Reescrita
Aluno 183
Fui visitar alguns
parentes em agosto de 2015 na cidade de Caxias do Sul. Lá me levaram para
conhecer a praça central da cidade, a praça Dante Alighieri, e logo avistei um
homem, negro, alto, vestindo roupas coloridas e finas para o inverno da serra,
ele vendia algumas bijuterias feitas à mão e então fui olhá-las,
No local já havia duas mulheres, com
aparência de vinte e poucos anos, rindo e passando as bijuterias artesanais sem
nenhum cuidado e depois jogavam-nas de volta para o rapaz, desdenhando daquele
trabalho. Falei para as moças terem cuidado, pois podiam estragar, elas
responderam: “Grande coisa, quem vai querer comprar essas coisas exóticas? Ele
acha que inventando baboseiras sobre essas porcarias vamos gastar nosso
dinheiro nisso, me poupe!” e saíram antes que o rapaz pudesse responder e que
eu pudesse entender o que elas diziam. Ele, com um rosto triste após o
ocorrido, me olhou e disse, me vendo constrangida com a situação, “Tudo bem, já
estou acostumado”, nesse momento percebi pelo sotaque que o rapaz era
estrangeiro e prontamente respondi: “Não dê atenção a o que elas falaram, seus
artesanatos são lindos”, muito diferentes do que costumasse ver nas lojas de
shopping ou lojas do centro da cidade, mas de fato lindos, ele agradeceu meu
elogio, então me senti à vontade para perguntar para ele o que as mulheres
queriam dizer com “inventar baboseiras”, ele respondeu-me que isso aconteceu
porque elas não acreditavam no significados das pedra “Cada uma das pedras dos
colares têm um significado no meu país, e eu expliquei alguns deles para elas e
daí começaram a rir como se o que eu contei fosse mentira”. Fiquei muito
curiosa nesse momento, queria perguntar muitas coisas sobre ele e sobre os
significados dos colares, mas acabei perguntando primeiramente de onde ele
vinha, ele disse que vinha do Senegal e se apresentou como Fela.
Fela começou a me explicar que não o
levavam a sério no Brasil, tudo nele virava motivo de piada. Suas roupas
coloridas, por exemplo, já eram um sinal de que não era daqui e por isso as
pessoas passavam por ele gritando “Volta pro teu país.”, “Vai roubar emprego em
outro lugar.”. Contou-me também, que quando chegava nas pessoas, almejando
conseguir clientes, ia explicando os significados das pedras como curiosidade,
para ver se interessaria a elas, porém diziam a ele muitas vezes: “Isso é
bobagem, rapaz! Não existe nada dessas superstições tuas aí”. Falei que
acreditava no que ele falava e que queria saber os significados das pedras para
escolher alguma para mim, após me mostrar algumas, ele me alcançou um pedra
polida lilás, que tinha como significado amizade e empatia, sugeriu-me que
levasse essa. A essa altura minha família já estava apressada para me mostrar
outros lugares. Comprei o colar, agradeci, disse a ele: “Seu trabalho é lindo,
acredite nele, acredite nas suas crenças e na sua cultura!” e fui embora.
Enquanto comia um lanche e minha família
discutia se alugariam uma casa no Cassino ou em Tramandaí naquele ano, eu
pensava sobre aquela figura que tinha conhecido, Fela, realmente, tinha me
marcado. Eu, na verdade não acreditava nos significados das pedras, mas aquilo
significava muita para ele e para sua cultura, e isso era o mais importante,
pois o valor cultural daquele artesanato era inestimável e entendi que a
realidade de cada pessoas nova que conhecemos é extremamente valorosa.
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