Reescrita
Por Aluno 18
A leitura sempre fez parte da minha vida. Com sete e oito anos eu
não sabia, mas os vários livros que ganhava de presente, todos coloridos,
cheios de figuras e com textos pequenos já faziam parte da formação do meu
conhecimento e exerciam um incentivo – além do que o escolar pode exercer – ao
interesse pela leitura. Meu principal contato com leitura ocorreu entre o fim
do Ensino Fundamental e o início do Ensino Médio. Nesta época, finalmente
conheci a influência que a Literatura pode exercer na vida de alguém – e comigo
não seria diferente. Para fugir de algumas aulas, escondia-me na biblioteca da
escola durante horas e devorava aqueles livros que tanto me intrigavam. Infelizmente,
as aulas nunca me despertaram interesse pela leitura, sempre enxerguei o
conteúdo da sala de aula como algo isolado da leitura social e interessante,
sem papéis importantes para que eu tenha me interessado por ela. Onde as aulas
falharam?
A maneira como a leitura foi abordada na escola foi equivocada. A linguagem
usada nos textos trazidos era inacessível, com muitas informações novas e sem
parâmetros. Não existia interesse de uma discussão sobre os temas abordados; havia
apenas uma decodificação de informações, não uma construção de sentido, uma
maneira mais pragmática de ver a leitura. Por isso, desisti de tentar entender
aquelas aulas e tratei de conhecer não só a literatura, mas qualquer leitura
que pudesse ensinar-me algo importante para a vida por conta própria, sem
incentivo da escola. No entanto, nem todos os alunos possuem a mesma vontade
e/ou meios para tal. Por isso é tão importante que temas mais próximos da
realidade dos alunos sejam trabalhados. A partir disso, percebi que “a leitura
só é parte da construção do conhecimento como prática social que se insere nas
práticas discursivas de que o leitor participa no cotidiano” (ROTTAVA, 2000, p.
13). Infelizmente, nunca entenderia as aulas se a maneira do professor se
comunicar e os textos trazidos não mudassem, não fossem interessantes e não
fizessem parte do meu conhecimento prévio.
A leitura está em qualquer parte: em contas, placas, anúncios,
cartas. Porém, para que ela seja vista como algo importante e indispensável,
mas, acima de tudo, acessível, precisa-se trabalhar a ideia de que “grande
parte dessa responsabilidade – de despertar, incentivar e motivar a leitura – é
também dos pais, que devem proporcionar aos seus filhos o acesso às publicações
e incentivá-los à leitura” (ROTTAVA, 2000, p. 13). E nenhuma deve, portanto, ser
desprezada, pois “a leitura está ligada a diferentes propósitos do leitor que,
por sua vez, estão ligados ao contexto situacional e às expectativas sociais”
(ROTTAVA, 2000, p. 14).
Por fim, os dois lados da moeda – a leitura dentro e fora da escola
– estavam ligados e, com um questionamento maior, percebe-se que escola tem um
papel muito importante no incentivo da leitura. Se trabalhada para os alunos e
não para cumprir obrigações, mais próxima de seus alunos, cumprirá seu papel:
informar, ensinar, entreter, questionar, etc. A leitura da escola e aquela fora
dela são as mesmas, porém vistas e trabalhadas de maneiras distintas.
Referência:
ROTTAVA, Lucia. A Importância da Leitura na
Construção do Conhecimento. Espaços da Escola, Editora Unijuí. Jan./Mar.2000.
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