Reescrita
Por Aluno 25
Memórias de uma Gueixa é o livro que
me vem à cabeça ao ser solicitada a escrever um memorial sobre minha vida
literária, a qual, apesar da idade, não é longa. Mas sobre este livro explico
melhor ao final de meu memorial, farei um pouco de mistério, caro leitor, e no
fim de tudo entenderás.
Minha vida literária não é longa
porque comecei a me interessar de verdade por literatura faz poucos anos. Não
que não tenha lido anteriormente, mas quando criança e até mesmo em minha
adolescência, livros não chamavam minha atenção, apesar de ter lido alguns
livros indicados por amigos, mas isso quando já tinha 18 ou 19 anos.
Nunca fui muito de ler e isso não me
foi cobrado em casa por meus pais, talvez por não tiverem o costume da leitura
ou pensarem que este exercício de ler não fosse necessário. A imagem de minha
mãe lendo é muito recente e a de meu pai ainda não existe, nunca vi meu pai ler
nada além do Correio do Povo. Assim, comecei a ler tardiamente. Uma lástima,
pois eles deveriam ter proporcionado esse mundo mágico, onde viajamos parados e
imaginamos outra dimensão, a mim e meu irmão. É como explica a citação a
seguir: “Grande parte dessa responsabilidade é também dos pais, que devem
proporcionar aos seus filhos o acesso às publicações e incentivá-los á leitura”.
(ROTTAVA, 2000, p. 13)
Da escola, não tenho lembranças de
leitura, a não ser aquelas obrigatórias trazidas pela professora para que
fizéssemos exercícios de perguntas e respostas ou gramaticais, eram livros
difíceis para minha idade talvez ou até mesmo por não ter o hábito da leitura
em casa tornavam-se difíceis para mim. Mais ou menos como comenta Rottava
(1998) e que após a leitura do mesmo as coisas começam a fazer sentido, consigo
entender o porquê de o gosto pela leitura começar já na fase adulta para
muitos:
“O papel do
aluno era determinado pelo material, as atividades a desempenhar se restringiam
às operações linguísticas prescritas pelo professor. A atividade de intervenção
do professor se limitava a verificar a forma correta dessas prescrições, marcar
os erros e orientar os aprendizes para “bons” exercícios e livros de gramática;
o professor exercia um papel somente de avaliador de uma tarefa eminentemente
escolar”.(p. 63)
Lembro-me de “As aventuras do avião vermelho”, de Érico Veríssimo, do livro, que
fique bem claro, pois da história não tenho memória, apenas que li e reli
várias vezes e que gostava muito de uma ilustração específica do livro. Tive
que ir ao Google procurar sobre esta memória e, perdão, mas certamente terei que
recorrer a esta ferramenta no decorrer de minha escrita.
Outra memória que tenho é de que li
Poliana e Poliana Moça, muito clichê, eu entendo, mas no começo dos anos 80 era
o máximo, nem lembro quem me deu ou o porquê de ter lido ambos, muito menos sobre
o que tratava cada um dos livros. Talvez quem tenha me dado este livro foi
minha avó, uma mulher muito viajada e culta, eu amava ouvir suas histórias
sobre suas viagens, ela conheceu o mundo inteiro eu acho, mas não recordo de
vê-la com um livro na mão.
Escrever este Memorial me deixa a
cada linha mais certa de que, definitivamente, perdi muitos neurônios em minha
adolescência. Que triste, pois o esforço mental é grande para me lembrar de
poucas leituras.
“Buenas”, voltemos às memórias,
minhas e não da gueixa, ainda, não se preocupe que falarei dela.
Eu tinha 17 ou 18 anos, quando um
amigo me disse para ler “Admirável Mundo Novo” de – pausa para “googlear” –
Aldous Huxley. Como vivíamos sem o Google? Ok, eu entendo, por isso temos menos
neurônios e nossas (minha) memórias já não funcionam tão bem. Mas voltando ao
Mundo Novo, o qual me lembro de um pouco mais do que os outros livros que já
mencionei, recordo que achei a história muito interessante e que já naquela
época achei o assunto ainda atual, pois o livro é de 1932. Sobre o mesmo
assunto de Huxley assisti, em 2013, ao filme americano “Soylent Green”, ou
seja, um futuro hipotético onde pessoas são controladas psicologicamente por
aqueles que detêm o poder através de uma “droga” (a qual Huxley chamou de Soma)
ou um “alimento” (tabletes verdes chamados Soylent Green no filme d mesmo
nome). Uma loucura que não vejo como possível em um mundo onde cada vez mais se
questiona sobre o certo e o errado.
Em 1995, ganhei de meu tio o livro
“Mundo de Sofia” de Jostein Gaarder, em uma tentativa de me aproximar da
leitura; acredito, não obstante seja ele um leitor assíduo desde sempre.
Absurdo, mas não me lembro do conteúdo, apenas que demorei muito a ler e tive
que ler e reler várias partes, pois achei um livro difícil. Sabe aqueles livros
que queremos reler? Este é um dos meus, de repente meu conhecimento prévio na
época não era suficiente para a leitura deste livro e hoje filosofia é um
assunto que me desperta interesse.
“A compreensão
de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização do conhecimento
prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido
ao longo de sua vida.” (KLEIMAN, 1995, p. 13)
“...a pouca
familiaridade com o assunto pode causar incompreensão.” (KLEIMAN, 1995, p. 20)
Passei alguns anos sem ler algo
significativo, pois lembro que quando morei em Londres lia muito os jornais e
revistas para ajudar no aprendizado do inglês, mas não me recordo de ler
livros. Apesar disso reconheço que adquiri um bom conhecimento de mundo.
Quando voltei de viagem e fiz 2 anos
do curso de Geografia na PUCRS gostei dos livros de geopolítica, em especial “A
Nova Ordem Mundial” de José William Vesentini; tenho um apego especial por este
livro, o qual ainda está em minha prateleira, porque mesmo sendo de 1995 ainda
pode ser útil, já que trata dos acontecimentos no mundo entre 1989 e 1991, como
a queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética.
Comecei a faculdade de Direito já com
26 anos e assim passei anos lendo sobre normas jurídicas, Códigos de leis e
livros de todos os direitos, com predileção, sempre, pelo direito civil. Porém,
penso que toda essa leitura acadêmica tenha sido para formar mais um
conhecimento enciclopédico do que de mundo.
E depois de anos lendo sobre Direito,
comecei a ler livros diversos, de tudo um pouco como se diz coloquialmente e,
em 2005, entra a história do livro com o qual comecei este memorial, Memórias
de uma Gueixa, meu primeiro livro em inglês lido do começo ao fim; gostei tanto
que o li duas vezes e depois, claro, assisti ao filme. Desde então minha carga
literária vem aumentando e agora na Faculdade de Letras posso dizer que a cada
semana. Devo admitir que nem tudo que leio gosto, mas como já disse uma vez em
outro texto meu “preciso experimentar porque só assim poderei dizer se gosto ou
não gosto” (FERNANDES, 2014).
Minha biblioteca é pequena, mas bem
eclética.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES, Luciana E.. Aprendendo a comer. Tarefa II da
disciplina Leitura e Produção Textual. In: http://textosletras1sem.blogspot.com.br/2014/05/aprendendo-comer_21.html,
2014
KLEIMAN, Angela. Texto e Leitor:
Aspectos Cognitivos da Leitura. 4ª Edição. Ed. Campinas, SP: Pontes, 1995.
ROTTAVA, Lucia. A Leitura e a Escrita na Pesquisa e
no Ensino. In: Espaços da escola. Ed. Unijuí, Ano
4, n° 27, p. 61- 68. Jan./Mar. 1998.
_________, Lucia. A importância da
leitura na Construção do Conhecimento. In:
Espaços da escola, Ed. Unijuí, Ano 9, n° 35, p. 11-16. Jan./Mar. 2000
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