1ª
Versão
Por Aluno 11
“A
família também não deve deixar somente para a escola o papel de despertar,
incentivar e motivar a leitura.” (ROTTAVA, 2000, p. 13). Percebes a importância
da família no papel de agente incentivador ao hábito de ler? Dou início a este
memorial desta maneira, convidando-te a refletir sobre o papel da família com
relação à leitura.
Lembro-me
de achar bonito o hábito de leitura, e embora não saiba explicar exatamente o
porquê desta impressão que tinha quando criança, sei que sempre que via alguém
sentado em uma praça lendo um livro, revista ou até mesmo o velho jornal
companheiro de todos os dias, eu ficava a admirar e observando pensava o quão
inteligente aquele leitor ou leitora poderia ser. A idade que tinha não me recordo
com precisão, mas estou falando de um “piazito”, com 9 ou 10 anos de idade, que
sabia ler e escrever como se espera de uma criança de tal idade. Nesta época eu
sempre buscava fazer coisas que apenas os adultos da minha família faziam,
então eu sentava e lia o jornal, fato que se dava de maneira toda desengonçada
e atrapalhada, com um jornal que era quase do meu tamanho e que, após a minha
“leitura”, terminava todo amassado e fora de ordem. Na maior parte das vezes eu
lia apenas palavras isoladas e ficava assim, a passar os olhos pelas largas
folhas acinzentadas, como se estivesse entendendo alguma coisa, e logo enjoava
da brincadeira de ser adulto e ia fazer qualquer outra coisa.
Minha
família nunca teve o hábito de ler, liam apenas aquilo que era necessário para
“sobreviver” durante o dia, como anúncios, placas, rótulos, jornais e revistas.
Assim os anos foram se passando e minha relação com a leitura era tão rasa que
eu tinha dificuldades em ter fluência ao ler. É difícil explicar, mas mesmo não
lendo eu adorava a ideia de ler um bom livro, mas o incentivo na escola era pouquíssimo,
uma vez que até o último ano do ensino fundamental eu não havia tido aulas de
literatura, e as aulas de português resumiam-se em aulas de gramática
mal ensinadas. Porém, a deficiência do sistema de ensino não foi a total
responsável pela minha falta de intimidade com a leitura, mas sim divide uma
boa parcela desta responsabilidade com a falta de incentivo e exposição à
literatura que minha família me proporcionou. Segundo Rottava “ler e escrever são
particularmente indissociáveis” (2000, p. 14), logo, eu que mal sabia ler,
também tinha dificuldades com a escrita em plena véspera de ensino médio.
Foi
então que fui morar com meus avós, a fim de cuidar dos mesmos que estavam
passando por um período de doença, e essa simples mudança de uma casa para
outra mudou completamente a minha ralação com a leitura. Meu avô, que por
muitos anos ministrou aulas de português, passou a me ensinar tudo o que ele
podia sobre a língua e suas possibilidades de construção. Eu aproveitava as
tardes estudando com ele e aprendi mais do que nuca. Enquanto cursava o ensino
médio, despertei minha paixão pela língua e pela leitura que estivera
adormecida por muito, mas que graças à exposição ao hábito de ler pude
tornar-me um daqueles leitores que eu mesmo me colocava a observar quando ainda
criança.
Por
fim, a leitura, dentre as suas inúmeras funções, veicula conhecimento e
transforma a realidade de um leitor, mas é um hábito que deve ser incentivado,
despertado por alguém. Não há dúvidas de que a escola tem o papel de expor os
alunos a obras literárias e ser um agente ativo nesta construção, mas a família
tem um importante papel nesta formação também. Se o interesse dos alunos pela
leitura vier de berço, a escola apenas terá o papel de lapidar e edificar este
apreço pela leitura, gerando uma formação mais eficaz e aprofundada em termos
de conhecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário