Reescrita
Aluno 153
A escrita demanda de um processo
lento e gradual que sofre influências desde os primeiros contatos com a mesma.
Ingressei na escrita por volta dos cinco anos devido ao meu interesse precoce
pela leitura. Não lembro o momento exato em que minha mãe iniciou as leituras
infantis para mim e para minha irmã mais velha, porém lembro claramente de
prestar atenção nelas e projetar várias imagens a partir do que eu ouvia. A
contação de histórias não tinha um horário específico para ocorrer, mas era
diária. Foram muitas histórias até que em um determinado momento elas começaram
a diminuir, diminuir, diminuir... Fiquei sem histórias. Minha mãe tinha
retornado aos estudos de um curso superior e seu tempo com as filhas reduziu
muito. Apesar de já saber ler, minha irmã não lia para mim. Eu queria ouvir
histórias novamente, queria de novo todo aquele mundo colorido que eu criava.
Então comecei a pegar os livros e
criar histórias a partir da leitura que fazia das gravuras neles. Como não
mantinha uma história fixa, passei a rabiscar papéis como se aqueles riscos
aleatórios fossem um escrito da história que eu contava. Mostrei minhas
produções para os adultos. Vendo aquela situação, minha mãe resolveu tirar
tempo – provavelmente do sono dela – para começar a me ensinar a escrever.
Primeiro as letras do alfabeto e depois os sons que elas produziam juntas.
Voltava para os meus livros infantis e tentava identificar as palavras
aprendidas. Quando sabia uma sem precisar consultar nenhum material, escrevia
ela em todos os lugares possíveis.
Alguns meses depois entrei na
escola e aprendi a escrever por definitivo. Ao longo dos anos de estudo, fui
aprimorando a escrita e aprendendo mais sobre os gêneros textuais que me eram
solicitados. Desenvolvi grande interesse pelo estudo de línguas e continuei me
dedicando a elas. No segundo ano do ensino médio, tive a oportunidade de
desenvolver um trabalho voluntário no jornal da minha escola. Minha função era
revisar e corrigir os textos a serem publicados. Aprendi um novo gênero textual
e minha relação com a escrita melhorou muito após aquela experiência. Além de
contribuir para
conhecimentos pessoais, o contato extra com uma ferramenta da língua fez
com que eu quisesse aprender mais ainda sobre ela, portanto decidi ingressar no
curso de Letras para que esse aperfeiçoamento ocorresse. Meu processo de
aprendizagem de escrita foi iniciado há aproximadamente quinze anos e
atualmente vejo que não existe um momento para que ele acabe.
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