sexta-feira, 27 de junho de 2014

Parecer_Aluno 37

Há passagens demasiado vagas em seu texto, que não são precisas em sua significação e que, por isso mesmo, podem comprometer o sentido que você pretendeu exprimir. Como exemplo, têm-se os trechos “Naquela época, já começava a viver por amar aquilo que não era”, “algo tão alienado que somente a raiz de tantos sonhos pudesse destruir a si mesma”, “Entendi, então, que vivia por amar aquilo que não era, mas poderia ser” e “Compreendi, então, que a busca incessante da desmistificação não era simplesmente impossível... ela minava os próprios alicerces da arte literária”. Esses e alguns outros trechos estão excessivamente obscuros: seu total entendimento só é possível para o próprio autor, porque é na sua própria mente que estão as demais ideias necessárias para compreender tais passagens em sua plenitude. Um leitor qualquer, que não teve acesso a outras concepções de mundo do autor, muito provavelmente não será capaz de decifrar com exatidão as concepções apresentadas no texto.
Com essas observações não se pretende pregar que todas as produções escritas devem ser incondicionalmente literais ou que se devem evitar abstrações de qualquer natureza – não. Um texto que se dê por total literalidade é um texto incapaz de significar além de suas palavras e, portanto, é um texto potencialmente pobre em extratextualidade (em oposição ao gênero lírico, por exemplo, que é, por natureza, complexo e polivalente em seus sentidos). No entanto, para esta proposta em especial, o memorial, deve-se ter um pouco mais de cautela a esse respeito, pois como o autor tem de expor suas experiências literárias e intercalá-las com conceitos teóricos trabalhados em aula, fazem-se prioritárias a clareza e a precisão. Em outras palavras, neste memorial, o autor deve dizer tudo o que pretende, efetivamente.
Seria interessante, ainda assim, se você conseguisse manter o lirismo do qual faz uso em sua produção textual, pondo-o, é claro, a serviço dos objetivos da proposta em questão. Para tanto, você pode clarificar as passagens anteriormente referidas ou contextualizá-las na escrita de forma que fique claro a que coisas elas se referem – pois não se sabe do que exatamente algumas delas tratam e o interlocutor, portanto, permanece confuso. Sugere-se que você pelo menos tente mantê-lo porque ele evidentemente faz parte de seu estilo próprio de escrita, que também constitui sua identidade de leitor-escritor.
Tratando, agora, da “mensagem” geral de seu texto: não estão claras as suas experiências que dizem respeito à sua formação literária. O autor, apesar de falar sobre alguns dilemas referentes a mitos e desmistificações das estórias que conhece, não expõe seu processo de letramento propriamente dito, mas se atém a acontecimentos adjacentes a isso (mudanças pelas quais passou na escolha de seu curso, conflitos sofridos no decorrer de sua estabilização estudantil etc.). Procure priorizar os episódios que envolveram a prática da leitura, o modo como se consolidou o seu estilo de literatura, em quê esse percurso literário resultou ou as dificuldades (ou facilidades) que teve para se interessar pela leitura e coisas do gênero. Além disso, é fundamental que você visite alguns dos conceitos teóricos trabalhados em aula, pois é requisito, para esta proposta, que você o faça – apoie-se neles para falar de suas concepções de leitura.

Por fim, ao elaborar uma segunda versão, procure, antes de tudo, reler a sua primeira produção escrita. Se o fizer, perceberá que há algumas inadequações referentes aos aspectos formais e linguísticos do texto, tais como: uso equivocado do “porquê”, no primeiro parágrafo; emprego equivocado de crase no terceiro e no penúltimo parágrafos; e ausência de espaço entre vírgulas e palavras. A formatação, além disso, não está conformada aos padrões, pois o alinhamento dos parágrafos não está justificado – procure ajustá-lo na reescrita.

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