1ª
Versão
Por Aluno 18
Ele entrou no
café que tinha logo na esquina. Olhou seu relógio e percebeu que estava dez
minutos adiantado. Feliz, suspirou aliviado. Se havia algo que deixava aquele
homem irritado, era o fato de chegar atrasado a algum compromisso. Para ele,
atrasar-se era sinônimo de irresponsabilidade, falta de educação para com a
outra pessoa. Depois de conseguir um lugar para sentar, pediu uma xícara de
café e uma fatia de bolo. Após terminar sua refeição, olhou no relógio
novamente: o horário combinado havia chegado. Sentiu que seu estômago começara
a embrulhar, mas respirou fundo e pensou que tecnicamente a pessoa ainda estava
no prazo de chegar no horário combinado. Cinco, dez, quinze minutos se passaram
e ele permanecia sozinho. Com os dedos batendo impacientemente na mesa, o homem
pensou em ligar para a pessoa por quem esperava, porém achou que pareceria muito
desesperado. E se aconteceu alguma coisa? Um acidente, por exemplo. Oh meu
Deus! Não, isso é loucura. É apenas um atraso e nada mais. Outros quinze
minutos passados. E se houve confusão no horário marcado? Mas ela – a pessoa –
disse dez horas. Pior: e se ele estivesse no lugar errado? Não, isso era
impossível. O endereço combinado era a Cafeteria da esquina da rua x. Olhando
de dois em dois segundos para a entrada, o homem começou a pensar que talvez
fosse uma brincadeira de mau gosto com ele. E se a pessoa tivesse se atrasado
propositalmente? Para o homem, trinta minutos de atraso era algo muito difícil
de aguentar. Em sua mente, xingava a pessoa e jurava não marcar nunca mais
algum compromisso com ela, pois detestava pessoas irresponsáveis – já que, para
ele, atraso era sinônimo de irresponsabilidade. Levantou-se, pagou a conta e
foi para a entrada da cafeteria; pelo menos ele poderia avistá-la mais rápido
quando chegasse. Caminhando de um lado para o outro, olhando o relógio,
resolveu ligar pela primeira vez: sua chamada está sendo encaminhada para a
caixa de mensagem e... E agora? As possibilidades eram muitas, mas apenas uma
passava pela mente do homem: aconteceu alguma coisa com ela. Desesperado,
começou a roer as unhas. Seu estômago doía. Caminhava de um lado para o outro e
já não sabia se sentia raiva ou preocupação com a pessoa. Ligou pela segunda vez. Mensagem na caixa
postal de novo. Agora era oficial – na mente dele: aconteceu algo. Não tinha
como se comunicar e não sabia onde ela estava. Uma hora havia passado desde o
combinado e ainda não havia sinal da pessoa. Quando ele estava se direcionando
para atravessar a rua e ir até a delegacia e hospital mais próximos tentar saber
alguma notícia da pessoa, eis que ela aparece. Feliz, atravessou a rua e foi ao
encontro do homem. Desculpou-se pelo atraso, disse que o trânsito estava muito
engarrafado e seu celular havia descarregado. Como se nada tivesse acontecido,
se seu estômago não estivesse em frangalhos, as suas unhas sem pontas, ele
disse que não tinha problema algum. Para falar a verdade, ficou muito aliviado
de vê-la viva. E assim, o homem e sua filha atravessaram a rua e foram
caminhando pela comprida avenida como se nada tivesse acontecido. Naquele
momento, acabou percebendo que nem todos pensam o mesmo sobre pontualidade; uma
dessas pessoas, inclusive, era sua filha, que não via na falta de pontualidade
o fim do mundo. Também percebeu que atrasos deveriam ser perdoados quando
acontecem por conta de imprevistos, coisas incontroláveis – neste caso, o
trânsito. As esperas são eternas enquanto duram; depois de passadas, parecem
não ter existido.
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