Há
passagens demasiado vagas em seu texto, que não são precisas em sua
significação e que, por isso mesmo, podem comprometer o sentido que você
pretendeu exprimir. Como exemplo, têm-se os trechos “Naquela época, já começava
a viver por amar aquilo que não era”,
“algo tão alienado que somente a raiz de tantos sonhos pudesse destruir a si
mesma”, “Entendi, então, que vivia por
amar aquilo que não era, mas poderia ser” e “Compreendi, então, que a busca incessante da desmistificação não
era simplesmente impossível... ela minava os próprios alicerces da arte
literária”. Esses e alguns outros trechos estão excessivamente obscuros: seu
total entendimento só é possível para o próprio autor, porque é na sua própria
mente que estão as demais ideias necessárias para compreender tais passagens em
sua plenitude. Um leitor qualquer, que não teve acesso a outras concepções de
mundo do autor, muito provavelmente não será capaz de decifrar com exatidão as
concepções apresentadas no texto.
Com
essas observações não se pretende pregar que todas as produções escritas devem
ser incondicionalmente literais ou que se devem evitar abstrações de qualquer
natureza – não. Um texto que se dê por total literalidade é um texto incapaz de
significar além de suas palavras e, portanto, é um texto potencialmente pobre
em extratextualidade (em oposição ao gênero lírico, por exemplo, que é, por
natureza, complexo e polivalente em seus sentidos). No entanto, para esta
proposta em especial, o memorial, deve-se ter um pouco mais de cautela a esse respeito,
pois como o autor tem de expor suas experiências literárias e intercalá-las com
conceitos teóricos trabalhados em aula, fazem-se prioritárias a clareza e a
precisão. Em outras palavras, neste memorial, o autor deve dizer tudo o que
pretende, efetivamente.
Seria
interessante, ainda assim, se você conseguisse manter o lirismo do qual faz uso
em sua produção textual, pondo-o, é claro, a serviço dos objetivos da proposta
em questão. Para tanto, você pode clarificar as passagens anteriormente
referidas ou contextualizá-las na escrita de forma que fique claro a que coisas
elas se referem – pois não se sabe do que exatamente algumas delas tratam e o
interlocutor, portanto, permanece confuso. Sugere-se que você pelo menos tente mantê-lo porque ele evidentemente
faz parte de seu estilo próprio de escrita, que também constitui sua identidade
de leitor-escritor.
Tratando,
agora, da “mensagem” geral de seu texto: não estão claras as suas experiências
que dizem respeito à sua formação literária. O autor, apesar de falar sobre
alguns dilemas referentes a mitos e desmistificações das estórias que conhece,
não expõe seu processo de letramento propriamente dito, mas se atém a
acontecimentos adjacentes a isso (mudanças pelas quais passou na escolha de seu
curso, conflitos sofridos no decorrer de sua estabilização estudantil etc.).
Procure priorizar os episódios que envolveram a prática da leitura, o modo como
se consolidou o seu estilo de literatura, em quê esse percurso literário
resultou ou as dificuldades (ou facilidades) que teve para se interessar pela
leitura e coisas do gênero. Além disso, é fundamental que você visite alguns
dos conceitos teóricos trabalhados em aula, pois é requisito, para esta
proposta, que você o faça – apoie-se neles para falar de suas concepções de
leitura.
Por
fim, ao elaborar uma segunda versão, procure, antes de tudo, reler a sua
primeira produção escrita. Se o fizer, perceberá que há algumas inadequações
referentes aos aspectos formais e linguísticos do texto, tais como: uso
equivocado do “porquê”, no primeiro parágrafo; emprego equivocado de crase no
terceiro e no penúltimo parágrafos; e ausência de espaço entre vírgulas e
palavras. A formatação, além disso, não está conformada aos padrões, pois o
alinhamento dos parágrafos não está justificado – procure ajustá-lo na
reescrita.
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