quarta-feira, 4 de junho de 2014

Como colocar lentes de contato

Reescrita
Por Aluno 26



            Dentre as mais variadas dificuldades que a maioria das pessoas enfrenta diariamente, nenhuma pode ser tão assombrosa quanto a de quem precisa usar lentes de contato. Podendo escolher entre óculos de grau ou os pequenos objetos gelatinosos, grande parte dos hipermetropes e míopes optam pela estética de um rosto sem acessórios, ficando com as discretas lentes. Entretanto, para que ninguém note suas dificuldades óticas, é inevitável que, todos os dias ao acordar, o pesaroso processo de colocação das lentes aconteça.
Normalmente, a caixinha das lentes de contato localiza-se no banheiro. Mais precisamente, no armarinho ao lado do espelho. Se não conseguir chegar até ela sem tropeçar em nada, nem se bater em nenhuma parede (porque, afinal, ainda não está em posse das lentes), colocar os óculos para ir até o banheiro também é uma ótima opção. Após vencer esta etapa, abre-se a caixinha. E lá estão elas: um par de lentes arredondadas, gelatinosas e molhadas.
Primeiramente, se pega a lente correspondente ao olho esquerdo porque, sabe-se lá o motivo, é menos complicada de colocar do que a do olho direito. Ela escapa várias vezes por entre os dedos até que, enfim, é possível colocá-la na palma da mão, que é onde é feito o teste para saber se ela está do lado certo: flexiona-se a palma e se ela (a lente) dobrar no meio, está correta. Após essa parte, ainda na palma da mão, ela recebe um jato de soro desinfetante para se livrar das impurezas que acumulou enquanto guardada. Quando se acredita que ela se encontra limpa, vem a parte mais difícil que é conseguir equilibrá-la bem na ponta do dedo indicador e levá-la ao olho, enquanto segura-se a pálpebra com a outra mão para que o olho esteja bem aberto. A lente vai se aproximando, se aproximando... Até que se pode sentir aquela estrutura gelada encaixar-se perfeitamente na íris. É possível saber quando o encaixe se efetiva, pois durante o primeiro contato com o olho ela faz um barulho parecido com um “click”.
            Pronto. Agora chega a vez do olho direito. O processo se repete até o momento do “encaixe perfeito” e, então, ao contato com o olho, é de praxe começar a sentir um enorme desconforto, que logo causa ardência e lágrimas. Claro, o olho direito sempre dá problemas. O desespero na hora do sofrimento faz com que os olhos fiquem fechados e nenhuma solução instantânea surge nesse momento. Após longos dois minutos de tortura, depois de passado o desespero maior, vem a solução: retirar a malfeitora. Com o polegar e o indicador, se segura ela dentro do olho – nada de sentimentos de repulsa quanto a isso. Essa parte já foi superada! – e se puxa ela com força para frente. A ardência passa como que instantaneamente e ao olhar para o objeto gelatinoso, pode-se enxergar uma poeirinha resistente que fora brava na hora da lavagem com soro e continuou ali, firme e forte. Essa é a hora da lente tomar seu segundo banho de soro e sofrer todo o processo novamente.

Após a segunda tentativa, normalmente, a lente se encaixa ao olho direito. Secam-se as lágrimas provenientes da ardência, pisca-se umas cinco vezes para ter certeza de que as lentes estão bem firmes nos olhos e admira-se a si mesmo no espelho. Ninguém jamais perceberá (a não ser que o fato seja narrado), que há, ali, objeto tão eficiente, capaz de compensar a falta de visão de alguém. Agora sim, finalmente, seu dia pode começar com nitidez.

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