segunda-feira, 2 de junho de 2014

Ralando os joelhos, com Tobias

1ª Versão
Por Aluno 11



Aposto com você, leitor, que nunca lhe passou pela cabeça a vontade de se “estabacar” no chão e ralar seus belos joelhos. Por consequência, provavelmente, você nunca se deu ao trabalho de pensar a respeito do assunto, mas acalme-se, pois venho através deste para lhe esclarecer todo o processo de como ralar os seus joelhos. Para facilitar a explicação, apresento-lhes meu assistente, Tobias, que porá os seus nus joelhos em carne viva em prol do seu conhecimento. Obrigado, Tobias. Sem mais delongas, prepare-se e acompanhe, atentamente, o desenvolver deste processo.
Tobias está aflito, porém determinado a realizar sua dura tarefa de exemplificação. Ele põe luvas de proteção, assim como capacete e cotoveleiras. Nosso destemido ajudante veste um daqueles shorts de jogadores de futebol da década de 60, ou seja, deixa seus joelhos bem à mostra. Empurrando sua bicicleta lentamente, semelhante ao gado rumo ao abate, Tobias escolhe uma longa e reta estrada de terra, cheia de buracos e irregularidades, com minúsculas pedrinhas que ao chocarem-se com a pele, penetram profundamente e lá ficam, escondidas meio ao sangue e a terra.
Em fim o derradeiro momento chega. Destemido, Tobias segura firme os punhos do guidão, em pé ao lado de sua bicicleta. Equilibrando-se sobre a perna esquerda, passa a perna direita sobre a bicicleta e, com o pé esquerdo ainda apoiado ao chão, acomoda seu pé direito no respectivo pedal. Sentando-se no banco, Tobias torce as manoplas do guidão, como se estivesse a acelerar uma motocicleta, e serrando os olhos, parte para o seu destino. Ele sai, deixando uma nuvem de poeira e um rastro de sua arrancada marcado no chão de terra. Já com a bunda fora do assento, empinada, a fim de fazer mais força no pedalar, logo, nosso herói, por assim dizer, atinge a maior velocidade que conseguira. O trajeto em linha reta, porém completamente irregular, faz a bicicleta trepidar, subir e descer, como um touro enfurecido em uma tourada. Eis que o trajeto fica plano, com total ausência de buracos, anunciando o ápice da jornada de Tobias. Uma pequena lombada, semelhante a um quebra-molas, está logo à frente. Mantendo sua velocidade máxima, Tobias chega até o aclive, e por instantes ele pode voar, tal qual os pássaros que sobrevoam e presenciam a cena catastrófica do nosso jovem destemido. Com ambas rodas no ar, Tobias gira, em um movimento brusco, o guidão de sua Caloi 10 o máximo que pode. Sua roda traseira toca o chão, a bicicleta continua em alta velocidade. Tobias, com os olhos fechados espera o momento em que a roda dianteira, que está em sentido perpendicular à estrada, toque a mesma. E, tão rápido quando a arrancada, sua roda dianteira toca o solo, travando de forma truculenta e repentina a trajetória retilínea de Tobias, projetando o mesmo para frente. Pela segunda vez, tal qual os pássaros, nosso grande Tobias pode voar, e aterrissará de forma majestosa. Em um movimento instintivo ele leva as mãos ao rosto, enquanto está ainda no ar, o que de nada adiantará aos seus joelhos, que tocam o solo antes de qualquer outra parte do corpo. Deslizando sobre a áspera superfície, as pedrinhas, aquelas que mencionei anteriormente, rasgam a pele de Tobias, que com os joelhos lavados em sangue e impurezas, fica imóvel a gemer de bruços no chão. E o resultado? Um grande sucesso, belos joelhos ralados.

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