sábado, 3 de junho de 2017

Aluno 183
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No início deste ano, quando visitava uma fábrica metalúrgica em Caxias do Sul, conheci Fela, senegalês por volta dos 30 anos. Após alguma conversa ele já foi contando-me porque veio para o Brasil, tudo que passou por aqui e com um desconhecido ajudou-o a sobreviver nesse lugar.
     Fela chegou em 2014, com muitos outros conterrâneos, em Porto Alegre, por causa das dificuldades financeiras que passava no Senegal e das oportunidades de melhora financeira que podia ter no Brasil. Os poucos senegaleses que se dirigiram a Caxias do Sul, entre eles Fela, vendiam, todos os dias, panos de prato no centro da cidade e isso rendia a eles apenas o dinheiro para comer uma refeição no dia, que era muitas vezes sopa de pés de galinhas por ser a única coisa que o dinheiro pagaria.
     Certo dia um casal foi até Fela para comprar alguns panos de prato, após a compra o homem perguntou se Fela não estava com frio, pois só vestia um casaco fino durante o inverno, e ele respondeu com seu português enrolado, que era o que tinha para vestir, o homem perguntou se ele ficava sempre naquele local vendendo, e ele respondeu que sim abanando a cabeça. Após isso o homem saiu, reaparecendo no outro dia com um saco de roupas que deu para Fela e mais dois homens que estavam com ele. Depois conversaram sobre a vida, o tempo, o trabalho e era assim toda vez que Fernando, assim que o homem se apresentou, passava por lá.
     Fernando, então, ofereceu a Fela um emprego temporário de soldador em uma metalúrgica que trabalhava, e ele prontamente aceitou. Após ter passado os meses de emprego temporário Fela foi ficando na fábrica, até que efetivaram ele. Com o salário que recebia, ele começou a se sustentar, mandar dinheiro para família e guardar um pouco para quando quisesse voltar para seu país natal.
    Graças aos gestos de solidariedade de Fernando, Fela e ele cultivam até hoje uma grande amizade. E Fela mudou de ideia e não mais quis voltar para o Senegal, mas trouxe seus filhos e sua esposa para perto dele, sem que ninguém mais passasse por grandes dificuldades financeiras como antes passava ele.

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