domingo, 18 de junho de 2017

SOBRE BANDEJAS E COSTUMES

Aluno 167
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Já faz algum tempo, uns três anos aproximadamente, que desenvolvi o hábito de passear por shoppings aos finais de semana. Por mais irreal que possa parecer, eu sempre tenho algo a fazer por lá, seja comprar algum livro, uma peça de roupa ou simplesmente passar pela praça de alimentação. E foi nessa última situação que aconteceu o fato que salientarei aqui.
            As praças de alimentação dos shoppings são compostas por vários restaurantes, um ao lado do outro, e várias mesas e cadeiras dispostas pelo ambiente. Cada restaurante possui suas louças e bandejas para entregar as refeições aos clientes e existem vários lugares – como se fossem uns terminais – para colocar esses utensílios usados. Além disso, nessas praças também existem pessoas encarregadas de manter a limpeza do local. Logo, na maioria das vezes, são esses funcionários que recolhem e entregam as bandejas aos seus lugares de origem.
            Eu sempre tive o costume de deixar minha bandeja em um desses terminais para que o funcionário apenas leve ao restaurante de origem. Isso é um hábito que sempre carreguei comigo, pelo mesmo motivo que em casa não deixo meus pratos na mesa para que alguém os retire. Acredito que isso é o princípio da educação.
            No entanto, meu companheiro tinha um pensamento bastante diferente do meu. Ele acreditava que as pessoas que trabalhavam ali estavam sendo pagas para recolher as bandejas das mesas, limpá-las e entregá-las aos seus devidos lugares. Então, quando saíamos para comer era sempre o mesmo dilema: levar ou não levar bandeja? Eu sempre insistia muito porque recusava-me a acreditar que a ideia dele era adequada. E ele, muito contrariado, levou algumas vezes.
            Saímos por mais umas vezes e a tensão do dilema mantinha-se. E, em uma dessas saídas, após muita insistência de minha parte – novamente – ele levou a bandeja até um terminal próximo de onde estávamos. Assim que a largou, uma moça que trabalhava no local olhou para ele com um sorriso no rosto e disse: “muito obrigada, facilita meu trabalho”. Ele ficou surpreso e olhava-me com entusiasmo.
            Depois desse episódio, parei para refletir no quão importante a minha atitude era na vida de alguém. Eu tinha esse comportamento apenas como reflexo do que fazia em casa, uma das faces da educação que recebi. Claro que eu sempre fiz isso pensando em facilitar a vida daqueles que trabalham nesses locais, no entanto, nunca pensei que fosse um ato de real importância já que poucas pessoas fazem isso, acreditava ser algo realmente ínfimo. Como consequência disso, segui levando minha bandeja aos terminais e incentivando quem quer fosse a fazer o mesmo. Se isso torna o trabalho de alguém mais fácil, por que não fazer?

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