Reescrita
Aluno 184
Textos de formato
clássico, tal como este, nunca atraíram tanto a minha atenção, por algum
motivo. Sempre invejei um pouco (não nego) pessoas que gostavam de os escrever
e os escreviam bem, pois por algum motivo nunca me achei um bom escritor.
Claro, textinhos de colégio eu me dava bem "disserte sobre o tema
tal...", moleza. Agora era só me darem um tema mais aberto como por
exemplo "Como comecei a escrever" e eu nunca senti ter capacidade,
ou, pelo menos, facilidade de produzir um texto bom.
Porém esse mesmo eu sempre teve dois sonhos: escrever um
livro e escrever poesia (claro, um livro pode ser de poesia. Mas vocês entendem
o que eu quero dizer...). Mais especificamente, sonetos. Nunca me veio "a
grande ideia" para um livro; nem para a poesia, mas foi nesse mar que me
joguei e afundei como pedra.
Se é preciso apontar um ponto de origem, diria que foi
com minha professora que na quinta série inscreveu todos os alunos da turma num
concurso de poesia, o qual não lembro se era do colégio, do bairro ou etc. Sei
que ganhei com o poema "Orvalho da Manhã". Pura bobagem o poema,
exceto de que escrevi para minha "crush" da quinta série (nunca
contei pra ela isso). Desde então me foquei em tentar escrever poemas em geral,
mas nunca gostava da idéia. Ou melhor, da execução da idéia. Foi então que a
professora do ensino médio disse um vez que garotas adoravam sonetistas, e isso
o suficiente para um garoto de quinze anos de idade querer se meter a sonetista
né. Lá fui eu.
Escreve, apaga, reescreve, odeia, arranca a folha,
repete. Basicamente era esse o processo. A cada tentativa, mudavam-se as
palavras do poema, cada vez mais miraculantes as frases que se formavam e o
sentido dentro de pouco tempo se perdia, eis onde eu via falha na execução. As
rimas até saíam, o sentido estava ali, eu só não achava o suficiente, tinha que
ser sonoro, estupendo, maravalhoso, soberbo.
Um dia saiu um poema que (acredito) guardo até hoje,
"Albatroz" o nome. Dei esse nome pois albatroz é o pássaro que dizem
voar mais alto, e em todo meu egocentrismo, me dizia ser esse albatroz. Hoje
penso que escreveria uma continuação: "Ícaro", o homem que voou alto
demais no céu e caiu ao mar para o seu fim. Também hoje, talvez pela maturidade
e por ter começado a ler mais esse tipo de produção textual como Leminski,
Carlos Drummond, Edgar Allan Poe, entre outros, consigo escrever poemas
melhores - não necessariamente sonetos. O último que escrevi se chama
"Caronte", remetendo ao barqueiro que atravessa as almas pelo rio
Styx no submundo.
Se hoje sou Albatroz, Ícaro ou Caronte, eu não sei.
Talvez Ulisses, pois perdido, vou aprendendo a escrever, porém talvez seja a
escrita que vá aprendendo com o caminho
trilhado.
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