1ª
Versão
Por Aluno 26
Ao
acordar, me deparo com imagens que às vezes são difíceis de identificar: o
quarto fica todo tremido e mal consigo enxergar o caminho para ir até o
banheiro. Essa dificuldade não se dá apenas por causa do sono, mas também pelos
meus três graus de hipermetropia. É um martírio até chegar a pia do banheiro e
conseguir pegar a caixinha das lentes de contato. Quando abro a caixinha, elas
estão lá: arredondadas, gelatinosas e molhadas.
Primeiramente, pego a
lente correspondente ao olho esquerdo porque, sabe-se lá o motivo, é menos
complicada de colocar do que a do olho direito. Ela escapa várias vezes por
entre os dedos até que, enfim, consigo colocá-la na palma da mão, que é onde faço
o teste para saber se ela está do lado certo: flexiono a palma e se ela (a lente)
dobrar no meio, está correta. Após essa parte, ainda na palma da mão, ela recebe
um jato de soro desinfetante para se livrar das impurezas que acumulou enquanto
guardada. Quando eu acredito que ela se encontra limpa, vem a parte mais
difícil que é conseguir equilibrá-la bem na ponta do dedo indicador e levá-la
ao olho, enquanto seguro a pálpebra com a outra mão para que o olho esteja bem
aberto. A lente vai se aproximando, se aproximando... Até que posso sentir
aquela estrutura gelada encaixar-se (quase) perfeitamente na minha íris. É
possível saber quando o encaixe se efetiva, pois durante o primeiro contato com
o olho ela faz um barulho parecido com um “click”.
Pronto.
Agora chega a vez do olho direito. O processo se repete até o momento do “encaixe
perfeito” e, então, ao contato com o olho começo a sentir um enorme
desconforto, que logo causa ardência e lágrimas. Claro, o olho direito sempre
dá problemas. O desespero na hora do sofrimento faz com que os olhos fiquem
fechados e nenhuma solução instantânea surge nesse momento. Após longos dois
minutos de tortura, depois de passado o desespero maior, vem a solução: retirar
a lente. Com o polegar e o indicador, a seguro dentro do olho – nada de
sentimentos de repulsa quanto a isso. Essa parte já foi superada! – e puxo-a
com força para frente. A ardência passa como que instantaneamente e ao olhar
para o objeto gelatinoso, posso enxergar uma poeirinha resistente que fora
brava na hora da lavagem com soro e continuou ali, firme e forte. Essa é a hora
da lente tomar seu segundo banho de soro e sofrer todo o processo novamente.
Agora sim, finalmente, a minha falta de visão está compensada e meu dia pode
começar com nitidez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário