1ª
Versão
Por Aluno 16
Por volta de meus 5 anos de
idade, havia na minha casa um livro ilustrado que era fascinante. Lembro das
ilustrações como se fosse hoje, folheava as
páginas diversas vezes e a capa era o mais intrigante: nela, havia um
grupo de adolescentes que lia o mesmo livro, o que causava uma espécie de
imagem infinita, pois o mesmo livro implica na mesma imagem, a qual vai
diminuindo infinitamente. Foi com esse livro que aprendi a ler, com a ajuda de
minha mãe que viu minha necessidade de compreendê-lo. O livro, por sinal, era
exatamente para isso: ensinar crianças a ler. Nele apareciam as letras, as
sílabas e algumas gravuras que auxiliavam na aprendizagem. É nesse momento de
minha infância que percebo a necessidade de incentivo da família, como está
dito no fragmento de Lúcia Rottava em A
Importância de Leitura na Construção do Conhecimento, página 13, na qual
ela cita que a família não deve deixar somente para a escola o papel de
despertar, incentivar e motivar a leitura.
Mais velha, por volta de meus 12
anos, eu estava decidida que odiava ler. Isso porque os livros que a escola pedia eram chatos e difíceis; ler era um
martírio, uma obrigação. Lembro-me de ter lido A Moreninha, O cortiço e Dom
Casmurro, detestei todos! Leitura difícil, sem contexto, idiota e
principalmente obrigatória.
Definitivamente não eram livros para a sétima série ler, ora, havia tanto para
se descobrir, um mundo inteiro me esperava lá na rua e eu sendo obrigada a ler O Grito dos Mudos. Nessa parte de minha
vida, acredito que não me interessava a ler tais leituras, porque não tinha
conhecimento prévio ou senso crítico; também é válido citar que o professor
deve preparar seu aluno para a compreensão textual, iniciando-o com textos mais
simples. Para isso, consideremos o trecho:
“No entanto, acredito que um dos
muitos fatores envolvidos na dificuldade que um principiante encontra para
chegar a ler fluentemente é que os textos que ele lê são muitas vezes difíceis
demais para ele” (Perini, M.A.: “Tópicos discursivos e a legibilidade dos
textos”, 1980)
Foi no natal de 2007, no amigo
secreto da família, que minha tia-avó me presenteou com um livro, um livro
grosso (para a época), de capa sem graça e desestimulador. Tudo que eu pensei:
Velha idiota, só dá presente que ninguém quer.
Depois de sete meses servindo de
calço para a estante da TV, resolvi abrir o livro. Não se engane o leitor que
foi por vontade própria, a verdade é que as férias de julho chegaram e a
empresa de internet não vinha arrumar
o maldito modem estragado, ou seja, o
tédio e a inércia estavam tomando um cafezinho interminável comigo.
O nome do livro era Crepúsculo, de Stephenie Meyer. Para
início de conversa, eu nem sabia o que era crepúsculo, mas comecei a ler,
conhecer os personagens, imaginar os cenários e de repente eu estava tão
apaixonada por aquela leitura que sentar à mesa para comer era perda de tempo.
Uma leitura fácil, um enredo
tranqüilo para a memória e é claro: um amor idealizado! Toda pré-adolescente
sonha com um amor impossível, ou seja, o livro era incrível. Há também a
presença do fantástico, do inexistente, que causou maior fascínio de minha
parte, pois eu estava lendo a minha primeira leitura de verdade e nunca havia
me deparado com a literatura fantástica. Conforme o texto sugerido de apoio de
Lúcia Rottava em “A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento”
(2000), Rottava faz uma reflexão final bastante interessante, nela afirma que a
leitura deve provocar no leitor uma reação e isso permitirá que sejam emitidas
opiniões, pois aceitar ou recusar um tema ou um assunto é, muitas vezes, o
ponto de partida para a construção do conhecimento.
Passado em torno de um ano, o
livro virou febre entre as meninas de minha idade. Todas o amavam e discutiam
sobre ele na escola. Mas como toda moda, há críticas! Li e ouvi críticas
incrivelmente cruéis vindas de adultos que, obviamente, não entenderam o
público alvo da obra. É claro que o livro não é esplêndido, nele não há nada de
inesperado ou muito interessante, a linguagem é simples e “pobre”, mas para uma
pessoa que está no começando uma iniciação com a leitura, é um livro cativante
e encantador.
Com Crepúsculo, pude evoluir para
outros livros mais interessantes e complexos, assim adquiri um senso crítico e
certa capacidade de seleção para meu gosto literário. Ainda não gosto de O Cortiço, no entanto, A Moreninha, Dom Casmurro e O Grito dos
Mudos são leituras que adoro reler. Acredito que naquele momento de minha
vida, essas obras não eram as adequadas para minha idade e também que isso é
fruto de um ensino ditatorial, onde todos devem conquistar um conhecimento
prévio sem serem apresentados a ele. Por fim, permito-me ressaltar que uma
leitura como Crepúsculo, talvez mais
curta, todavia com a mesma linguagem fácil e voltada para o jovem, seja o ideal
para a iniciação literária na escola, pois assim o aluno é estimulado a
conhecer novos caminhos e histórias diferentes.
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