instituição como um todo. Os trabalhos relacionados à leitura eram apenas de
ler um livro e responder algumas questões tais como: quais eram os personagens
principais, o que ocorria no decorrer do livro.
Ou seja, o objetivo da leitura era apenas resumir em termos linguísticos
sem que fosse dada atenção ao conteúdo. Rottava (1998) nos trás clara esta
ideia ao apresentar seu artigo como fundamento teórico sobre o assunto. Nele
ela expõe que “... ler é extrair sentidos pelo leitor como decodificação de
elementos linguísticos contidos no texto.” Não havia preocupação com a
interligação leitor/ texto tão pouco se visava à leitura do contexto
direcionada a um objetivo ou mesmo pelo simples prazer de ler. A visão da
educação estava, portanto, voltada para a alfabetização e não para o
letramento, conforme descreve a mesma autora em artigo de 2000. Não se pensava
em leitura como produtora de saberes, como possibilidade de conhecimento e
interligação com o mundo exterior formando o indivíduo. Apenas era ensinado a
decodificar as palavras dos textos ou a sobrevivência no mundo letrado sem a
preocupação com o prazer proporcionado pela leitura, reforçando a ideia de
Rottava.
Em
contra partida, foi ao revivemos o ambiente familiar da infância, onde
realmente encontramos a oportunidade de contato com a leitura produtiva de
conhecimento. Prazerosamente, crescemos em meio aos livros que preenchiam as
estantes e armários existentes tanto na casa de uma como da outra.
Infelizmente, diferente é a realidade da grande maioria dos brasileiros, pois ainda
acreditasse que a escola é a única responsável pelo incentivo a esta prática.
Melhor dizendo, “...a família precisa
ter presente a ideia de que a leitura perpassa todas as ações e tarefas
realizadas dentro de casa...” (ROTTAVA, 2000, p.3)
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Infelizmente, percebi, Nalim, que este contato físico com os livros não foi o
bastante para despertar a leitora que futuramente acordaria para o universo das
palavras. Em minha parca experiência de vida, até aquele momento, ler era exaustivo
uma vez que exigia concentração (atributo não dominados na criança e
adolescente de então), mesmo com todo o incentivo dados por minha mãe que,
incansavelmente, lia todas as noites histórias infantis. Foi após minha
formação no ensino fundamental como técnica química que me inseri com afinco no
mundo das letras. Esta inserção foi motivada por vontade própria, já que
durante o referido curso também não foi dada por parte da escola devida atenção
quanto à importância da leitura, nem mesmo no sentido de orientar os estudantes
quanto à leitura técnica, tão necessária para a formação deles como
profissionais da área. Certamente, o aprendizado de como ler e tratar com
conceitos técnicos teriam permitido maior reflexão e aprofundamento por parte
dos estudantes sobre o assunto, auxiliando na produção de seus conhecimentos
pensamentos trazidos por Rottava em texto de 2000.
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Afirmo que comigo sucedeu o oposto, minha devoção aos livros é desde a tenra
infância. Creio que tenham sidos os livros dados por meus pais que me levaram a
querer desvendar o que neles estava escrito. No início, conhecia as histórias
trazidas por estes livros pela leitura que eles faziam para mim, lembrando a
tua experiência. Depois que já tinha dominado as palavras lidas passei a exercer
o papel de leitora e ouvinte. Certamente
fora as idas e vindas à biblioteca guiadas pela minha avó e a imensa admiração
que tinha /tenho pelo meu avô- admirável leitor que conciliava a leitura de
várias obras concomitantemente- é que realmente me fascinou e me conduziu em
direção aos livros. A sabedoria que meu avô adquiriu com as leituras me incitou
a curiosidade de querer ser como ele, me engajou ainda mais no habito de ler.
Vencemos
as dificuldades escolares quanto ao ensino precário da leitura que nós duas
constatamos ter vivido em nossa formação e tornando-nos leitoras ativas.
Juntamente com os ensinamentos dos livros aliamos as nossas experiências de
mundo o que nos permite continuar crescendo como pessoas e estudantes. Tal compilamento
de sabedorias nos permite perceber maior sentido nos textos e interagir com a
sociedade, ou como diz Rottava (2000) contribuir com nossas práticas sociais
heterogêneas por depender do meio em que nos encontramos inseridas. A
construção de sentidos é, sobretudo a construção do indivíduo que lê, reflete,
que trás para a vida prática os conhecimentos oportunizados pelas leituras.
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Digo-lhe Nalim, até o presente trabalho não tinha percebido o quanto a leitura,
no sentido de leitura crítica de quem reflete e trás para a vida cotidiana o
que está nos livros, norteou minha vida pessoal tanto como produtora de
conhecimento quanto como possibilidade de liberdade criativa. Isso se confirma
inclusive profissionalmente, pois percorri um caminho de muito estudo e
dedicação até alcançar uma vaga no curso de Letras da UFRGS. Em virtude da
vivência acadêmica estou tendo a oportunidade de produzir textos melhore
elaborados estrutural e linguisticamente. A união daquele com leitura estão
contribuindo no meu crescimento acadêmico e pessoal. Tal união pode ser
entendida como tarefa indissociável,
“ler e escrever são particularmente
indissociáveis pois podem ser vistos como evento social, no qual os leitores,
do mesmo modo como os escritores, compartilham pensamentos e idéias e,
particularmente objetivos afins que os constituem também produtores de
conhecimento.” (ROTTAVA, 2000,p.4)
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Compartilho com Clarissa a ideia de crescimento pessoal e profissional em
formação, proporcionado pelas leituras tanto as de cunho teórico quanto as
lúdicas. Ambas são responsáveis pelo vocabulário mais amplo e enriquecido que
tenho constado em minhas práticas sociais. Creio, contudo, que somente a
prático e o treno contínuos constroem uma sociedade mais integrada.
BIBLIOGRAFIA
ROTTAVA, Lúcia. A Leitura e a escrita na pesquisa e no ensino. Artigo de 1998.
ROTTAVA, Lúcia. A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento. Artigo de 2000.
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