1ª
Versão
Por Aluno 12
Pode ser
que se encontre em um quarto escuro como piche, a ponto de não ser possível ver
as mãos ante o rosto; pode ser que o cômodo esteja apenas pouco iluminado, ou
que não seja muito arejado. São variados os motivos e situações que podem
resultar na necessidade de abrir uma janela, mas a esse ponto não importa mais
como ali chegou, ou porquê. Para fazê-lo, é relevante apenas que se esteja
próximo de uma janela, e que se possa remover tudo o que se encontra entre o
lado de dentro e o que está lá fora.
A dita
fenestra pode estar coberta por persianas, os primeiros obstáculos, e essas por
sí só podem ter diferentes meios para manterem-se fechadas. Algumas possuem
trincos que podem ser abertos, às vezes com um único giro do pulso e outras
vezes necessitam de um trabalho intrincado como a resolução de um cubo mágico para
que finalmente cedam. Outras persianas podem ser abertas por meio de uma
cordinha, que ao puxada faz com que a persiana se enrole – se este for o caso,
deve-se aplicar certa força à corda, tal qual faria alguém que estivesse
passando sede, e puxá-la pudesse erguer o balde de um poço de água. É possível
optar por parar aqui o processo – mas pode ser, também, que se esteja mesmo com
sede: sede de luz, de ar, da visão do exterior.
Nessa fase,
começa-se a saciar essa sede, pois a muralha que impedia a visão do outro lado
terá sido removida e a luz poderá entrar. Talvez se possa observar a poeira
flutuar em luz dourada, se por aquela janela se infiltrarem raios de sol, mas
se o tempo for chuvoso, será possível apostar nas corridas que as gotas de
chuva costumam fazer contra o vidro da janela. À contemplação segue-se a
decisão final: deslizar ou não o vidro para o lado, erguê-lo ou não.
Pode-se por
as mãos sobre o vidro e empurrá-lo para o lado – nele talvez fiquem as marcas
das mãos que o tocaram – e ao transpôr essa barreira transparente para o que
existe do outro lado da janela, convida-se o que quer que esteja lá fora a
entrar. As gotas de chuva poderão vir apostar corrida no assoalho e, o vento,
passear por entre os móveis. Pode-se permitir aos olhos, do lado de dentro que
passeiem do lado de fora, que se deleitem com o desfile de carros, rostos,
cores que o vidro e a persiana ocultavam. Pois quando o interior e o exterior se
misturarem dessa forma, se terá aberto a janela.
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