Reescrita
Aluno 182
Na ânsia por saber, coloquei
em mente que quanto mais rápido eu aprendesse, mais rápido poderia entender as
palavras que minha amiga escrevia e logo escrever também. A partir de então,
todos os dias, não deixava meus pais em paz até que me ajudassem a aprender
alguma palavra nova. Para mim, era a melhor hora do dia. Para eles, nem tanto,
já que estavam cansados do trabalho e mesmo assim, me ajudavam. Com esforço,
aprendi as primeiras letras. Não podia deixar de demonstrar minha felicidade –
tanto em casa, quanto para a amiga da casa ao lado. Eu havia sido uma das
primeiras da turma a aprender a ler e escrever, já que eu havia feito um grande
esforço para isso. Já não me sentia mais atrasada em relação à minha amiga.
Estava realizada. Essa
experiência muito me ajudou: aos poucos, me interessei mais pelo mundo das
palavras e adentrava cada vez mais nele. Queria ler mais, aprender mais. E foi
assim que, influenciada pela minha mãe – que na época trabalhava muito e quando
não tinha onde me deixar, me levava junto para o trabalho –, eu escrevia
pequenas frases e histórias com ilustrações que eu mesma coloria. Lembro-me de
ficar sentada em uma mesinha branca perto do local onde minha mãe estava e, por
horas, eu ficava muito concentrada. Ao
finalizar, presenteava as pessoas de quem gostava com essas histórias,
orgulhosa por eu mesma tê-las escrito. Para o alívio de minha mãe, essa
atividade me mantinha entretida grande parte do tempo, além de ter ajudado
muito com a melhora da minha escrita e leitura.
Ao escrever esse texto, pude
relembrar saudosamente esses acontecimentos juntamente com “a amiga da casa ao
lado” - que mais de 8 anos depois do fato relatado neste texto, ainda mora na
casa ao lado e faz parte da minha vida. Pude também pensar na importância que
as pessoas citadas tiveram para minha escrita hoje e a
influência que tiveram no meu processo de aprendizagem. Percebo que, embora a
maioria de nós tenha aprendido a escrever mais ou menos da mesma forma, todos
temos peculiaridades a serem relembradas – e estas peculiaridades nos fazem ser
quem somos hoje.
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