Aluno 169
Reescrita
Na infância, entre meus 3 e 6 anos, a escrita para mim, não
era considerada importante. Eu não tinha o entendimento de que, naquela faixa
de idade, eu deveria saber escrever. Pois assim como a maioria das crianças de
mesma idade que eu conhecia, meus interesses se limitavam a brincar no pátio de
casa, pintar livros de colorir e assistir a desenhos animados na televisão,
afinal, essas eram atividades que me proporcionavam diversão.
Quando iniciei a pré-escola, fui apresentado a muitas
novidades no primeiro dia. A principal delas, foi quando tive meu primeiro
contato com o profissional que, a partir daquele momento, seria a entidade
superior que eu mais deveria respeitar a partir de meus pais, o professor;
nesse caso, professora, que foi a responsável por me ensinar as primeiras
letras do alfabeto. Apesar de meu medo inicial, pois era um ambiente no qual eu
ainda não estava acostumado, me senti confortável no final do primeiro dia
pré-escolar, já que meu nervosismo desapareceu após a turma realizar diversas
atividades dinâmicas, em que a interação com os colegas era fundamental para a
adequação naquele primeiro momento no âmbito infantil.
Nessa mesma semana, meu principal aprendizado até aquele
momento acabara de acontecer: fui ensinado a identificar, pronunciar e escrever
as letras do alfabeto. A professora pediu para que todos os alunos tentassem
escrever o primeiro nome de seus pais em seus cadernos, simplesmente usando a
intuição e o nosso ainda pequeno conhecimento, afinal, naquele momento, ainda
não havíamos aprendido a formar sílabas. Me arrisquei iniciando pelo nome de
meu pai. Acertei. Já no de minha mãe, não tive muito sucesso. Eu lembrava de
parte das letras que deveriam ser utilizadas na composição de cada nome, pois,
na geladeira da minha casa, haviam ímãs nomeados com cada integrante da
família, juntamente com uma figura de um personagem de desenho animado os
representando. Infelizmente, nem todas as letras eu consegui lembrar, e outras
eu adicionei sem saber que estavam erradas. Apesar de Artur ter se mantido
Artur, Magda tornou-se Miúda, para o divertimento de minha professora, que
gargalhou tendo ciência do meu inocente equívoco.
A partir desse meu primeiro erro gramatical, eu comecei a
desenvolver um pensamento sobre a importância da escrita. Embora, nessa fase
inicial, eu ainda não soubesse por qual motivo eu deveria saber escrever, eu
tive a certeza de que meu simples erro não deveria voltar a se repetir, mas
poderia fazer com que eu buscasse novos nomes para aprender e fazer da escrita
parte dos meus interesses que me proporcionavam diversão, assim como brincar no
pátio de casa, pintar livros de colorir e assistir a desenhos animados na
televisão.
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