quinta-feira, 26 de junho de 2014

Memórias de uma vida nem tão literária assim.

Reescrita
Por Aluno 25


Memórias de uma Gueixa é o livro que me vem à cabeça ao ser solicitada a escrever um memorial sobre minha vida literária, a qual, apesar da idade, não é longa. Mas sobre este livro explico melhor ao final de meu memorial, farei um pouco de mistério, caro leitor, e no fim de tudo entenderás.
Minha vida literária não é longa porque comecei a me interessar de verdade por literatura faz poucos anos. Não que não tenha lido anteriormente, mas quando criança e até mesmo em minha adolescência, livros não chamavam minha atenção, apesar de ter lido alguns livros indicados por amigos, mas isso quando já tinha 18 ou 19 anos.
Nunca fui muito de ler e isso não me foi cobrado em casa por meus pais, talvez por não tiverem o costume da leitura ou pensarem que este exercício de ler não fosse necessário. A imagem de minha mãe lendo é muito recente e a de meu pai ainda não existe, nunca vi meu pai ler nada além do Correio do Povo. Assim, comecei a ler tardiamente. Uma lástima, pois eles deveriam ter proporcionado esse mundo mágico, onde viajamos parados e imaginamos outra dimensão, a mim e meu irmão. É como explica a citação a seguir: “Grande parte dessa responsabilidade é também dos pais, que devem proporcionar aos seus filhos o acesso às publicações e incentivá-los á leitura”. (ROTTAVA, 2000, p. 13)
Da escola, não tenho lembranças de leitura, a não ser aquelas obrigatórias trazidas pela professora para que fizéssemos exercícios de perguntas e respostas ou gramaticais, eram livros difíceis para minha idade talvez ou até mesmo por não ter o hábito da leitura em casa tornavam-se difíceis para mim. Mais ou menos como comenta Rottava (1998) e que após a leitura do mesmo as coisas começam a fazer sentido, consigo entender o porquê de o gosto pela leitura começar já na fase adulta para muitos:
“O papel do aluno era determinado pelo material, as atividades a desempenhar se restringiam às operações linguísticas prescritas pelo professor. A atividade de intervenção do professor se limitava a verificar a forma correta dessas prescrições, marcar os erros e orientar os aprendizes para “bons” exercícios e livros de gramática; o professor exercia um papel somente de avaliador de uma tarefa eminentemente escolar”.(p. 63)
Lembro-me de “As aventuras do avião vermelho”, de Érico Veríssimo, do livro, que fique bem claro, pois da história não tenho memória, apenas que li e reli várias vezes e que gostava muito de uma ilustração específica do livro. Tive que ir ao Google procurar sobre esta memória e, perdão, mas certamente terei que recorrer a esta ferramenta no decorrer de minha escrita.
Outra memória que tenho é de que li Poliana e Poliana Moça, muito clichê, eu entendo, mas no começo dos anos 80 era o máximo, nem lembro quem me deu ou o porquê de ter lido ambos, muito menos sobre o que tratava cada um dos livros. Talvez quem tenha me dado este livro foi minha avó, uma mulher muito viajada e culta, eu amava ouvir suas histórias sobre suas viagens, ela conheceu o mundo inteiro eu acho, mas não recordo de vê-la com um livro na mão.
Escrever este Memorial me deixa a cada linha mais certa de que, definitivamente, perdi muitos neurônios em minha adolescência. Que triste, pois o esforço mental é grande para me lembrar de poucas leituras.
“Buenas”, voltemos às memórias, minhas e não da gueixa, ainda, não se preocupe que falarei dela.
Eu tinha 17 ou 18 anos, quando um amigo me disse para ler “Admirável Mundo Novo” de – pausa para “googlear” – Aldous Huxley. Como vivíamos sem o Google? Ok, eu entendo, por isso temos menos neurônios e nossas (minha) memórias já não funcionam tão bem. Mas voltando ao Mundo Novo, o qual me lembro de um pouco mais do que os outros livros que já mencionei, recordo que achei a história muito interessante e que já naquela época achei o assunto ainda atual, pois o livro é de 1932. Sobre o mesmo assunto de Huxley assisti, em 2013, ao filme americano “Soylent Green”, ou seja, um futuro hipotético onde pessoas são controladas psicologicamente por aqueles que detêm o poder através de uma “droga” (a qual Huxley chamou de Soma) ou um “alimento” (tabletes verdes chamados Soylent Green no filme d mesmo nome). Uma loucura que não vejo como possível em um mundo onde cada vez mais se questiona sobre o certo e o errado.
Em 1995, ganhei de meu tio o livro “Mundo de Sofia” de Jostein Gaarder, em uma tentativa de me aproximar da leitura; acredito, não obstante seja ele um leitor assíduo desde sempre. Absurdo, mas não me lembro do conteúdo, apenas que demorei muito a ler e tive que ler e reler várias partes, pois achei um livro difícil. Sabe aqueles livros que queremos reler? Este é um dos meus, de repente meu conhecimento prévio na época não era suficiente para a leitura deste livro e hoje filosofia é um assunto que me desperta interesse.
“A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização do conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida.” (KLEIMAN, 1995, p. 13)
“...a pouca familiaridade com o assunto pode causar incompreensão.” (KLEIMAN, 1995, p. 20)
Passei alguns anos sem ler algo significativo, pois lembro que quando morei em Londres lia muito os jornais e revistas para ajudar no aprendizado do inglês, mas não me recordo de ler livros. Apesar disso reconheço que adquiri um bom conhecimento de mundo.
Quando voltei de viagem e fiz 2 anos do curso de Geografia na PUCRS gostei dos livros de geopolítica, em especial “A Nova Ordem Mundial” de José William Vesentini; tenho um apego especial por este livro, o qual ainda está em minha prateleira, porque mesmo sendo de 1995 ainda pode ser útil, já que trata dos acontecimentos no mundo entre 1989 e 1991, como a queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética.
Comecei a faculdade de Direito já com 26 anos e assim passei anos lendo sobre normas jurídicas, Códigos de leis e livros de todos os direitos, com predileção, sempre, pelo direito civil. Porém, penso que toda essa leitura acadêmica tenha sido para formar mais um conhecimento enciclopédico do que de mundo.
E depois de anos lendo sobre Direito, comecei a ler livros diversos, de tudo um pouco como se diz coloquialmente e, em 2005, entra a história do livro com o qual comecei este memorial, Memórias de uma Gueixa, meu primeiro livro em inglês lido do começo ao fim; gostei tanto que o li duas vezes e depois, claro, assisti ao filme. Desde então minha carga literária vem aumentando e agora na Faculdade de Letras posso dizer que a cada semana. Devo admitir que nem tudo que leio gosto, mas como já disse uma vez em outro texto meu “preciso experimentar porque só assim poderei dizer se gosto ou não gosto” (FERNANDES, 2014).
Minha biblioteca é pequena, mas bem eclética.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES, Luciana E.. Aprendendo a comer. Tarefa II da disciplina Leitura e Produção Textual. In: http://textosletras1sem.blogspot.com.br/2014/05/aprendendo-comer_21.html, 2014
KLEIMAN, Angela. Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura. 4ª Edição. Ed. Campinas, SP: Pontes, 1995.
ROTTAVA, Lucia. A Leitura e a Escrita na Pesquisa e no Ensino. In: Espaços da escola. Ed. Unijuí, Ano 4, n° 27, p. 61- 68. Jan./Mar. 1998.
_________, Lucia. A importância da leitura na Construção do Conhecimento. In: Espaços da escola, Ed. Unijuí, Ano 9, n° 35, p. 11-16. Jan./Mar. 2000

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