1 Versão
Aluno 174
Começar a escrever faz parte do
processo no qual estamos submetidos. Pelo menos, na classe social em que estou
inserida no Ocidente do planeta. Cada ser tem um processo para a escrita, porém
a noção do ato de escrever normalmente só chega depois do real aprendizado, é
quando alguém que observa exclama: “Nossa, você está escrevendo!”. A minha
noção só começou nesse momento. Dizem que foi quando eu tinha por volta de três
anos. A memória não me dá outra base para ter certeza, então devo acreditar nos
outros.
A suposta iniciação foi em casa,
na mesa da cozinha, enquanto minha mãe estudava para a faculdade de Letras e eu
tentava copiar os movimentos que ela fazia. Ela me auxiliava a juntar as
sílabas, reconhecer os sons e ver se encaixavam com a figura e eu a ajudava com
a desconcentração no que ela precisava fazer. A real iniciação foi estar
inserida no mundo. Neste que possui letras garrafais nas ruas, propagandas
despejando conteúdo, vitrines coloridas, lojas por todo lado, programas de
televisão e livros, muitos livros, alguns se tornaram os meus de leitura, que
nessa época, porém, me eram lidos.
O meu processo foi conectado a
leitura e eu agradeço até hoje por isso. Minha infância foi muito marcada pela
presença dos livros, eu os preferia às pessoas. Toda essa leitura se tornou
parte da minha escrita. O fato que eu lia bastante me fazia utilizar palavras
que meus colegas nem sabiam que existiam ou que eu normalmente usava palavras
de forma adequada nas situações. Além de uma mania que foi adquirida com o tempo:
escrever a palavra para ver se ela estava escrita corretamente no meu
pensamento, como forma de lembrança das palavras impressas nas páginas dos
livros.
Eu sempre fui conhecida por
escrever algo, poesias para os sarais, pequenos textos para a aula, também fui
sempre incentivada pelos professores, família e colegas. As pessoas gostavam do
que eu escrevia, apesar de muitas vezes eu não gostar, a autocrítica é uma
coisa complicada e necessária. No
processo escolar, mantive esse prazer pela leitura e literatura e isso me
auxiliou na hora de contar histórias mirabolantes ou fazer os trabalhos.
Para a minha pessoa, o escrever
era uma das “liberdades” da minha vida. A liberdade de poder escrever poesias
sobre sentimentos que eu nem havia tido, contar histórias que eu gostaria que
tivessem acontecido, vivenciar um futuro que ainda não estava acontecendo. As
pessoas podiam ler, tentar compreender e me ajudar a melhorar ou simplesmente
ignorar. A segunda opção não me importava muito, eu ficava feliz escrevendo as
minhas historinhas.
Hoje em dia, eu geralmente
escrevo para mim o que me vem a cabeça naquele momento ou algo que eu preciso
fazer que demande da minha escrita. Nada demais, nada de menos. O saber
escrever me ajuda a pensar. Pensar em mim, nas pessoas a minha volta, no mundo.
E isso é bom.
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