A descrição do processo feita pela
autora está detalhada, mas ainda assim um tanto quanto genérica: o modo como o
espaço físico é reconstruído no texto pode aplicar-se a qualquer descrição de
outros lugares públicos que compartilhem das mesmas características (semáforos,
faixas de segurança, aglomeração de pessoas, etc). Feita essa observação,
sugere-se à autora uma descrição que faça da Avenida Cavalhada um lugar
peculiar, reconhecível mesmo sem a necessidade de fazer menção ao nome da rua.
Isso também fará o texto único e mais interessante, pois quando um autor obtém
certo grau de originalidade, é mais fácil o processo de envolvimento do
interlocutor com a produção escrita.
Algo de igual importância e que,
além disso, pode ajudar a conferir mais verossimilhança às concepções da autora
é o desenvolvimento de algumas ideias que foram brevemente pinceladas ao longo
do texto: por que ou de que modo a autora estima a referida avenida? Também
seria igualmente interessante explicar, de alguma forma, por que é relevante
mencionar que a travessia ocorre especificamente às seis horas da manhã; a
autora pode dar uma razão para a especificidade do horário, por exemplo, pois
assim o título (e a introdução também: “Nem em qualquer horário”) parecerão, de
fato, motivados. Procure, ademais, esclarecer por que não se recomenda
atravessar a faixa para pedestres mediante “corridinhas saltitantes ou passo de
tartaruga”: essas minúcias podem enriquecer o texto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário