Aluno 152
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Nascida em um ambiente
familiar de atitudes conservadoras, desde cedo, mesmo sem entender o motivo na
época, eu sentia a necessidade de escapar dessa realidade cercada de costumes
tradicionalistas com os quais eu não me identificava. Assim, iniciei um processo
de íntimo envolvimento com as artes relacionadas à literatura, à música e ao
desenho, mergulhei de cabeça em outros universos ficcionais e, por fim,
construí uma morada criativa e individual na qual habito até hoje.
Contudo,
apesar de grande apreciação pelos livros, eu nunca havia
me considerado uma hábil escritora. Influenciada pelas histórias da
mitologia e dos clássicos poetas gregos, quando criança e adolescente, toda vez
que eu necessitava desenvolver um texto, me sentia profundamente frustrada,
pois diferente dos admiráveis poetas, eu não ouvia em meus ouvidos os sopros de
inspiração das Musas para redigir minhas narrativas. Desse modo, por vários
anos possuí uma visão sobre a escrita que seguia um viés negativo, como uma
obrigação, uma necessidade para a sobrevivência no meio escolar, e realizava
essa atividade com pouquíssimo apreço. Os únicos momentos durante minha
experiência de vida que me interessei verdadeiramente pela escrita, era a fim
de expressar meus sentimentos em um diário pessoal, ação que eu não enxergava
como realmente escrever, por conta da liberdade de produção que possuía.
Entretanto, graças ao constante aprimoramento intelectual, e especialmente por
conta do ingresso no ensino superior, pude iniciar a expansão da minha
perspectiva sobre a escrita e compreender que o processo de elaboração textual
não é necessariamente de apenas uma maneira, e sim, que possui uma ampla gama
de possibilidades que ainda não descobri ou explorei.
Portanto,
acredito profundamente que contar o modo que comecei a escrever é diferente de
dizer como aprendi a escrever. Toda a narração que se encontra nos parágrafos
antecedentes é em torno da atividade de “iniciar”, a qual está no passado da
minha trajetória, contudo, relativo ao “aprender”, é uma ação
em andamento. Eu ainda
me encontro aprendendo a redigir
textos com as mais diversas estruturas e para
os variados interlocutores. Assim, tenho a esperança de nunca contar
como “aprendi” e sim, como foi o “progresso do aprendizado da escrita”, que é
mais uma forma de manutenção do meu próprio universo desenvolvido quando
criança sonhadora.
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