quinta-feira, 1 de junho de 2017

A Escrita de Ulisses

Reescrita
Aluno 184


Textos de formato clássico, tal como este, nunca atraíram tanto a minha atenção, por algum motivo. Sempre invejei um pouco (não nego) pessoas que gostavam de os escrever e os escreviam bem, pois por algum motivo nunca me achei um bom escritor. Claro, textinhos de colégio eu me dava bem "disserte sobre o tema tal...", moleza. Agora era só me darem um tema mais aberto como por exemplo "Como comecei a escrever" e eu nunca senti ter capacidade, ou, pelo menos, facilidade de produzir um texto bom.
            Porém esse mesmo eu sempre teve dois sonhos: escrever um livro e escrever poesia (claro, um livro pode ser de poesia. Mas vocês entendem o que eu quero dizer...). Mais especificamente, sonetos. Nunca me veio "a grande ideia" para um livro; nem para a poesia, mas foi nesse mar que me joguei e afundei como pedra.
            Se é preciso apontar um ponto de origem, diria que foi com minha professora que na quinta série inscreveu todos os alunos da turma num concurso de poesia, o qual não lembro se era do colégio, do bairro ou etc. Sei que ganhei com o poema "Orvalho da Manhã". Pura bobagem o poema, exceto de que escrevi para minha "crush" da quinta série (nunca contei pra ela isso). Desde então me foquei em tentar escrever poemas em geral, mas nunca gostava da idéia. Ou melhor, da execução da idéia. Foi então que a professora do ensino médio disse um vez que garotas adoravam sonetistas, e isso o suficiente para um garoto de quinze anos de idade querer se meter a sonetista né. Lá fui eu.
            Escreve, apaga, reescreve, odeia, arranca a folha, repete. Basicamente era esse o processo. A cada tentativa, mudavam-se as palavras do poema, cada vez mais miraculantes as frases que se formavam e o sentido dentro de pouco tempo se perdia, eis onde eu via falha na execução. As rimas até saíam, o sentido estava ali, eu só não achava o suficiente, tinha que ser sonoro, estupendo, maravalhoso, soberbo.
            Um dia saiu um poema que (acredito) guardo até hoje, "Albatroz" o nome. Dei esse nome pois albatroz é o pássaro que dizem voar mais alto, e em todo meu egocentrismo, me dizia ser esse albatroz. Hoje penso que escreveria uma continuação: "Ícaro", o homem que voou alto demais no céu e caiu ao mar para o seu fim. Também hoje, talvez pela maturidade e por ter começado a ler mais esse tipo de produção textual como Leminski, Carlos Drummond, Edgar Allan Poe, entre outros, consigo escrever poemas melhores - não necessariamente sonetos. O último que escrevi se chama "Caronte", remetendo ao barqueiro que atravessa as almas pelo rio Styx no submundo.
            Se hoje sou Albatroz, Ícaro ou Caronte, eu não sei. Talvez Ulisses, pois perdido, vou aprendendo a escrever, porém talvez seja a escrita que vá aprendendo com o caminho  trilhado.

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