terça-feira, 24 de junho de 2014

Os dois lados da mesma moeda: a leitura.

1ª Versão
Por Aluno 18



Houve um tempo em que eu achava a língua portuguesa era maçante; não passava de um grande número de regras igualmente maçantes e que não entravam na minha cabeça independente do quanto eu tentasse. Quem ou o que poderia provocar uma impressão tão errada sobre a minha língua materna?
 Não era possível entender como a Língua Portuguesa – com letras maiúsculas – que eu via na sala de aula da oitava série do ensino fundamental tinha ligação com o que eu lia fora da escola por diversão, conhecimento, etc. Todas as leituras que eu fazia eram “tijolos” na construção do conhecimento prévio. Percebe-se, portanto, que aquelas aulas de Português da oitava série não passaram de botton-up¹ e ajudaram-me a construir uma visão de que o português era maçante e apenas regras, as quais eu não via uma utilidade. O que faltou? Neste caso, uma visão mais pragmática² no momento da leitura dos textos, deixando de fazer uma simples codificação do que está no material, permitindo que os alunos construam sentidos a partir de sua leitura.
Depois de sair do ensino fundamental, ingressar no ensino médio e entrar em contato com uma professora que abordava a utilização de textos de uma maneira muito mais consciente de que a leitura deve ser feita de uma maneira mais interativa³ fui entendendo que o Português disciplina não era tão isolado dos livros que eu amava ler enquanto não estava na escola, que os dois processos fazem parte de uma grande coisa: meu conhecimento. Assim, fui aprendendo a ver o português de outra maneira – mais interessante – e que ele era muito mais do que regras chatas, afinal, era uma língua extremamente complexa e digna de admiração. Gradativamente fui assimilando que a leitura na escola, muitas vezes, era trabalhada de maneira errada – e isso não era minha culpa e nem de qualquer outro aluno que se sentisse deslocado nessas aulas por elas estarem distantes de sua realidade – quando era trabalhada. A leitura como construção de conhecimento, portanto, deve ser autêntica, vincular-se à realidade do leitor, responder à sua necessidade, suscitar-lhe interpretações livres e liberdade de aprendizado da língua (ROTTAVA, 2000, p.1).
A leitura passa a ser vista como algo muito interessante quando apresentada de uma maneira acessível. É evidente que livros que contêm muita informação nova serão deixados de lado e considerados chatos e considerados inúteis pois não foram compreendidos, não deram parâmetros suficientes e seu conteúdo não provocará uma das principais funções da leitura: o questionamento.
A melhor maneira para que a leitura vire um hábito, além de ser incentivada por outras pessoas, é sabendo identificar qual é o contexto para que ela possa adaptar-se a ele. De acordo com Wallace (1993, apud ROTTAVA, 2000), cada leitura é feita com um propósito: a sobrevivência, a aprendizagem, o prazer.

Referências:
¹ Botton-up – ascendente (de baixo para cima): o texto é usado para questões gramaticais;
² Pragmática – há uma preocupação tanto de quem lerá o texto como para quem o escreve;
³ Interação – “é o termo usado aqui para referir-se à interação entre vários de conhecimento do leitor como também a interação entre o leitor e o autor, por via do texto”, de acordo com Carrell (1988, apud ROTTAVA, 1998).


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