segunda-feira, 2 de junho de 2014

A detestável tarefa de ter de esperar

1ª Versão
Por Aluno 18


Ele entrou no café que tinha logo na esquina. Olhou seu relógio e percebeu que estava dez minutos adiantado. Feliz, suspirou aliviado. Se havia algo que deixava aquele homem irritado, era o fato de chegar atrasado a algum compromisso. Para ele, atrasar-se era sinônimo de irresponsabilidade, falta de educação para com a outra pessoa. Depois de conseguir um lugar para sentar, pediu uma xícara de café e uma fatia de bolo. Após terminar sua refeição, olhou no relógio novamente: o horário combinado havia chegado. Sentiu que seu estômago começara a embrulhar, mas respirou fundo e pensou que tecnicamente a pessoa ainda estava no prazo de chegar no horário combinado. Cinco, dez, quinze minutos se passaram e ele permanecia sozinho. Com os dedos batendo impacientemente na mesa, o homem pensou em ligar para a pessoa por quem esperava, porém achou que pareceria muito desesperado. E se aconteceu alguma coisa? Um acidente, por exemplo. Oh meu Deus! Não, isso é loucura. É apenas um atraso e nada mais. Outros quinze minutos passados. E se houve confusão no horário marcado? Mas ela – a pessoa – disse dez horas. Pior: e se ele estivesse no lugar errado? Não, isso era impossível. O endereço combinado era a Cafeteria da esquina da rua x. Olhando de dois em dois segundos para a entrada, o homem começou a pensar que talvez fosse uma brincadeira de mau gosto com ele. E se a pessoa tivesse se atrasado propositalmente? Para o homem, trinta minutos de atraso era algo muito difícil de aguentar. Em sua mente, xingava a pessoa e jurava não marcar nunca mais algum compromisso com ela, pois detestava pessoas irresponsáveis – já que, para ele, atraso era sinônimo de irresponsabilidade. Levantou-se, pagou a conta e foi para a entrada da cafeteria; pelo menos ele poderia avistá-la mais rápido quando chegasse. Caminhando de um lado para o outro, olhando o relógio, resolveu ligar pela primeira vez: sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagem e... E agora? As possibilidades eram muitas, mas apenas uma passava pela mente do homem: aconteceu alguma coisa com ela. Desesperado, começou a roer as unhas. Seu estômago doía. Caminhava de um lado para o outro e já não sabia se sentia raiva ou preocupação com a pessoa.  Ligou pela segunda vez. Mensagem na caixa postal de novo. Agora era oficial – na mente dele: aconteceu algo. Não tinha como se comunicar e não sabia onde ela estava. Uma hora havia passado desde o combinado e ainda não havia sinal da pessoa. Quando ele estava se direcionando para atravessar a rua e ir até a delegacia e hospital mais próximos tentar saber alguma notícia da pessoa, eis que ela aparece. Feliz, atravessou a rua e foi ao encontro do homem. Desculpou-se pelo atraso, disse que o trânsito estava muito engarrafado e seu celular havia descarregado. Como se nada tivesse acontecido, se seu estômago não estivesse em frangalhos, as suas unhas sem pontas, ele disse que não tinha problema algum. Para falar a verdade, ficou muito aliviado de vê-la viva. E assim, o homem e sua filha atravessaram a rua e foram caminhando pela comprida avenida como se nada tivesse acontecido. Naquele momento, acabou percebendo que nem todos pensam o mesmo sobre pontualidade; uma dessas pessoas, inclusive, era sua filha, que não via na falta de pontualidade o fim do mundo. Também percebeu que atrasos deveriam ser perdoados quando acontecem por conta de imprevistos, coisas incontroláveis – neste caso, o trânsito. As esperas são eternas enquanto duram; depois de passadas, parecem não ter existido.

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