quinta-feira, 1 de junho de 2017

Aprender a escrever: uma ação sem fim.

Aluno 152
1 versão


Nascida em um ambiente familiar de atitudes conservadoras, desde cedo, mesmo sem entender o motivo na época, eu sentia a necessidade de escapar dessa realidade cercada de costumes tradicionalistas com os quais eu não me identificava. Assim, iniciei um processo de íntimo envolvimento com as artes relacionadas à literatura, à música e ao desenho, mergulhei de cabeça em outros universos ficcionais e, por fim, construí uma morada criativa e individual na qual habito até hoje.
            Contudo, apesar de grande apreciação pelos livros, eu nunca  havia  me considerado uma hábil escritora. Influenciada pelas histórias da mitologia e dos clássicos poetas gregos, quando criança e adolescente, toda vez que eu necessitava desenvolver um texto, me sentia profundamente frustrada, pois diferente dos admiráveis poetas, eu não ouvia em meus ouvidos os sopros de inspiração das Musas para redigir minhas narrativas. Desse modo, por vários anos possuí uma visão sobre a escrita que seguia um viés negativo, como uma obrigação, uma necessidade para a sobrevivência no meio escolar, e realizava essa atividade com pouquíssimo apreço. Os únicos momentos durante minha experiência de vida que me interessei verdadeiramente pela escrita, era a fim de expressar meus sentimentos em um diário pessoal, ação que eu não enxergava como realmente escrever, por conta da liberdade de produção que possuía. Entretanto, graças ao constante aprimoramento intelectual, e especialmente por conta do ingresso no ensino superior, pude iniciar a expansão da minha perspectiva sobre a escrita e compreender que o processo de elaboração textual não é necessariamente de apenas uma maneira, e sim, que possui uma ampla gama de possibilidades que ainda não descobri ou explorei.
            Portanto, acredito profundamente que contar o modo que comecei a escrever é diferente de dizer como aprendi a escrever. Toda a narração que se encontra nos parágrafos antecedentes é em torno da atividade de “iniciar”, a qual está no passado da minha trajetória, contudo, relativo ao “aprender”,  é uma ação  em andamento. Eu ainda

me encontro aprendendo a redigir textos com as mais diversas estruturas e para  os variados interlocutores. Assim, tenho a esperança de nunca contar como “aprendi” e sim, como foi o “progresso do aprendizado da escrita”, que é mais uma forma de manutenção do meu próprio universo desenvolvido quando criança sonhadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário