1ª Versão
Por Aluno 30
Perdi horas dessa tarde de sábado tentando lembrar como
havia iniciado minha experiência com a leitura. Busquei na memória os primeiros
anos da escola e nada encontrei, apenas consegui lembrar os momentos de
brincadeiras, até que decidi vasculhar minha estante e encontrei no alto dela
uma caixinha com pequenos livros publicados em 1996 quando eu tinha apenas um
ano de idade; os livros de 5 páginas com formatos diferentes, muita cor, cheio
de animais e um jogo na contra capa eram meus preferidos na infância neles havia
o guarda totó, um cachorrinho lindo que era policial da cidade, o bombeiro pig
que era um porquinho adorável, o castor escavador, a gatinha pescadora entre
muitos outros animais com funções humanas. Meus pais não conseguiam entender
como eu gostava tanto deles.
Hoje consigo entender a razão, segundo o texto de Rottava
(1998) o leitor interage com o texto de várias maneiras: através dos níveis da
língua no interior do texto, das relações com outros textos, das experiências,
com o propósito do leitor e com seu papel social; e aquelas frases rimadas em
uma linguagem acessível e viciante ensinavam a mim meu papel social, interagiam
comigo, os pequenos livros eram relacionados e, ao mesmo tempo que, uns
tratavam de coisas que eu já conhecia outros me ensinavam coisas novas de
acordo com meu propósito, aprender.
Mesmo que não entendesse exatamente o porque gostava de
ler eu entendia que ler havia razão pra mim e por isso queria ler sempre mais.
Então, logo me apaixonei pelos desenhos e histórias da Disney e, assim que pude,
adquiri o “Tesouro de Clássicos: Disney I” uma caixa com 5 livros de capa fofa
que me contavam as histórias que mais gostava, sempre com uma música que começava
a tocar assim que abria o “baú do tesouro”. Acredito que nessa época era
considerada uma leitora já que Rottava diz em seu artigo de 2000 que formar
leitores envolve garantir que esses cultivem e exerçam a pratica de leitura, e
eu tinha essa prática, eu lia todos os dias, as vezes livros repetidos ou
livros do “Tesouro de Clássicos: Disney II” e do “Meu pequeno cofre dos Contos
de Grimm” da mesma coleção que eu já havia feito questão de comprar na época.
Passada essa fase não consigo me lembrar de momentos
marcantes envolvendo a arte de ler e interpretar livros até a minha quinta
série onde fui obrigada a ler Dom Casmurro de Machado de Assis o qual odiei
ferozmente; quando me perguntavam o porque eu respondia que achava o texto
chato, os personagens chatos e qualquer coisa que viesse na minha cabeça que
pudesse ser usada de pretexto pra criticar a obra mas a verdade é que eu não
havia conhecimento prévio para entender o conflito central da obra, o texto de
Rottava (2012) confirma que sem esse conhecimento seria realmente difícil meu
entendimento e, consequentemente, difícil obter aprovação. Na quinta série eu
era jovem demais para entender de amor, relacionamentos e traição fato que
mudou um pouco com o passar dos anos e no ensino médio, ao reler a obra, me
apaixonei e hoje o tenho como um dos meus livros preferidos.
Atualmente obtenho certa dificuldade em alguns textos do
primeiro semestre de letras, fato também explicado no texto de 2012 (Rottava),
já que estou aprendendo coisas novas que nunca tive contato antes e, também,
porque ainda não obtive o ritmo de leitura necessário para dar conta de todas
as leituras. Com o passar do tempo e com o adquirir de experiência os textos
ficaram cada vez mais claros e menos maçantes e assim espero conseguir
entende-los na primeira leitura para que eu tenha mais tempo de degustá-los com
reflexão e compreensão.
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