quinta-feira, 26 de junho de 2014

O começo da história

Reescrita
Por Aluno 23


Ao iniciar a vida acadêmica, um adolescente de 17 anos possui muito mais dúvidas do que certezas. A escolha do curso acadêmico é o primeiro grande obstáculo para entrar na vida adulta, e comigo não foi diferente. Após um ano inteiro preparando-me para o vestibular é chegada a tão esperada aprovação: bixo História 2008. Foi assim que minha caminhada de leitura começou e acredito que não poderia ser de maneira melhor.
Ao entrar no curso de história, me deparei com um formato de texto novo: acadêmico-científico. Ensinaram-me que a fonte do texto é importante, pois a voz do interlocutor legitima sua fala. Recebi uma carga de leitura grande e os textos eram muito interessantes, pois tinham como fins o estudo da Grécia, Roma e Egito é algo que nos traz uma reflexão sobre o início da nossa civilização. Entretanto, a falta de estímulo dos professores e a triste perspectiva de “morrer de fome” com salários muito baixos fez com que eu desistisse do curso de história no final do primeiro semestre.
Bixo Direito 2008/2. Foi dessa maneira que decidi mudar radicalmente minha história acadêmica. Agora com a certeza de ganhar dinheiro e poder chegar a uma posição de sucesso dentro da sociedade, imergi em um novo mundo de leituras. Percebi a importância de a leitura estar ligada a um propósito real na minha vida, assim como a perspectiva interativa, da década de 80, a leitura tem seu significado de acordo com os propósitos individuais. Meu propósito, neste momento, era passar em um concurso público, direito constitucional e, administrativo eram o tipo de leituras que eu necessitava para alcançar meus objetivos. É nesse sentido que Rottava (1998) ressalta:
O modelo interativo tem como pressuposto que a construção de sentidos é um processo dinâmico. Os leitores podem fazer diferentes leituras sempre que estiverem imbuídos de m novo propósito, ou quando as leituras forem discutidas com diferentes interlocutores, isto é, propósito ou o interlocutor direcionará as diferentes leituras. (p. 62)
Passei três semestres de minha vida estudando no período matutino, trabalhando no período da tarde e estudando para concurso pela noite e, portanto, estava imersa no mundo do direito. Com leituras ligadas à sociologia e à filosofia, percebi que gostava de ler, não apenas com um propósito de aprendizagem, como também com o propósito de prazer (ROTTAVA, 2000, p.14). Minha vida acadêmica encaminhava-se para o sucesso, porém estava infeliz e teria que tomar uma decisão importante: ou continuar em um curso que provavelmente me daria um futuro com êxito financeiro ou partir para um novo começo, escolhi o novo.
No dia em que recebei a notícia que seria bixo Letras 2012, foi um marco em minha vida. Ao entrar no novo curso, já possuía um conhecimento prévio maior do que nas outras tentativas, e não só de leitura como também de mundo (ROTTAVA, 2000, p.15). Acredito que todas as experiências anteriores constituíram a minha personalidade leitora, e fizeram com que eu me tornasse uma pessoa letrada (ROTTAVA, 2000), adquirira o costume de comprar livros e agora não os lia apenas por obrigação. Neste momento, poderia aproveitar as leituras necessárias à construção do meu conhecimento no novo mundo das letras. 
Assim sendo, de toda esta caminhada o que considero principal, e fez com que o mundo da educação tivesse um novo sentido, foram meus estudos de pesquisa. Logo no segundo semestre do curso de Letras, entrei em uma bolsa de iniciação científica, aonde meu conhecimento prévio foi extremamente importante, pois as leituras que fiz até este momento traçaram um panorama histórico e legal de nossa sociedade. Hoje, após cinco semestres na universidade, trabalho em dois projetos de pesquisa que dialogam justamente com os conceitos de justiça social e utilizam os mecanismos legais para defender o direito à educação. Minhas experiências de leitura, sem dúvida, formaram minha personalidade e a vontade de lutar por uma sociedade mais igual. Portanto, acredito que estou apenas no início de uma longa história, chegará o momento em que me tornarei uma pesquisadora e irei contribuir com textos acadêmicos que, assim como a mim, contribuirão para a formação de novos estudantes.



Bibliografia
ROTTAVA, Lucia. A Leitura e a Escrita na Pesquisa e no Ensino. Espaço da Escola, ano 4, nº 27, p. 61 – 68, jan/mar 1998.

ROTTAVA, Lucia. A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento. Espaço da Escola, ano 9, n35, p. 11 – 16, jan/mar 2000.

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