1ª Versão
Por Aluno 1
Por Aluno 1
À noite, em casa, na rua. De dia, em
casa, na rua. Não importa o lugar, o horário, o tempo.
Ouve-se “clac, clac, clac”. Nesse
momento temos um quadro. Calçada irregular iluminada pelas luzes amareladas da
cidade. É noite. Aproximadamente 23h. Usa um sapato preto de couro, bem lustro.
Deve estar indo a algum lugar. Um pé
após o outro, ritmo apressado. 1-2, 1-2,
1-2.
O par de sapatos para. Um ao lado do outro, mas logo recomeça.
Ao longe, outros pés surgem. Tênis
velho, cadarço desamarrado e um furo no lugar onde fica o dedão. Você julgou
mal, eu sei. Pensou que fosse um ladrão, eu sei.
Esqueci de citar, os pés do sapato
giraram e tornaram a caminhar em direção ao tênis furado. Que não é tênis, é
bota.
Daqui de baixo vejo tudo, todos os
passos dados. Sou tão pequena e quase não notada. Estava situada no meio do
percurso daqueles quatro pés. Do sapato e da bota. O pé levantava, eu via a
sola. Um após o outro os pés ficavam cada vez maiores e barulhentos. “Clac,
clac”. Minhas seis perninhas tremeram.
Olhei para um lado, olhei para o outro.
Sapato, preto, sola marrom, número 40. Bota cinza, velha, desbotada, sola
também marrom, número 36.
Perto de mim, tão perto. Minhas
perninhas tremeram.
Perdi a noção do perigo.
Última vez que vi a sola marrom, número
40. Bem em cima do meu corpinho preto e minúsculo no chão.
Deu tempo de olhar para o lado e ver as
botas paradas. Olhei para cima. O pé. Em cima de mim. 1, 2, 3. Descansou seus
passos ali, e eu descansei minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário